Estas são palavras do
defunto lutador português de MMA João “Rafeiro” Carvalho, de 28 anos, que fez a
sua estreia internacional no National Boxing Stadium em Dublin/Irlanda do
Norte, no passado Sábado, ao defrontar Charlie “The Hospital” Ward, sendo
derrotado por KO técnico e saindo da peleja em muito mau estado. Viria morrer
na Segunda-feira depois de ter sido sujeito a uma intervenção cirúrgica
cerebral. A confirmar-se que a sua morte resultou daquele combate, o que não
deve ser difícil, sobe para cinco o número de mortos resultante daquela
modalidade de “vale tudo”. Atendendo à sua idade, circunstâncias da sua morte e
aos dois filhos menores que cá deixou, lamentamos profundamente o seu desaparecimento
prematuro, apesar de ter morrido como disse preferir, quiçá por julgar que isso
não lhe sucederia, porque quem luta fá-lo para vencer e não para morrer,
entendendo-se a morte como uma possibilidade remota.
Eu não conheço nenhum
exército no mundo que não tenha um “toque de retirada” e muitas das fugas empreendidas
no campo de batalha são estratégicas, procuram anular desvantagens, reagrupar e
encontrar vantagens, para além de se prestarem à anulação da desnecessária
perca de vidas, revelando-se assim uma opção inteligente. Quando a morte é
certa, pôr-se a jeito ou apressá-la é puro suicídio (mais facilmente
aceitaríamos o desejo de um moribundo sem esperanças de vida). E apanhar
bordoada até cair, sem hipóteses de defesa e dar resposta, é deixar-se matar, coisa de tolos e
uma profunda cobardia para quem o faz, cobardia a que nem os animais se
prestam, obrigados pelo instinto de sobrevivência, a menos que sejam iludidos
ou induzidos para isso. Não estamos a falar do caso do tristemente falecido
lutador português de MMA mas do trabalho a que se encontram sujeitos os cães
destinados à guarda, quando às mãos dos figurantes, porque também estes deverão ensiná-los a ataques de surpresa, a procurar vantagem, a desarmar os seus
agressores, a desviar-se dos golpes e até a pôr-se em fuga, quando for imperativo,
porque doutro modo estarão a condená-los à morte.
Ainda que um cão se veja sujeito
a impactar alguns golpes e a ripostar, em simultâneo, deve aprender a desviar-se
daqueles passíveis de lhe causar maior dano ou ser-lhe fatais, incumbências dos
figurantes que são pagos para isso, pois ameaçá-lo ou aplicar-lhe somente
golpes com o stick/bastão, o que não lhe causa dolo algum, é prepará-lo para
sucumbir às mãos de qualquer meliante pela ilusão experimentada, uma vez que a
sua vantagem no confronto directo com um humano sempre dependerá da sua
preparação específica, algo urgente, necessário e bem para além do show. Caso estes
cães se pudessem manifestar e soubessem o risco que correm, certamente prefeririam
fugir do que morrer (os seus donos também). Por tudo isto, um bom figurante,
por mais bem pago que seja, não tem preço.
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