quarta-feira, 20 de abril de 2016

A RITA DO BOLT

Recebemos ontem um email da Rita Nabais, que já deverá ser arquitecta, dirigido ao editor deste blogue, conhecida entre nós  pela “Rita do Bolt”, que por ser muito extenso não o publicaremos na íntegra. Começa assim: “Espero que não se importe que lhe esteja a enviar um email. Depois de ter ficado sem telemóvel e, consequentemente, sem o meu número habitual, dirigi-me várias vezes a (…) para pormos a conversa em dia. Só depois percebi que também já não andava por lá. Desde já, espero que se encontre bem! Apesar da distância nunca me esqueço de si. Nem o meu cão mo deixava! O ano em que frequentei a Acendura Brava foi sem dúvida um dos melhores anos dos meus humildes 25. Não só porque estava finalmente a saber lidar com o meu Bolt, como também estava a aprender muito sobre uma espécie que toda a vida me fascinou: o cão. E por isso, estou-lhe genuinamente grata. Como sabe, mesmo quando deixei a escola, tentei ao máximo continuar com os hábitos de treino, nomeadamente o andar e o junto. Era raro o dia em que não cumpria os 5km diários com o meu parceiro. E ele feliz da vida! Até conseguimos reunir um grupo de binómios para nos acompanhar todos os dias, depois de jantar. Já lá vão 3 anos e ainda hoje esse hábito continua. No entanto, numa versão adaptada”.
O Bolt é um Whippet, agora com seis anos e são dele as fotografias que ilustram este artigo, um pequeno lebrel, frágil, tímido e muito dedicado à dona, que lamentavelmente não foi acompanhado como deveria ter sido na sua fase de crescimento, sendo por norma atrito a lesões de difícil recuperação (fracturas inclusive). Ultimamente, como fez saber a sua dona, viu-se a braços com uma hérnia discal, que para além da incapacidade provocada, fê-lo passar de 14 para 8.5 kg. Pensou-se o pior e o panorama não era animador, as opiniões dos veterinários consultados eram contraditórias: uns inclinavam-se para a operação e outros descartavam essa hipótese pelo risco. Depois de 4 internamentos num espaço de 15 dias, finalmente começou a recuperar, saindo do último internamento pelo seu próprio pé e sem apoios, sendo ainda capaz de fazer as necessidades sozinho. Os medicamentos que lhe foram aplicados quase lhe deram cabo do estômago e hoje o seu peso ronda o que sempre teve. Actualmente encontra-se a recuperar num centro de reabilitação animal.
No seguimento do email, diz a sua dona: “… já não pode fazer o exercício que fazia mas consegue levar uma vida de qualidade. As caminhadas passaram de 5 km para 2,5 km e as corridas são moderadas consoante o conforto em que se encontra nessa semana. Continua a acompanhar-me para todo o lado e quando o mando ficar quieto ou em andamento se lhe digo ''troca'', fica todo animado e sai a trotar com passadas mais abertas … A perna esquerda ficou um bocado afectada, pois houve nervos que foram estrangulados com a explosão da hérnia. Mas cá estamos! Não podemos parar de trabalhar mas enquanto eu puder, de tudo farei para que ele esteja sempre bem”.
Que elações podemos tirar deste email? Como são várias não as abraçaremos todas, mas destacaremos as que nos parecem mais prementes. A que mais sobressai é o amor da dona pelo cão, porque nunca desistiu dele e tudo faz para melhorar a sua qualidade de vida, no que está de parabéns apesar de ser sua obrigação (há quem não a cumpra e não se sinta constrangido). A segunda, advinda da que acabámos de destacar, aponta para a necessidade de se ouvirem vários pareceres clínicos sobre a terapia a aplicar aos nossos cães nas situações mais graves. Destaca-se também a necessidade, por vezes a sorte, de se encontrar um veterinário apto para acompanhar o fase de crescimento dos cachorros, porque se ela for descuidada, os cães terão menor qualidade de vida e andarão sempre a correr para os consultórios veterinários. E por último, o apego aos procedimentos escolares aprendidos na escola pela Rita, que os mantém para reforçar a unidade binomial e garantir o código que possibilita a mútua comunicação e o estabelecimento das rotinas inerentes à sã coabitação de ambos. À parte disto e pessoalmente, agradeço à dona do Bolt as palavras elogiosas, que sendo para mim um incentivo, dão-me alento para ir adiante nos momentos em que me sinto mais frágil ou abatido, até porque não são só os cães que precisam de carinho. ”Em frente” miúda, adorei ter sido teu mestre. Valeu a pena!

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