domingo, 17 de abril de 2016

E SE FOSSE CONSIGO (6 CONTRA 2)?

Aproveitando o nome do novo programa televisivo da SIC Notícias “E SE FOSSE CONSIGO?”, rubrica que promete fazer furor, trazemos para os nossos leitores um caso real, acontecido recentemente em Inglaterra e fazemos-lhes a mesma pergunta. No passado dia 06 de Março, numa das ruas de Stockport, Greater Manchester/UK, quando se encontrava a passear o seu Boxer Branco, um proprietário canino viu-se confrontado com dois Pastores Alemães, que aparecendo de surpresa, decidiram atacar o pobre do Boxer, ferindo-o repetidas vezes. No meio da aflição e sem saber como agir, aquele dono ficou sem reacção, vindo a ser socorrido por 6 cidadãos (transeuntes), que munidos de vassouras e de uma cadeira, se predispuseram a afastar aqueles cães, apesar de não conseguirem neutralizar de imediato os seus ataques, que se repetiriam por várias vezes. A cena foi gravada pela camera duma senhora aflita e aos gritos, pedindo a quem a ouvisse que lhe ligassem para o “999” (número de emergência idêntico ao nosso 112) ou para a polícia. Como existe essa possibilidade, aconselhamos os nossos leitores a assistirem ao vídeo do ocorrido, à sua disposição em www.mirror.co.uk/all-about/dogs, no subtítulo “Horrifying dog attack caught on camera as 6 men drag loose German shepherds from family pet”, o que lhes permitirá tomar contacto directo com a situação, perguntando-lhes em simultâneo o que fariam naquelas circunstâncias, muito embora o nosso objectivo seja o de prepará-los para uma eventualidade destas (vejam primeiro o vídeo).
Pelo que nos é dado a observar pelo vídeo, o dono do cão agredido “pôs-se a jeito”, não esboçando qualquer manobra capaz de defender o animal e de travar a sua agressão, tampouco de empreender uma fuga que garantisse a sua protecção ou de encontrar para ele algum resguardo. Os cães agressores, apesar dos comentários escritos e dos constantes no filme, não eram por demais violentos e nem estavam aptos para carregar sobre pessoas, ainda que carentes de sociabilização, porque um dos transeuntes conseguiu agarrar o mais decidido e não sofrer qualquer tipo de resposta ou contra-ataque, não respondendo nenhum às cadeiradas de que foram alvo. Pela manobra dos pastores contacta-se que se encontravam amatilhados e que um deles era por demais submisso, já que fazia ataques de surtida e fugia. O receio que evidenciava era comum à maioria dos seus opositores, em número três vezes superior e sem disso tirar vantagem, despropósito que ao servir de estímulo, contribuiu para a retomada daquelas agressões, que aconteceram repetidas vezes, o que demonstra o seu despreparo, ausência de decisão, de sangue-frio e de experiência, tudo isto comprovado pelos meios e modo com os usaram. Como procederiam os nossos leitores naquelas circunstâncias?
Vamos primeiro ao que competia ao dono do cão ou ao seu “dog handler”, que nada fez para proteger o seu companheiro. Pelo que as imagens revelam, existe um portão e um muro no passeio do lado esquerdo, abrigo mais que suficiente para operar o seu resguardo, caso pegasse no cão ao colo e o escondesse naquele quintal. Na eventualidade do portão se encontrar fechado, poderia projectar o animal por cima do muro lá para dentro, porque sendo baixo, da queda não lhe resultariam lesões graves; caso aquela entrada não tivesse porta, deveria o dono colocá-lo dentro do quintal e interpor-se na entrada entre a vítima e os seus agressores, ocultação que promoveria o desinteresse dos pastores alemães pela resistência oferecida. Os populares que acorreram em seu auxílio, muitos mas de pouco préstimo, não sabendo e não tendo como imobilizar ou travar aqueles cães, deveriam ter feito um círculo protector em torno do cão visado, colocando-o no seu interior, impedindo assim as arremetidas dos agressores, escorraçando-os e promovendo a sua cessação. A falta de outras soluções e privado de ajuda deveria o dog handler ter soltado o cão, facilitando desse modo a sua autodefesa, uma vez que mantê-lo atrelado é colocá-lo em manifesta desvantagem. E se isso fizesse, poderia servir-se da trela como arma e reforçar a defesa do agredido, ainda que esta solução acarretasse riscos pela proximidade da estrada.
Em eventualidades como esta, apesar de ninguém o querer, o proprietário de um cão é um “street fighter”, porque ao sair à rua não sabe aquilo que o espera. Ao avaliarmos friamente o ocorrido, chegamos à conclusão que aqueles pastores, não sendo potencialmente perigosos, ainda que assim considerados à luz da Lei pela natureza dos seus actos, eram de fácil desarme e passíveis de serem ludibriados sem maiores riscos (esperamos que não venham a ser abatidos e que o seu proprietário seja devidamente penalizado). Neste caso concreto, estamos também na presença de um episódio de incompatibilidade somática, sabendo que o díspar mimetismo das duas raças em questão opera automaticamente picardias como esta, que são históricas e que tendem a perpetuar-se. Além disso e para agravo da situação, sabendo-se que facilmente dois Pastores Alemães, mesmo desconhecidos um do outro, constituem-se em matilha contra um terceiro cão, somaticamente diferente e para eles mal compreendido, a eclosão do problema não pode desligar-se deste facto. Não obstante, qualquer um deles poderia ter sido agarrado pela coleira ou pelo pescoço e ter sido afastado dali.
Aconselhamos os nossos leitores, ao saírem à rua com os seus cães, que considerem a ocorrência de situações como esta, precavendo-se e escolhendo percursos que mais garantias ofereçam  à sua evacuação, resguardo e defesa. Caso optem por frequentar uma escola canina com eles, é de todo conveniente, caso tenham essa possibilidade, que assistam e até participem das aulas destinadas aos cães de guarda, onde poderão ver os seus distintos modos de ataque e como se opera a sua defesa e desarme, já que a situação que aqui analisámos só foi “Horrifying” pelo despreparo dos seus intervenientes humanos. Acautele-se (“ponha-se a pau”, como diz o saloio) pois o mal não acontece só aos outros!

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