terça-feira, 5 de abril de 2016

O PEQUENO GRANDE CHONGQING

Os chineses vendem tudo por todo o lado, excepto cães, talvez porque alguns deles os comam. Como já aconteceu em tantas outras coisas, no dia em que acordarem para a canicultura, depressa dominarão também esse mercado, porque não lhes falta variedade e qualidade dentro das suas enormes fronteiras. Hoje vamos falar do pequeno grande Cão Chinês de Chongqing, pequeno de tamanho e grande de valentia – um guarda de trazer ao colo. Mas antes de nos debruçar sobre ele, somos obrigados a reconhecer a enormíssima ignorância que mantemos acerca dos cães orientais, muitos deles na origem dos cães ocidentais, mercê das rotas da seda, da expansão do Império Otomano e mais recentemente do domínio da Royal Navy por aqueles mares, presença ali constante desde os finais do Século XVI até à primeira metade do Século XX, transportando e prestando-se de sobremaneira aos diversos investigadores que nos trouxeram notáveis avanços científicos.
O nome do cão é advindo da Cidade chinesa de Chongqing, situada na região sudoeste daquele País. Consta-se que a origem da raça remonta à Dinastia Han (206 AC – 220 DC), portanto há mais de 2000 anos, mantendo-se até hoje quase inalterável. O número de exemplares é diminuto e remete-se à área geográfica acima citada, nomeadamente nas comunidades rurais, facto a que não foi alheio o estabelecimento da República Popular da China ocorrido em 1949, que concorreu drasticamente para a sua redução, tornando-o quase raro.
Alguns cinófilos descrevem-no, no que à sua apresentação diz respeito, como uma simbiose entre o Ridgeback e o Bulldog, o que olhando para as fotos não nos parece totalmente descabido. Este cão foi originalmente usado como caçador polivalente, já que tanto caçava coelhos como javalis, sendo actualmente empregue na defesa das famílias e dos seus pertences, porque é tremendamente dedicado ao seus donos e zeloso dos seus haveres.
Como protector da família, o Chongqing não se agrada facilmente de estranhos, podendo atacá-los deliberadamente ou se sentir neles algum medo ou receio. Contudo, os estranhos são respeitados quando os donos se encontram presentes. Com fortes instintos de caça e de presa, a sua sociabilização irá exigir alguns cuidados, tanto com cães como com outros animais, porque é simultaneamente competitivo e territorial, pelo que se aconselha ser sociabilizado deste tenra idade com os animais com quem irá coabitar, para que mais tarde os considere como membros do seu grupo e haveres dos seus donos. Normalmente, do confronto entre um Chongqing e outro cão sempre resultam terríveis danos no segundo, já que este cão chinês avança decidido, nunca se rende e só aceita a vitória.
Cão rústico, maioritariamente vermelho e de pelo curto, de orelhas erectas, sempre activo, resistente, combativo, extremamente musculado e de pele elástica, apresenta também dimorfismo sexual (os machos medem entre 40 a 50 cm e pesam de 20 a 25 kg; as fêmeas medem de 35 a 40 cm e pesam entre 15 a 20 kg). Como cão caçador que é, reclama por exercício diário, não sendo o companheiro ideal para ficar fechado horas infindas dentro de um apartamento.
Como nunca foi e não tem sido objecto de endogamia, o Chongqing tem uma esperança média de vida de 18 anos para ambos os sexos. Também não exige cuidados especiais, porque é naturalmente saudável, não apresentando as maleitas tornadas comuns nos cães ocidentais. Eventualmente, alguns exemplares poderão vir a ter problemas de pele, facto que fica a dever-se ao seu fino revestimento. Como prevenção aconselha-se diariamente na sua higiene o uso da luva de borracha, já que os restantes acessórios do trem de limpeza canino são nele perfeitamente dispensáveis e até nocivos. O Chongqing tem tudo para vencer e convencer, só falta os chineses acordarem para ele!

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