terça-feira, 19 de abril de 2016

PASTORES ALEMÃES DO ARCO-DA-VELHA

Na foto acima podemos ver uma ninhada de Pastores Alemães com uma curiosidade: o cachorro ao alto apresenta manchas brancas desde o pescoço até aos genitais. O pai da ninhada é negro e a mãe é lobeira. Será que é produto de mestiçagem? Teriam havido cópulas sucedâneas e a cadela ter sido também fecundada por um segundo cão? Estaremos na presença dum fenótipo? Poderá ser aquele cachorro puro? Sim, pode ser puro se não resultar doutras circunstâncias, já que o mesmo nos sucedeu em idêntico beneficiamento, apesar de não havermos registado os dois cachorros que nasceram como essa apresentação. O surgimento de cães assim, apesar de raro, é mais comum nos beneficiamentos negro-lobeiro cinzento (o mais antigo que tem a pele branca e cuja evolução pigmentária é tardia). Hoje a ocorrência de cachorros assim é quase impossível, porque os lobeiros actuais, sendo mais vermelhos, nascem com a pigmentação já definida, transmitindo à sua prole a mesma característica.
A que fica a dever-se a presença de cachorros destes nas ninhadas? Ao particular dos lobeiros utilizados como reprodutores e ao seu beneficiamento com os negros, variedade recessiva que quando cruzada com a lobeira tende a gerar cachorros negros com manchas brancas no peito e nas patas, por vezes até na ponta da cauda, ainda que possam desaparecer até ao 1 ano de idade se não forem demasiado grandes, retornando depois na velhice. Negros e lobeiros, enquanto cães na origem da raça, são contemporâneos dos brancos que com eles a estabeleceram, possuindo assim maior percentual de sangue branco que o actual preto-afogueado, variedade cromática que o tem vindo a suprimir. Acresce o facto dos lobeiros acima citados contribuírem decisivamente para a despigmentação das restantes variedades cromáticas. Por estas razões e outras, entendemos como certa a opção pela dominância do preto-afogueado.
Cachorros como estes não deverão ser registados porque atentam contra o estalão da raça e muitos menos usados como reprodutores, a menos que procuremos “pastores alemães panda”, retrocesso e despropósito que nada adiantariam à raça e que mais a comprometeriam. Ao invés, quer sejam dados ou vendidos por um preço simbólico, deverão ser castrados para evitar a sua proliferação. Obrigatoriamente, os seus irmãos nascidos dentro do estalão, deverão ser beneficiados com preto-afogueado (capa preta no Brasil) e os seus descendentes também, o que nem sempre acontece, para lhes garantir a pigmentação aceite. Assim, os progenitores destes cachorros jamais deverão ser convidados para se beneficiarem mutuamente, até porque a qualidade laboral dos seus filhotes não aumenta com a proliferação da cor branca, sendo por norma mais desatentos e menos curiosos, mais carentes de protecção do que protectores (sobressaem excepções ligadas as impulsos herdados que estão para além da cor dos indivíduos). Os lobeiros cinzentos deverão ser sempre beneficiados com preto-afogueado se quisermos livrar-nos de cachorros destes, beneficiamento que garantirá a proliferação da variedade sem as abusivas pinceladas de branco. Pastores alemães do Arco-da-Velha? Não. Obrigado.

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