segunda-feira, 11 de abril de 2016

CHAPA 33

Remetendo-me só a Portugal, eu não sei quantas pessoas morreram sem falta de assistência, quantos gostariam de ser eutanasiados e pôr fim ao seu sofrimento, quantos se suicidaram, quantas crianças foram para a escola em jejum, quantos nada têm em casa para comer e quantos idosos estão sem medicamentos, mas sei pelos números oficiais divulgados pelo Ministério da Agricultura, através da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e hoje badalados pelos meios de comunicação social, que no ano passado foram abatidos 12.000 cães e gatos, numa média de 33 por dia, número que as associações dedicadas aos animais refutam, apontando para um total de 100.000 (não devem estar muito enganadas).
Mais depressa resolveremos os problemas de cães e gatos que os dramas humanos e, se o problema dos animais ainda não teve a solução esperada, é porque também ainda não encontrámos solução para os dos homens. Penso e espero não estar enganado, que dentro em breve os cães deixarão de ser abatidos nos canis terminais e que finalmente os cães errantes desaparecerão, atendendo às campanhas de castração, a uma maior sensibilização das populações, ao que já se passa na vizinha Espanha e à nova Lei que ontem entrou em vigor na Região Autónoma da Madeira, que proíbe e considera como crime o abate destes animais. Lei que a Sociedade Protectora dos Animais Domésticos do Funchal acusa de ser prematura, pouco pensada e populista, porque prevê que os animais, depois recolhidos e esterilizados, caso ninguém os adopte, voltem para as ruas! Não obstante, estão a Madeira e os madeirenses de parabéns, porque deram um passo em frente em prol dos animais, quiçá também pela influência dos turistas, porque onde há “camones” não se vende pichelim.
Neste combate diário e constante contra o abandono e morte dos animais, há que tirar o chapéu ao trabalho desenvolvido pelas muitas associações que se dedicam à recolha de cães e gatos, porque contrariamente ao que sucedia há algumas décadas atrás, hoje é raro ver-se um cão abandonado a deambular pela via pública, realidade inversamente proporcional ao número de animais adoptados (seria igualmente muito bom se houvessem associações para a recolha de sem-abrigos, muito embora saiba que muitos não se agradariam da ideia). Afortunadamente não tardará o dia em que cães e gatos deixarão de ser abatidos, infelizmente mais demorará aquele em que os homens deixarão de abandoná-los.

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