Alguns portugueses parecem
possuir os vícios da ancestral nobreza lusa, que outrora à frente de
territórios e capitanias além-mar, eram mais dados as prazeres da vida do que
ao empreendimento, contrastando nisso com ingleses e holandeses, que de
imediato formavam companhias e transformavam as suas feitorias em entrepostos
comerciais. E se há portugueses assim, a maior parte deles estará na
canicultura e na cinotecnia, porque se uns criam cães para gozo próprio, os
outros treinam-nos para futilidades e conforme lhes dá na gana. Morreu
recentemente com 12 anos de idade, o Terra Nova “WHIZZ”, que foi condecorado a
título póstumo pela sua prestação no salvamento, por haver salvado no Reino
Unido 9 pessoas e 1 Setter de morrerem afogados, enquanto membro da “The Severn
Area Rescue Association and Marine Volunteer Service”, associação de
voluntários que trabalha em conjunto com a Royal Navy Rescue.
Com 200 milhas náuticas
marítimas de zona económica exclusiva (ZEE), Portugal é 97% mar, para além de
possuir rios extensos e caudalosos, onde sobram praias fluviais, algumas delas bastantes
traiçoeiras e nem sempre vigiadas, ainda que apelativas. Não obstante, exceptuando
um adestrador que por carolice a isso se dedica, não se vêem cães treinados
para salvamento dentro de água, apesar de sempre aparecerem nos centros caninos
Terra Novas para adestrar, cães que devido ao seu tamanho, peso, docilidade e
presença de membranas interdigitais são próprios para esse ofício. E como um
mal nunca vem só e a miséria é uma bola de neve embalada pela ignorância,
raríssimas são as escolas caninas que têm uma piscina à disposição dos animais
ou que os levem ao mar e aos rios para que ali aprendam a nadar, o que é sua
obrigação, uma vez que nem todos os indivíduos e raças nadam satisfatoriamente,
correndo o risco de se afogarem.
Nos tempos que correm,
fartos em informação e com viagens baratas para todo o lado, tanto de avião
como de comboio, o que impedirá os nossos adestradores, caso não o possam fazer
aqui, de se deslocarem à Espanha, à França ou ao Reino Unido e se
especializarem também no salvamento dentro de água? Somente o desrespeito pelos
cães e o apego ao comodismo! O nosso
litoral seria mais seguro se tivéssemos não um WHIZZ mas vários WIZZIES por cá,
que tanta falta nos fazem. Como “whizz” significa em língua inglesa “zumbido”,
zumbimos agora a quem nos quiser ouvir e queira andar para a frente.
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