terça-feira, 31 de março de 2020

ESPERANÇA BRETÃ

Um verme do mar poderá vir a ajudar pacientes com coronavírus. Esta é a aposta de uma empresa bretã que se prepara para lançar um teste em dois hospitais parisienses. A hemoglobina na “Arenicola marina”, espécie de anelídeo pertencente á família Arenicolidae também presente em território português, incluindo na sua zona económica exclusiva, pode transportar 40 vezes mais oxigénio do que a hemoglobina humana. Virá a esperança na luta contra o coronavírus de um pequeno verme do mar? Sediada em Morlaix (Finistère), a empresa de biotecnologia “Hemarina” acredita em qualquer caso nos poderes da arenicola, um verme do mar conhecido nas praias da Bretanha.
Como parte de um ensaio clínico, esta empresa pretende administrar rapidamente uma solução do sangue do animal com altos poderes de oxigenação em dez pacientes infectados com Covid-19 . "Aguardamos em breve a decisão do Comité de Protecção ao Paciente (CPP), sabendo que a ANSM já validou o estudo", disse o médico de biologia marinha Franck Zal, chefe da empresa Bretã. Até ao momento, nem a agência de medicamentos (ANSM) nem o CPP competente puderam ser imediatamente contactados.
A solução, destinada a pacientes afectados pela Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), é produzida a partir da hemoglobina do animal. Medindo entre 10 e 15 cm, este verme é conhecido principalmente pelas pequenas reviravoltas visíveis nas praias. A sua hemoglobina (molécula presente nos glóbulos vermelhos e que tem o papel de transportar oxigénio no corpo) é capaz de fornecer 40 vezes mais oxigénio que a hemoglobina humana. Ao contrário da último, fechada nos glóbulos vermelhos, a da Arenicola é extracelular. "O objetivo é usar essa molécula como uma espécie de respirador molecular antes que os pacientes entrem num processo pesado de ressuscitação", enfatiza Franck Zal (na foto abaixo), lembrando a actual falta de ventiladores.
Este produto da Hemarina, chamado “HEMO2life”, já foi testado nos Estados Unidos em pessoas com hipoxia cerebral (diminuição da concentração de oxigénio no sangue ou nos tecidos). "O princípio permanece o mesmo", diz Franck Zal. Também foi testado para a preservação de transplantes de rim. Actualmente, o laboratório de biotecnologia aguarda autorização para comercializar o seu produto. Com sede em Morlaix, ele prepara-se para enviar 100 doses de seu produto injectável aos hospitais parisienses Georges Pompidou e de la Pitié-Salpêtrière, onde o teste irá ser realizado. A empresa, que possui a sua própria fazenda de minhocas em Vendée, possui 5.000 doses imediatamente disponíveis e pode produzir outras 15.000 "rapidamente".
Escusado será dizer que todos aguardamos com grande expectativa o resultado destes testes, independentemente do seu resultado, porque não podemos perder a esperança diante dos reveses que temos de suportar - que venham de lá as minhocas marinhas!

Sem comentários:

Enviar um comentário