Na foto acima podemos ver
uma ninhada de Pastores Alemães com uma curiosidade: o cachorro ao alto
apresenta manchas brancas desde o pescoço até aos genitais. O pai da ninhada é
negro e a mãe é lobeira. Será que é produto de mestiçagem? Teriam havido
cópulas sucedâneas e a cadela ter sido também fecundada por um segundo cão?
Estaremos na presença dum fenótipo? Poderá ser aquele cachorro puro? Sim, pode
ser puro se não resultar doutras circunstâncias, já que o mesmo nos sucedeu em
idêntico beneficiamento, apesar de não havermos registado os dois cachorros que
nasceram como essa apresentação. O surgimento de cães assim, apesar de raro, é
mais comum nos beneficiamentos negro-lobeiro cinzento (o mais antigo que tem a
pele branca e cuja evolução pigmentária é tardia). Hoje a ocorrência de
cachorros assim é quase impossível, porque os lobeiros actuais, sendo mais
vermelhos, nascem com a pigmentação já definida, transmitindo à sua prole a mesma característica.
A que fica a dever-se a
presença de cachorros destes nas ninhadas? Ao particular dos lobeiros
utilizados como reprodutores e ao seu beneficiamento com os negros, variedade
recessiva que quando cruzada com a lobeira tende a gerar cachorros negros com
manchas brancas no peito e nas patas, por vezes até na ponta da cauda, ainda que possam desaparecer até ao 1 ano
de idade se não forem demasiado grandes, retornando depois na velhice. Negros e
lobeiros, enquanto cães na origem da raça, são contemporâneos dos brancos que
com eles a estabeleceram, possuindo assim maior percentual de sangue branco que
o actual preto-afogueado, variedade cromática que o tem vindo a suprimir.
Acresce o facto dos lobeiros acima citados contribuírem decisivamente para a
despigmentação das restantes variedades cromáticas. Por estas razões e outras,
entendemos como certa a opção pela dominância do preto-afogueado.
Cachorros como estes não
deverão ser registados porque atentam contra o estalão da raça e muitos menos
usados como reprodutores, a menos que procuremos “pastores alemães panda”, retrocesso
e despropósito que nada adiantariam à raça e que mais a comprometeriam. Ao
invés, quer sejam dados ou vendidos por um preço simbólico, deverão ser
castrados para evitar a sua proliferação. Obrigatoriamente, os seus irmãos
nascidos dentro do estalão, deverão ser beneficiados com preto-afogueado (capa
preta no Brasil) e os seus descendentes também, o que nem sempre acontece, para
lhes garantir a pigmentação aceite. Assim, os progenitores destes cachorros jamais deverão ser convidados para se beneficiarem mutuamente,
até porque a qualidade laboral dos seus filhotes não aumenta com a proliferação
da cor branca, sendo por norma mais desatentos e menos curiosos, mais carentes
de protecção do que protectores (sobressaem excepções ligadas as impulsos
herdados que estão para além da cor dos indivíduos). Os lobeiros cinzentos deverão
ser sempre beneficiados com preto-afogueado se quisermos livrar-nos
de cachorros destes, beneficiamento que garantirá a proliferação da variedade
sem as abusivas pinceladas de branco. Pastores alemães do Arco-da-Velha? Não.
Obrigado.
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