Recebemos
ontem um email da Rita Nabais, que já deverá ser arquitecta, dirigido ao editor
deste blogue, conhecida entre nós pela “Rita
do Bolt”, que por ser muito extenso não o publicaremos na íntegra. Começa
assim: “Espero que não se importe que lhe esteja a enviar um email. Depois de
ter ficado sem telemóvel e, consequentemente, sem o meu número habitual,
dirigi-me várias vezes a (…) para pormos a conversa em dia. Só depois percebi
que também já não andava por lá. Desde já, espero que se encontre bem! Apesar
da distância nunca me esqueço de si. Nem o meu cão mo deixava! O ano em que
frequentei a Acendura Brava foi sem dúvida um dos melhores anos dos meus
humildes 25. Não só porque estava finalmente a saber lidar com o meu Bolt, como
também estava a aprender muito sobre uma espécie que toda a vida me fascinou: o
cão. E por isso, estou-lhe genuinamente grata. Como sabe, mesmo quando deixei a
escola, tentei ao máximo continuar com os hábitos de treino, nomeadamente o
andar e o junto. Era raro o dia em que não cumpria os 5km diários com o meu
parceiro. E ele feliz da vida! Até conseguimos reunir um grupo de binómios para
nos acompanhar todos os dias, depois de jantar. Já lá vão 3 anos e ainda hoje
esse hábito continua. No entanto, numa versão adaptada”.
O Bolt é um Whippet, agora
com seis anos e são dele as fotografias que ilustram este artigo, um pequeno
lebrel, frágil, tímido e muito dedicado à dona, que lamentavelmente não foi
acompanhado como deveria ter sido na sua fase de crescimento, sendo por norma
atrito a lesões de difícil recuperação (fracturas inclusive). Ultimamente, como
fez saber a sua dona, viu-se a braços com uma hérnia discal, que para além da
incapacidade provocada, fê-lo passar de 14 para 8.5 kg. Pensou-se o pior e o
panorama não era animador, as opiniões dos veterinários consultados eram
contraditórias: uns inclinavam-se para a operação e outros descartavam essa
hipótese pelo risco. Depois de 4 internamentos num espaço de 15 dias,
finalmente começou a recuperar, saindo do último internamento pelo seu próprio
pé e sem apoios, sendo ainda capaz de fazer as necessidades sozinho. Os
medicamentos que lhe foram aplicados quase lhe deram cabo do estômago e hoje o
seu peso ronda o que sempre teve. Actualmente encontra-se a recuperar num
centro de reabilitação animal.
No seguimento do email,
diz a sua dona: “… já não pode fazer o exercício que fazia mas consegue levar
uma vida de qualidade. As caminhadas passaram de 5 km para 2,5 km e as corridas
são moderadas consoante o conforto em que se encontra nessa semana. Continua a
acompanhar-me para todo o lado e quando o mando ficar quieto ou em andamento se
lhe digo ''troca'', fica todo animado e sai a trotar com passadas mais abertas …
A perna esquerda ficou um bocado afectada, pois houve nervos que foram
estrangulados com a explosão da hérnia. Mas cá estamos! Não podemos parar de
trabalhar mas enquanto eu puder, de tudo farei para que ele esteja sempre bem”.
Que elações podemos tirar
deste email? Como são várias não as abraçaremos todas, mas destacaremos as que
nos parecem mais prementes. A que mais sobressai é o amor da dona pelo cão,
porque nunca desistiu dele e tudo faz para melhorar a sua qualidade de vida, no
que está de parabéns apesar de ser sua obrigação (há quem não a cumpra e não se
sinta constrangido). A segunda, advinda da que acabámos de destacar, aponta
para a necessidade de se ouvirem vários pareceres clínicos sobre a terapia a
aplicar aos nossos cães nas situações mais graves. Destaca-se também a
necessidade, por vezes a sorte, de se encontrar um veterinário apto para
acompanhar o fase de crescimento dos cachorros, porque se ela for descuidada, os
cães terão menor qualidade de vida e andarão sempre a correr para os
consultórios veterinários. E por último, o apego aos procedimentos escolares
aprendidos na escola pela Rita, que os mantém para reforçar a unidade binomial e
garantir o código que possibilita a mútua comunicação e o estabelecimento das rotinas inerentes à sã coabitação de ambos. À parte disto e pessoalmente,
agradeço à dona do Bolt as palavras elogiosas, que sendo para mim um incentivo,
dão-me alento para ir adiante nos momentos em que me sinto mais frágil ou
abatido, até porque não são só os cães que precisam de carinho. ”Em frente” miúda, adorei
ter sido teu mestre. Valeu a pena!
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