Aproveitando o nome do
novo programa televisivo da SIC Notícias “E
SE FOSSE CONSIGO?”, rubrica que promete fazer furor, trazemos
para os nossos leitores um caso real, acontecido recentemente em Inglaterra e
fazemos-lhes a mesma pergunta. No passado dia 06 de Março, numa das ruas de Stockport,
Greater Manchester/UK, quando se encontrava a passear o seu Boxer Branco, um
proprietário canino viu-se confrontado com dois Pastores Alemães, que aparecendo
de surpresa, decidiram atacar o pobre do Boxer, ferindo-o repetidas vezes. No
meio da aflição e sem saber como agir, aquele dono ficou sem reacção, vindo a
ser socorrido por 6 cidadãos (transeuntes), que munidos de vassouras e de uma
cadeira, se predispuseram a afastar aqueles cães, apesar de não conseguirem
neutralizar de imediato os seus ataques, que se repetiriam por várias vezes. A
cena foi gravada pela camera duma senhora aflita e aos gritos, pedindo a quem a
ouvisse que lhe ligassem para o “999” (número de emergência idêntico ao nosso
112) ou para a polícia. Como existe essa possibilidade, aconselhamos os nossos
leitores a assistirem ao vídeo do ocorrido, à sua disposição em www.mirror.co.uk/all-about/dogs,
no subtítulo “Horrifying dog attack caught on camera as 6 men drag
loose German shepherds from family pet”, o que lhes permitirá tomar
contacto directo com a situação, perguntando-lhes em simultâneo o que fariam
naquelas circunstâncias, muito embora o nosso objectivo seja o de prepará-los
para uma eventualidade destas (vejam primeiro o vídeo).
Pelo que nos é dado a
observar pelo vídeo, o dono do cão agredido “pôs-se a jeito”, não esboçando
qualquer manobra capaz de defender o animal e de travar a sua agressão,
tampouco de empreender uma fuga que garantisse a sua protecção ou de encontrar
para ele algum resguardo. Os cães agressores, apesar dos comentários escritos e
dos constantes no filme, não eram por demais violentos e nem estavam aptos para
carregar sobre pessoas, ainda que carentes de sociabilização, porque um dos
transeuntes conseguiu agarrar o mais decidido e não sofrer qualquer tipo de
resposta ou contra-ataque, não respondendo nenhum às cadeiradas de que foram
alvo. Pela manobra dos pastores contacta-se que se encontravam amatilhados e
que um deles era por demais submisso, já que fazia ataques de surtida e fugia.
O receio que evidenciava era comum à maioria dos seus opositores, em número
três vezes superior e sem disso tirar vantagem, despropósito que ao servir de
estímulo, contribuiu para a retomada daquelas agressões, que aconteceram repetidas
vezes, o que demonstra o seu despreparo, ausência de decisão, de sangue-frio e de
experiência, tudo isto comprovado pelos meios e modo com os usaram. Como
procederiam os nossos leitores naquelas circunstâncias?
Vamos primeiro ao que
competia ao dono do cão ou ao seu “dog handler”, que nada fez para proteger o
seu companheiro. Pelo que as imagens revelam, existe um portão e um muro no
passeio do lado esquerdo, abrigo mais que suficiente para operar o seu
resguardo, caso pegasse no cão ao colo e o escondesse naquele quintal. Na
eventualidade do portão se encontrar fechado, poderia projectar o animal por
cima do muro lá para dentro, porque sendo baixo, da queda não lhe resultariam lesões
graves; caso aquela entrada não tivesse porta, deveria o dono colocá-lo dentro
do quintal e interpor-se na entrada entre a vítima e os seus agressores,
ocultação que promoveria o desinteresse dos pastores alemães pela resistência oferecida.
Os populares que acorreram em seu auxílio, muitos mas de pouco préstimo, não
sabendo e não tendo como imobilizar ou travar aqueles cães, deveriam ter feito
um círculo protector em torno do cão visado, colocando-o no seu interior,
impedindo assim as arremetidas dos agressores, escorraçando-os e promovendo a
sua cessação. A falta de outras soluções e privado de ajuda deveria o dog
handler ter soltado o cão, facilitando desse modo a sua autodefesa, uma vez que
mantê-lo atrelado é colocá-lo em manifesta desvantagem. E se isso fizesse, poderia
servir-se da trela como arma e reforçar a defesa do agredido, ainda que esta
solução acarretasse riscos pela proximidade da estrada.
Em eventualidades como
esta, apesar de ninguém o querer, o proprietário de um cão é um “street fighter”,
porque ao sair à rua não sabe aquilo que o espera. Ao avaliarmos friamente o
ocorrido, chegamos à conclusão que aqueles pastores, não sendo potencialmente
perigosos, ainda que assim considerados à luz da Lei pela natureza dos seus
actos, eram de fácil desarme e passíveis de serem ludibriados sem maiores
riscos (esperamos que não venham a ser abatidos e que o seu proprietário seja devidamente
penalizado). Neste caso concreto, estamos também na presença de um episódio de incompatibilidade
somática, sabendo que o díspar mimetismo das duas raças em questão opera automaticamente
picardias como esta, que são históricas e que tendem a perpetuar-se. Além disso
e para agravo da situação, sabendo-se que facilmente dois Pastores Alemães,
mesmo desconhecidos um do outro, constituem-se em matilha contra um terceiro
cão, somaticamente diferente e para eles mal compreendido, a eclosão do problema não pode desligar-se deste facto. Não obstante, qualquer um deles
poderia ter sido agarrado pela coleira ou pelo pescoço e ter sido afastado
dali.
Aconselhamos os nossos leitores,
ao saírem à rua com os seus cães, que considerem a ocorrência de situações como
esta, precavendo-se e escolhendo percursos que mais garantias ofereçam à sua
evacuação, resguardo e defesa. Caso optem por frequentar uma escola canina com
eles, é de todo conveniente, caso tenham essa possibilidade, que assistam e até
participem das aulas destinadas aos cães de guarda, onde poderão ver os seus
distintos modos de ataque e como se opera a sua defesa e desarme, já que a
situação que aqui analisámos só foi “Horrifying” pelo despreparo dos seus
intervenientes humanos. Acautele-se (“ponha-se a pau”, como diz o saloio) pois
o mal não acontece só aos outros!
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