Um
verme do mar poderá vir a ajudar pacientes com coronavírus. Esta é a aposta de
uma empresa bretã que se prepara para lançar um teste em dois hospitais
parisienses. A hemoglobina na “Arenicola marina”, espécie de anelídeo
pertencente á família Arenicolidae também presente em território português,
incluindo na sua zona económica exclusiva, pode transportar 40 vezes mais
oxigénio do que a hemoglobina humana. Virá a esperança na luta contra o
coronavírus de um pequeno verme do mar? Sediada em Morlaix (Finistère), a
empresa de biotecnologia “Hemarina” acredita em qualquer caso nos poderes da
arenicola, um verme do mar conhecido nas praias da Bretanha.
Como
parte de um ensaio clínico, esta empresa pretende administrar rapidamente uma
solução do sangue do animal com altos poderes de oxigenação em dez pacientes infectados
com Covid-19 . "Aguardamos em breve a decisão do Comité de Protecção ao
Paciente (CPP), sabendo que a ANSM já validou o estudo", disse o médico de
biologia marinha Franck Zal, chefe da empresa Bretã. Até ao momento, nem a
agência de medicamentos (ANSM) nem o CPP competente puderam ser imediatamente
contactados.
A
solução, destinada a pacientes afectados pela Síndrome do Desconforto
Respiratório Agudo (SDRA), é produzida a partir da hemoglobina do animal.
Medindo entre 10 e 15 cm, este verme é conhecido principalmente pelas pequenas
reviravoltas visíveis nas praias. A sua hemoglobina (molécula presente nos glóbulos
vermelhos e que tem o papel de transportar oxigénio no corpo) é capaz de
fornecer 40 vezes mais oxigénio que a hemoglobina humana. Ao contrário da
último, fechada nos glóbulos vermelhos, a da Arenicola é extracelular. "O
objetivo é usar essa molécula como uma espécie de respirador molecular antes
que os pacientes entrem num processo pesado de ressuscitação", enfatiza
Franck Zal (na foto abaixo), lembrando a actual falta de ventiladores.
Este
produto da Hemarina, chamado “HEMO2life”, já foi testado nos Estados Unidos em
pessoas com hipoxia cerebral (diminuição da concentração de oxigénio no sangue
ou nos tecidos). "O princípio permanece o mesmo", diz Franck Zal.
Também foi testado para a preservação de transplantes de rim. Actualmente, o
laboratório de biotecnologia aguarda autorização para comercializar o seu
produto. Com sede em Morlaix, ele prepara-se para enviar 100 doses de seu
produto injectável aos hospitais parisienses Georges Pompidou e de la
Pitié-Salpêtrière, onde o teste irá ser realizado. A empresa, que possui a sua
própria fazenda de minhocas em Vendée, possui 5.000 doses imediatamente
disponíveis e pode produzir outras 15.000 "rapidamente".
Escusado
será dizer que todos aguardamos com grande expectativa o resultado destes testes,
independentemente do seu resultado, porque não podemos perder a esperança
diante dos reveses que temos de suportar - que venham de lá as minhocas
marinhas!
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