Sempre
ouvi dizer, não sei se com razão ou não, que “de médico e de louco todos temos
um pouco”, a verdade é que sempre gostei de maças bravo-de-Esmolfe, pera rocha,
cerejas e romãs (já cá não está que me
trazia as primeiras que apareciam e que levou com ela os mimos que me dava,
descansa em paz Beatriz Alice que breve nos reencontraremos). Adianta-se para
os menos versados em fruta, que a maça bravo-de-Esmolfe é genuinamente
portuguesa, da região de Esmolfe, Penalva do Castelo, na Beira Alta, ao que
parece com “Denominação de Origem Protegida” (DOP) pela União Europeia.
Trata-se de uma maça outrora outonal, macia, perfumada, de sabor único e
intenso, com a qual se faz um bolo de maça divinal. Eu não a troco por nada e
quando a não tenho, conformo-me com a reineta que não é bem a mesma coisa.
Outras não como, sejam espanholas ou doutros lados, mando-as comer a quem as
produz, porque sabem a água e água temos nós muita em Portugal.
Segundo
os investigadores da Escola Superior de Saúde Egas Moniz (será que ainda cá
estão todos ou já emigraram alguns?), a maior instituição privada de ensino
superior em Portugal dedicada ao ensino superior na área da saúde, “as maçãs da
variedade Bravo Esmolfe, a mais produzida na Beira Interior, têm propriedades
fitoquímicas que ajudam o organismo humano a prevenir diversos cancros”, sendo
esta é a conclusão mais importante retirada do denominado “Projecto 930”. Para
além dos investigadores da Escola Superior de Saúde Egas Moniz, participaram
ainda neste estudo a Cooperativa Agrícola de Mangualde, o Ministério da
Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, através da Direcção
Regional de Agricultura e Pescas do Centro, o Instituto de Biologia
Experimental e Tecnológica (IBET), da Faculdade de Farmácia da Universidade de
Lisboa (FF/UL) e a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira
Interior, que durante vários meses estudaram as propriedades fitoquímicas e as
fibras das maçãs de variedades regionais das Beiras e de cultivares exóticas e os
seus benefícios para a saúde, apresentando as suas conclusões no passado dia 31
de Janeiro na Faculdade de Ciências da Saúde da UBI, na sessão de encerramento
do Programa Agro.
Agostinho
de Carvalho professor no Instituto Egas Moniz adianta que “as análises
preliminares da maçã Bravo Esmolfe sugeriram que este fruto apresenta uma
grande concentração em compostos bioactivos (polifenóis e fibras) e um elevado
poder antioxidantes, podendo por isso ter características de alimento funcional,
quer dizer, revelar influência positiva na prevenção de determinadas
patologias, nomeadamente alguns tipos de cancros e doenças cardiovasculares”. Catarina
Duarte, investigadora do IBET, adiantou que a variedade Bravo Esmolfe, é a que
apresenta melhores características na influência positiva”, existindo, todavia,
outras variedades “com resultados bastante positivos” e que “em comparação com
as variedades exóticas, as maças regionais em estudo (Bravo Esmolfe, Pêro Pipo
e Malápio da Serra) apresentam maiores actividades antioxidante e biológica,
evidenciando desta forma características de produtos funcionais” (se eu não
tivesse maçãs Bravo Esmolfe em casa, saía já à rua a comprá-las!).
Dito
isto, é chegada a hora de falar dos cães que comem fruta, que obviamente deverão
ser convidados a comer Maçã Bravo Esmolfe, no que deverão ser acompanhados
pelos donos considerando os benefícios para a saúde de ambos, procedimento que
pode enquadrar-se naquilo que entendemos por medicina preventiva, sabendo-se da
maior incidência de vários tipos de cancro sobre homens e cães. Fica o
conselho, oxalá alguém nos oiça. De igual modo aconselhamos os nossos leitores
estrangeiros cujos cães gostam de fruta, a escolherem
aquelas que maiores benefícios oferecem para a saúde dos seus fiéis amigos.
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