segunda-feira, 2 de março de 2020

TREINAR, PREVENIR, APRIMORAR E CORRER

As quatro acções constantes no título deste texto nortearam os nossos trabalhos matinais no passado Sábado. A serra foi o ecossistema escolhido para o desenvolvimento das tarefas e a chuva não nos incomodou. Os cachorros na idade da cópia estão a evoluir segundo o esperado e espera-se que atinjam o índice médio-alto de aproveitamento quando chegaram à idade adulta. Começámos os trabalhos com a prática da obediência dinâmica, desta vez socorrendo-nos de máscaras faciais a pensar na prevenção contra o vírus COVID-19, na eventualidade de virem a ser necessárias, já que a sociabilização canina é uma das nossas prioridades e andamos no meio de muita gente.
A integração dos cachorros na classe escolar tem acontecido sem delongas, porque um deles vive entre os cães adultos que são seus companheiros na escola e outro tem cumprido as tarefas adiantadas pelo Quadro de Crescimento Funcional. A Cuia, a cachorra Rafeiro Alentejano, também com 4 meses de idade, devido à sua natureza dócil e género, tem abraçado com alegria os desafios que lhe são propostos, integrando-se confiante na matilha espontânea e heterogénea escolar.
Conhecedores do carácter anti-social presente em grande número dos Cães de Fila de São Miguel e querendo-os para outros propósitos, sempre iniciamos as aulas dos nossos pelos “10 Minutos de Relax”, para que sociabilizem com os demais cães e não se venham a antagonizar com tudo e todos, o que facilmente acontecerá se não tivermos este cuidado.
Valendo-nos de umas mesas e bancos de piquenique, por sinal já bastante degradadas, agora que os cachorros já conseguem saltar naturalmente 60 cm de altura, convidámo-los a transpor bancos e mesas, o que aconteceu sem qualquer dificuldade. Na foto seguinte vemos o binómio José António/Doc na saída de uma das mesas (o adiantamento do condutor em relação ao cachorro e a ausência de tensão na trela mostram que o José António está a evoluir na técnica de condução).
Confiante, radiante e com menos “jarrete de vaca”, a Cuia entrou decidida aos obstáculos, com uma naturalidade que a todos espantou e com desejo de fazer mais. A evolução desta cachorra tem sido espantosa e a sua morfologia altera-se para melhor de semana para semana.
Há que dar mérito à Svetlana, porque de um jeito ou de outro, é ela quem diariamente trata, cuida, passeia e treina os cães da Família Mendonça. Não obstante, ainda a incumbiram de treinar mais um cachorro, o Vlad, que graças a esta moldava está a vencer os jogos e os desafios propostos.
O cachorro Doc, o Fila vermelho do José António, é um animal meigo e ao mesmo tempo curioso, que além de um apetite voraz, já intenta usar os dentes para outras tarefas (o irmão de ninhada não lhe fica atrás). Calçado de branco nas quatro patas, o que lhe dá graciosidade na marcha, o Doc é a verdadeira sombra do seu condutor. Na foto seguinte vemo-lo a reparar que lhe falta um banco na frente.
Enquanto a pequenada descansava, o Afonso evoluiu para o trabalho específico por conta própria e foi pôr a “Nasha” a cruzar com o auxílio de um brinquedo, muito embora o tenha feito demasiado dobrado, como se tivesse sido acometido naquele instante por algum desarranjo intestinal que o estava a deixar de rastos.
Depois de esclarecido e auxiliado, melhorou substancialmente a sua postura e facilitou o trabalho à cadela, até ali sujeita ao seu desnecessário impacto visual. Daqui a pouco a Nasha estará a cruzar irrepreensivelmente e outros cães a seguirão. Atento às explicações do treinador, o José António conseguiu pôr o pequeno Doc a cruzar.
Sábado foi também dia de “baptismos” e o primeiro neófito a ser convidado para este ritual iniciático foi a Filipa, tendo como oficiante o CPA Bohr que muito agradeceu a disponibilidade desta simpática jovem.
À Filipa seguiu-se o João, seu companheiro, a que mais foi exigido por conta do seu género, peso e envergadura. O rapaz esteve bem, a foto da cerimónia atesta-o e serve para mais tarde recordar, porque só a memória volta para trás, o tempo nunca.
Em vão se esforçou o Afonso para conseguir levantar o CPA Bohr, a dificuldade não ficou a dever-se ao peso do cão, que até é leve para a raça (menos de 35 kg), mas ao peso do figurante que está longe do dobro do peso do animal. E quando assim é, é mais fácil o cão pôr o figurante a rodopiar.
Na foto abaixo vemos o Paulo Jorge a aguardar ordem de largada para o seu cão, na circunstância incumbido de perseguir um intruso bastante decidido e provocador, acção que este cão desenvolve com grande determinação e velocidade.
A disposição dos membros do cão mostra que arrancou a galope e até se sabe para que mão. A posição rasante que adquire é aerodinâmica e prende-se com a necessidade de alcançar maior velocidade.
Entretanto, vindo lá da mui antiga Bagdad, onde os faustos prazeres são eternos, mais uma vez atrasado, chegou finalmente o José Maria com a CPA Mel. Mel que entrou imediatamente ao serviço e que não deu descanso ao Afonso, porque intentava colocar-lhe um brinco numa orelha. Mas como o rapaz é todo old fashion, a cadela ficou-se pelas intenções.
Numa das perseguições, a Mel conseguiu alcançar o Afonso e o fugitivo acabou por cair em cima da cadela, exemplificando ambos aquilo que na gíria dizemos ser um “molho de brócolos”. A foto parece ter sido tirada da banda desenhada “Speedy González” (“Ligeirinho” no Brasil) da Warner Brothers.
O Afonso terminou o mês de Fevereiro a correr e a correr muito, para se esconder dentro de um arbusto cerrado e de difícil entrada, que funcionou como seu abrigo durante as perseguições caninas que lhe foram movidas. O salto para dentro do arbusto está longe de ser cómodo ou macio.
Nestas circunstâncias, onde não é possível hesitar, exige-se determinação, valentia e sangue-frio – partir na certeza de lá chegar, qualidades que enaltecem o Afonso e que fazem dele um exemplo para todos nós, ao pôr o seu valor ao dispor do colectivo escolar.
Nas cinco décadas que leva a Acendura, agrada-me dizê-lo, em todas elas houve gente valorosa, homens e mulheres que com o seu esforço e dedicação contribuíram para o nosso bom-nome. Para todos, mesmo para os já desaparecidos, para os do passado e do presente, aqui deixamos o nosso “muito obrigado!”
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Afonso/Nasha; João/Ben; João/Cuia; José António/Doc; José Maria/Mel; Paulo/Bohr; Svetlana/Vlad e Vítor/Simão. A reportagem fotográfica esteve a cargo dos mesmos, o sol acabou por visitar-nos e tudo correu dentro da normalidade. Para a semana voltaremos com outros jogos e desafios, momentos eventualmente importantes para quem os vive e faz. Boa semana de trabalho.

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