Sabe o que é a
narcolepsia? Sim? Então parabéns, porque há muito profissional de cães que não
faz ideia nenhuma do que se trata e deveria saber, que ao olhar para o termo, poderá
imaginar estar ligado a cães drogados ou à sua participação no combate ao narcotráfico.
E como a ignorância é imaginativa, ainda há quem jure que os cães usados na
detecção de drogas, para serem bons, têm que tornar-se toxicodependentes
(quanto tempo durariam e quem lhes suportaria as ressacas?). A narcolepsia, que
se estende também aos humanos, é uma doença neurológica que induz os cães a uma
sonolência diurna excessiva, falta de energia ou breves perdas de consciência,
cujos episódios são breves e desaparecem por si mesmos (de alguns segundos a 30
minutos), que poderão acontecer quando os cães estão a comer, brincar, trabalhar
e mesmo a copular, podendo também acontecer em momentos de grande emoção. Na
ocorrência de um episódio de narcolepsia, que para todos os efeitos é uma
perturbação do sono e uma dissonia, o cão cai repentinamente em sono profundo
como se estivesse na sua fase REM, mexendo os olhos por debaixo das pálpebras
fechadas e mantendo-se consciente de si mesmo e do que se passa ao seu redor.
Virá a acordar desse estado por estímulos externos, quando despertado por sons
mais altos ou carícias. A narcolepsia pode ser acompanhada e geralmente é por
cataplexia (afecção que é caracterizada por paralisia muscular súbita sem perca
de consciência).
A narcolepsia tem como
causas provadas a desordem nervosa e a hereditariedade, ainda que possa estar
relacionada com o sistema imunológico dos animais, sendo hereditária nas
seguintes raças: Dachshund, Dobermann, Labrador e Poodle.
Maiores explicações serão dadas pelo veterinário do seu cão, a quem caberá
fazer o diagnóstico e o tratamento para reduzir a frequência destes episódios.
Quando um cão entra em narcolepsia importa que o despertemos à voz e com
carícias, tendo o cuidado de o proteger ao levantar-se, porque sai estremunhado
e trôpego, podendo aleijar-se em terrenos irregulares ou rodeados de utensílios
e obstáculos passíveis de lhe causar dano. Quando um cão cai subitamente em
narcolepsia, parece fulminado por um ataque cardíaco, muito embora nos
episódios da primeira permaneça com o corpo mole e a rigidez corporal esteja associada
ao segundo, para além do pormenor dos olhos, que nos episódios de narcolepsia
estão fechados (como se estivesse a dormir) e no segundo caso tendem a ficar
vidrados (sem movimento). Mais, um cão narcoléptico respira normalmente e não
esperneia quando afectado pela doença, enquanto o sujeito a um ataque cardíaco,
quando debaixo do seu efeito, tende a entrar em convulsão e a apresentar
dificuldades respiratórias. A narcolepsia canina pode manifestar-se desde tenra
idade, ainda que nos dois primeiros meses de vida seja pouco perceptível,
porque os cachorros passam a vida a dormir.
Dos milhares de cães que
nos couberam, nenhum apresentou sintomas ou episódios desta doença, o que não
invalida que ainda algum nos caia em mãos. Quando resgatados das ruas, os cães narcolépticos
dificilmente largarão os centros de acolhimento, a menos que se encubra o seu
problema. A doença não é fatal mas requer cuidados no seu recobro. Por estas e
por outras, endogamia não, obrigado, porque a doença está a estender-se a
outras raças que ainda se encontram sujeitas a este rudimentar e nefasto
processo de selecção.
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