Os chineses vendem tudo
por todo o lado, excepto cães, talvez porque alguns deles os comam. Como já
aconteceu em tantas outras coisas, no dia em que acordarem para a canicultura,
depressa dominarão também esse mercado, porque não lhes falta variedade e
qualidade dentro das suas enormes fronteiras. Hoje vamos falar do pequeno
grande Cão Chinês de Chongqing, pequeno de tamanho e grande de valentia – um guarda
de trazer ao colo. Mas antes de nos debruçar sobre ele, somos obrigados a
reconhecer a enormíssima ignorância que mantemos acerca dos cães orientais,
muitos deles na origem dos cães ocidentais, mercê das rotas da seda, da
expansão do Império Otomano e mais recentemente do domínio da Royal Navy por
aqueles mares, presença ali constante desde os finais do Século XVI até à
primeira metade do Século XX, transportando e prestando-se de sobremaneira aos
diversos investigadores que nos trouxeram notáveis avanços científicos.
O nome do cão é advindo da
Cidade chinesa de Chongqing, situada na região sudoeste daquele País. Consta-se
que a origem da raça remonta à Dinastia Han (206 AC – 220 DC), portanto há
mais de 2000 anos, mantendo-se até hoje quase inalterável. O número de exemplares
é diminuto e remete-se à área geográfica acima citada, nomeadamente nas
comunidades rurais, facto a que não foi alheio o estabelecimento da República
Popular da China ocorrido em 1949, que concorreu drasticamente para a sua
redução, tornando-o quase raro.
Alguns cinófilos
descrevem-no, no que à sua apresentação diz respeito, como uma simbiose entre o
Ridgeback e o Bulldog, o que olhando para as fotos não nos parece totalmente
descabido. Este cão foi originalmente usado como caçador polivalente, já que
tanto caçava coelhos como javalis, sendo actualmente empregue na defesa das
famílias e dos seus pertences, porque é tremendamente dedicado ao seus donos e
zeloso dos seus haveres.
Como protector da família,
o Chongqing não se agrada facilmente de estranhos, podendo atacá-los
deliberadamente ou se sentir neles algum medo ou receio. Contudo, os estranhos
são respeitados quando os donos se encontram presentes. Com fortes instintos de
caça e de presa, a sua sociabilização irá exigir alguns cuidados, tanto com
cães como com outros animais, porque é simultaneamente competitivo e
territorial, pelo que se aconselha ser sociabilizado deste tenra idade com os
animais com quem irá coabitar, para que mais tarde os considere como membros do
seu grupo e haveres dos seus donos. Normalmente, do confronto entre um
Chongqing e outro cão sempre resultam terríveis danos no segundo, já que este
cão chinês avança decidido, nunca se rende e só aceita a vitória.
Cão rústico, maioritariamente
vermelho e de pelo curto, de orelhas erectas, sempre activo, resistente,
combativo, extremamente musculado e de pele elástica, apresenta também
dimorfismo sexual (os machos medem entre 40 a 50 cm e pesam de 20 a 25 kg; as
fêmeas medem de 35 a 40 cm e pesam entre 15 a 20 kg). Como cão caçador que é,
reclama por exercício diário, não sendo o companheiro ideal para ficar fechado horas
infindas dentro de um apartamento.
Como nunca foi e não tem
sido objecto de endogamia, o Chongqing tem
uma esperança média de vida de 18 anos para ambos os sexos. Também não
exige cuidados especiais, porque é naturalmente saudável, não apresentando as
maleitas tornadas comuns nos cães ocidentais. Eventualmente, alguns exemplares
poderão vir a ter problemas de pele, facto que fica a dever-se ao seu fino
revestimento. Como prevenção aconselha-se diariamente na sua higiene o uso da
luva de borracha, já que os restantes acessórios do trem de limpeza canino são
nele perfeitamente dispensáveis e até nocivos. O Chongqing tem tudo para vencer
e convencer, só falta os chineses acordarem para ele!
Sem comentários:
Enviar um comentário