terça-feira, 19 de abril de 2016

NOVO VOCABULÁRIO CINOTÉCNICO: ODOROLOGIE/ ODOROLOGY

Parece-nos que o vocábulo inglês “odorology” e o seu correspondente francês “odorologie”, ainda não têm correspondência na língua portuguesa, que provavelmente virá ser “odorologia” (isto dizemos nós), por se tratar da “ciência dos odores”. Odorologie/odorology é uma técnica que utiliza cães especialmente treinados para identificar o odor humano nas investigações policiais, no intuito de determinar se um indivíduo esteve presente na cena do crime, sendo por isso um complemento forense. Não obstante, ainda não existe qualquer norma internacional que regule o treino destes cães, que desde há muito são usados para esse fim, ajudando em muito os investigadores, apesar da sua certificação não ter sido até agora considerada como elemento de prova.
No “Centre de Recherche en Neurosciences de Lyon (CNRS)”, da Universidade Claude Bernard Lyon 1 (França), investigadores especializados em odores e na sua memorização analisaram os dados fornecidos pela Divisão da Polícia Técnica e Científica (DTSP, Ecully) desde 2003 sobre as performances dos cães em tarefas de identificação de odores. Segundo os resultados que obtiveram, os cães destinados a essa tarefa, depois de treinados durante 24 meses, foram capazes de identificar o odor do indivíduo certo em 85% dos casos e nunca o confundiram com outro, conclusões que validam os procedimentos actualmente em uso e que deverão convencer a comunidade internacional acerca da fiabilidade deste método.
Durante o treino básico, os pastores alemães e belgas da polícia (foram estes os testados) aprendem a combinar dois odores do mesmo indivíduo mediante tarefas cada vez mais complexas. Até ao términos do seu adestramento específico, os animais farejam um odor humano de referência e em seguida terão que identificá-lo entre cinco odores humanos diferentes. Perante o seu acerto e ao deitarem junto do frasco certo, os cães são recompensados com uma guloseima ou com uma brincadeira do seu agrado. Os odores humanos usados são recolhidos através dum objecto que uma pessoa tenha tocado ou directamente do seu odor. Apesar dos 24 meses de treino serem necessárias para que os animais atinjam performances estáveis e óptimas, logo a metade do treino (aos 12 meses), os cães já não cometem erros de identificação, não confundindo o odor de uma pessoa com o de outra. Como o treino propicia o aumento da sua sensibilidade olfactiva, o seu acerto ronda os 85%. Os 15% de insucesso verificados não ficaram a dever-se aos cães mas à má qualidade das amostras. Conclui-se também que os Pastores Alemães obtiveram melhores prestações que os Belgas por serem mais disciplinados e atentos (outra coisa não seria de esperar).
Ao concluírem a sua habilitação, os cães tornam-se capazes de participar em processos criminais e receberão formação contínua ao longo da vida. Na prática, cada teste de identificação é confirmado no mínimo por dois cães, cabendo a cada um dois ensaios bem-sucedidos com o mesmo odor, que lhe é dado a inalar no início da tarefa ou num dos frascos que o cão irá farejar. Entre 2003 e 2016, estes cães foram utilizados em 522 casos e ajudaram a resolver 162 deles. Como as amostras de referência nestes casos tinham sido depositadas algumas horas ou dias atrás, os pesquisadores pretendem agora que os cães detectem odores mais antigos, amostras que poderão ser guardadas em locais próprios ao longo dos anos. O presente estudo é um desafio para as escolas caninas, já que com relativa facilidade conseguirão habilitar os seus cães nesta área, fazendo dela um jogo e complemento, trabalho descontraído ao seu alcance e muito do seu agrado.

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