As quatro acções constantes
no título deste texto nortearam os nossos trabalhos matinais no passado Sábado.
A serra foi o ecossistema escolhido para o desenvolvimento das tarefas e a
chuva não nos incomodou. Os cachorros na idade da cópia estão a evoluir segundo
o esperado e espera-se que atinjam o índice médio-alto de aproveitamento quando
chegaram à idade adulta. Começámos os trabalhos com a prática da obediência
dinâmica, desta vez socorrendo-nos de máscaras faciais a pensar na prevenção
contra o vírus COVID-19, na eventualidade de virem a ser necessárias, já que a
sociabilização canina é uma das nossas prioridades e andamos no meio de muita
gente.
A integração dos cachorros
na classe escolar tem acontecido sem delongas, porque um deles vive entre os
cães adultos que são seus companheiros na escola e outro tem cumprido as
tarefas adiantadas pelo Quadro de Crescimento Funcional. A Cuia, a cachorra
Rafeiro Alentejano, também com 4 meses de idade, devido à sua natureza dócil e
género, tem abraçado com alegria os desafios que lhe são propostos,
integrando-se confiante na matilha espontânea e heterogénea escolar.
Conhecedores do carácter
anti-social presente em grande número dos Cães de Fila de São Miguel e
querendo-os para outros propósitos, sempre iniciamos as aulas dos nossos pelos
“10 Minutos de Relax”, para que sociabilizem com os demais cães e não se venham
a antagonizar com tudo e todos, o que facilmente acontecerá se não tivermos
este cuidado.
Valendo-nos de umas mesas
e bancos de piquenique, por sinal já bastante degradadas, agora que os
cachorros já conseguem saltar naturalmente 60 cm de altura, convidámo-los a
transpor bancos e mesas, o que aconteceu sem qualquer dificuldade. Na foto
seguinte vemos o binómio José António/Doc na saída de uma das mesas (o
adiantamento do condutor em relação ao cachorro e a ausência de tensão na trela
mostram que o José António está a evoluir na técnica de condução).
Confiante, radiante e com
menos “jarrete de vaca”, a Cuia entrou decidida aos obstáculos, com uma
naturalidade que a todos espantou e com desejo de fazer mais. A evolução desta
cachorra tem sido espantosa e a sua morfologia altera-se para melhor de semana
para semana.
Há que dar mérito à
Svetlana, porque de um jeito ou de outro, é ela quem diariamente trata, cuida,
passeia e treina os cães da Família Mendonça. Não obstante, ainda a incumbiram
de treinar mais um cachorro, o Vlad, que graças a esta moldava está a vencer os
jogos e os desafios propostos.
O cachorro Doc, o Fila
vermelho do José António, é um animal meigo e ao mesmo tempo curioso, que além de
um apetite voraz, já intenta usar os dentes para outras tarefas (o irmão de
ninhada não lhe fica atrás). Calçado de branco nas quatro patas, o que lhe dá
graciosidade na marcha, o Doc é a verdadeira sombra do seu condutor. Na foto seguinte
vemo-lo a reparar que lhe falta um banco na frente.
Enquanto a pequenada
descansava, o Afonso evoluiu para o trabalho específico por conta própria e foi
pôr a “Nasha” a cruzar com o auxílio de um brinquedo, muito embora o tenha
feito demasiado dobrado, como se tivesse sido acometido naquele instante por
algum desarranjo intestinal que o estava a deixar de rastos.
Depois de esclarecido e
auxiliado, melhorou substancialmente a sua postura e facilitou o trabalho à
cadela, até ali sujeita ao seu desnecessário impacto visual. Daqui a pouco a
Nasha estará a cruzar irrepreensivelmente e outros cães a seguirão. Atento às
explicações do treinador, o José António conseguiu pôr o pequeno Doc a cruzar.
Sábado foi também dia de “baptismos”
e o primeiro neófito a ser convidado para este ritual iniciático foi a Filipa,
tendo como oficiante o CPA Bohr que muito agradeceu a disponibilidade desta
simpática jovem.
À Filipa seguiu-se o João,
seu companheiro, a que mais foi exigido por conta do seu género, peso e
envergadura. O rapaz esteve bem, a foto da cerimónia atesta-o e serve para mais
tarde recordar, porque só a memória volta para trás, o tempo nunca.
Em vão se esforçou o
Afonso para conseguir levantar o CPA Bohr, a dificuldade não ficou a dever-se
ao peso do cão, que até é leve para a raça (menos de 35 kg), mas ao peso do
figurante que está longe do dobro do peso do animal. E quando assim é, é mais
fácil o cão pôr o figurante a rodopiar.
Na foto abaixo vemos o
Paulo Jorge a aguardar ordem de largada para o seu cão, na circunstância
incumbido de perseguir um intruso bastante decidido e provocador, acção que
este cão desenvolve com grande determinação e velocidade.
A disposição dos membros
do cão mostra que arrancou a galope e até se sabe para que mão. A posição rasante
que adquire é aerodinâmica e prende-se com a necessidade de alcançar maior
velocidade.
Entretanto, vindo lá da mui
antiga Bagdad, onde os faustos prazeres são eternos, mais uma vez atrasado,
chegou finalmente o José Maria com a CPA Mel. Mel que entrou imediatamente ao
serviço e que não deu descanso ao Afonso, porque intentava colocar-lhe um
brinco numa orelha. Mas como o rapaz é todo old fashion, a cadela ficou-se
pelas intenções.
Numa das perseguições, a
Mel conseguiu alcançar o Afonso e o fugitivo acabou por cair em cima da cadela,
exemplificando ambos aquilo que na gíria dizemos ser um “molho de brócolos”. A
foto parece ter sido tirada da banda desenhada “Speedy González” (“Ligeirinho”
no Brasil) da Warner Brothers.
O Afonso terminou o mês de
Fevereiro a correr e a correr muito, para se esconder dentro de um arbusto
cerrado e de difícil entrada, que funcionou como seu abrigo durante as
perseguições caninas que lhe foram movidas. O salto para dentro do arbusto está
longe de ser cómodo ou macio.
Nestas circunstâncias,
onde não é possível hesitar, exige-se determinação, valentia e sangue-frio –
partir na certeza de lá chegar, qualidades que enaltecem o Afonso e que fazem
dele um exemplo para todos nós, ao pôr o seu valor ao dispor do colectivo
escolar.
Nas cinco décadas que leva
a Acendura, agrada-me dizê-lo, em todas elas houve gente valorosa, homens e
mulheres que com o seu esforço e dedicação contribuíram para o nosso bom-nome. Para
todos, mesmo para os já desaparecidos, para os do passado e do presente, aqui
deixamos o nosso “muito obrigado!”
Participaram nos trabalhos
os seguintes binómios: Afonso/Nasha; João/Ben; João/Cuia; José António/Doc;
José Maria/Mel; Paulo/Bohr; Svetlana/Vlad e Vítor/Simão. A reportagem
fotográfica esteve a cargo dos mesmos, o sol acabou por visitar-nos e tudo
correu dentro da normalidade. Para a semana voltaremos com outros jogos e
desafios, momentos eventualmente importantes para quem os vive e faz. Boa
semana de trabalho.
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