quinta-feira, 14 de abril de 2016

NÓS POR CÁ: “É PREFERÍVEL MORRER A LUTAR DO QUE VIVER A FUGIR”

Estas são palavras do defunto lutador português de MMA João “Rafeiro” Carvalho, de 28 anos, que fez a sua estreia internacional no National Boxing Stadium em Dublin/Irlanda do Norte, no passado Sábado, ao defrontar Charlie “The Hospital” Ward, sendo derrotado por KO técnico e saindo da peleja em muito mau estado. Viria morrer na Segunda-feira depois de ter sido sujeito a uma intervenção cirúrgica cerebral. A confirmar-se que a sua morte resultou daquele combate, o que não deve ser difícil, sobe para cinco o número de mortos resultante daquela modalidade de “vale tudo”. Atendendo à sua idade, circunstâncias da sua morte e aos dois filhos menores que cá deixou, lamentamos profundamente o seu desaparecimento prematuro, apesar de ter morrido como disse preferir, quiçá por julgar que isso não lhe sucederia, porque quem luta fá-lo para vencer e não para morrer, entendendo-se a morte como uma possibilidade remota.
Eu não conheço nenhum exército no mundo que não tenha um “toque de retirada” e muitas das fugas empreendidas no campo de batalha são estratégicas, procuram anular desvantagens, reagrupar e encontrar vantagens, para além de se prestarem à anulação da desnecessária perca de vidas, revelando-se assim uma opção inteligente. Quando a morte é certa, pôr-se a jeito ou apressá-la é puro suicídio (mais facilmente aceitaríamos o desejo de um moribundo sem esperanças de vida). E apanhar bordoada até cair, sem hipóteses de defesa e dar resposta, é deixar-se matar, coisa de tolos e uma profunda cobardia para quem o faz, cobardia a que nem os animais se prestam, obrigados pelo instinto de sobrevivência, a menos que sejam iludidos ou induzidos para isso. Não estamos a falar do caso do tristemente falecido lutador português de MMA mas do trabalho a que se encontram sujeitos os cães destinados à guarda, quando às mãos dos figurantes, porque também estes deverão ensiná-los a ataques de surpresa, a procurar vantagem, a desarmar os seus agressores, a desviar-se dos golpes e até a pôr-se em fuga, quando for imperativo, porque doutro modo estarão a condená-los à morte.
Ainda que um cão se veja sujeito a impactar alguns golpes e a ripostar, em simultâneo, deve aprender a desviar-se daqueles passíveis de lhe causar maior dano ou ser-lhe fatais, incumbências dos figurantes que são pagos para isso, pois ameaçá-lo ou aplicar-lhe somente golpes com o stick/bastão, o que não lhe causa dolo algum, é prepará-lo para sucumbir às mãos de qualquer meliante pela ilusão experimentada, uma vez que a sua vantagem no confronto directo com um humano sempre dependerá da sua preparação específica, algo urgente, necessário e bem para além do show. Caso estes cães se pudessem manifestar e soubessem o risco que correm, certamente prefeririam fugir do que morrer (os seus donos também). Por tudo isto, um bom figurante, por mais bem pago que seja, não tem preço.   

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