É inevitável não se falar
do Covid-19 nos tempos que correm, mesmo quando se trata de animais de
estimação, porque as suas vidas, de um jeito ou de outro, irão sofrer
alteração, enquanto animais doméstico-dependentes. Em termos de novidades,
sejam elas de que natureza forem, sempre acontecem primeiro em Berlin ou em
Paris, no chamado “eixo franco-alemão” que norteia e suporta a União Europeia,
assim como diz quais as políticas a seguir pelos estados membros, o que
obviamente tem gerado um aumento dos nacionalistas no próprio Parlamento
Europeu e dado azo a termos interessantíssimos dos quais “Europa a duas
velocidades” é exemplo ou estereótipos como “os povos do sul só querem dinheiro
para vinho e mulheres”.
Depois das medidas
excepcionais decretadas pelo Governo Francês para combater o coronavírus, a SPA
(Société Protectrice des Animaux) viu-se forçada a fechar todos os seus abrigos
(completamente cheios) e serviços de recolha de animais abandonados. Com o
encerramento dos abrigos ao público a adopção de cães e gatos diminuirá
drasticamente. Apesar de se saber que o Covid-19 não atinge cães e gatos e que
eles não são agentes transmissores da pandemia, a SPA teme que aconteça uma
onda maciça de abandono. Se tal vier a acontecer, conforme o previsto na lei
francesa, assistir-se-á ao abate compulsivo dos cães abrigados. Diante desta
ameaçada, Jacques-Charles Fombonne, Presidente da SPA, implora aos franceses
que não abandonem os seus animais: “Vamos ser justos, todos juntos, humanos!"
Quanto aos alemães,
vejamos o caso de Dresden. Lá como cá, quando uma pessoa é infectada pelo
coronavírus, é automaticamente colocada de quarentena e impedida de sair. Se
porventura essa pessoa tiver um cão, é evidente que não poderá ir com ele à
rua. Neste caso, segundo o Ministério Federal da Alimentação e Agricultura, o
proprietário canino deverá arranjar alguém que passei regularmente o seu cão,
que tanto pode ser um amigo, um vizinho ou a mesma pessoa que lhe faz as
compras. Não podendo ser estes, ainda poderá recorrer aos serviços dos dog walkers
ou doutras associações que oferecem ajuda nas redes sociais. De qualquer modo,
segundo a Associação de Bem-Estar Animal, as pessoas encarregues de passear os
animais não deverão entrar dentro das casas das pessoas infectadas e deverão
lavar ou desinfectar as mãos após o contacto com os cães e as suas trelas. Não seria má ideia ir pensando em quem poderá passear o seu cão, caso seja infectado.
Como a quarentena é para
todos os efeitos “uma prisão domiciliar” que é imposta contra vontade do visado
e a favor da saúde pública, se a pessoa em questão se opuser, será levada a
tribunal e tanto poderá ficar sujeita ao pagamento de uma coima de 25.000€ como receber
uma sentença de prisão. Parece mentira mas é verdade (não nos estamos a referir
a Dresden), o medo da morte é tal que já há donos a pedir aos veterinários para
abaterem os seus pets – o medo tem uma força colossal.
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