segunda-feira, 30 de março de 2020

COISAS DE CONSTANÇA (KONSTANZ) E CONSTÂNCIA

Falemos primeiro da alemã, Konstanz, que esta segunda-feira tem honras de manchete nas notícias online internacionais relativas a animais, porque neste fim-de-semana um cão que se encontrava solto, mordeu ali um garoto de 12 anos numa perna e rasgou-lhe também o casaco. De acordo com o que a polícia faz saber, o dono do animal, ao invés de prestar auxílio ao miúdo, desapareceu sem deixar rasto. Por tudo isto, anda a polícia de Konstanz à procura deste proprietário canino (aqui tinha muito que procurar).  Não é nada fácil falar da cidade de Konstanz, porque ela nasceu para ser vista e tornar-se inesquecível, atendendo à sua beleza natural, riqueza cultural, estatuária imponente e deslumbrante arquitectura.
Há quem diga que a sua gastronomia também não é má, mas tenho para mim como verdade, que alemães e gastronomia são uma má combinação (valeram-me os iogurtes de quilo nas minhas viagens por terras germânicas, uma vez que nunca fui grande apreciador de salsichas e chucrute). Falar de Konstanz, que é também uma cidade universitária, é falar do Lago Bodensee (Constança para nós), ao longo do qual se espraia e faz fronteira com a Suíça e a Áustria.
O Rio Reno, que nasce nos Alpes Suíços, passa pelo lago de Konstanz, torna-o substancialmente maior e escapa sorrateiro por debaixo de uma ponte que liga as duas partes da cidade. Muita gente importante nasceu ali, mas mesmo muita. A título de curiosidade destaco uma personalidade – o Conde Ferdinand von Zeppelin, construtor das famosas aeronaves “Zeppelin”. Ser alemão e não conhecer Konstanz, é como ser português e não conhecer Amarante ou ser paranaense e nunca ter ir a Morretes, onde por acaso se come muito bem (vale a pena comer o “barreado”).
A nossa Constância é uma humilde vila do Distrito de Santarém, na Província do Ribatejo, com cerca de 900 habitantes e que está ligada pela sua proximidade ao Castelo de Almourol, lugar de idílicas e passageiras paixões, que acontecem e passam tão rápido quanto a confluência do Tejo no Zêzere. Constância só foi oficialmente designada assim a partir de 1836, obra da Sereníssima Rainha D. Maria II, devido ao apoio que a sua população lhe deu e ao seu antigo nome, “Punhete”, do qual não gostava nada devido às más associações que tal topónimo trazia para os seus naturais, que ainda por cima eram frequentemente confundidos com o antigo senhor feudal daquelas terras, Guilherme André Ribeiro, o “Caça-Caloiras”, também denominado “o Mãozinhas Calejadas”.
Precisamente por esta última razão e ao contrário do que sucedeu ao nome de outras terras durante as Lutas Liberais, que viram os seus nomes acrescentados (ex: Praia – Praia da Vitória), Punhete alterou totalmente o seu nome, já que o topónimo sugeria obscenidade, por ser muito semelhante a uma palavra na gíria sexual, o que levava ao escárnio dos habitantes das localidades vizinhas. Será que o fantasma do “Mãozinhas Calejadas” e das suas concubinas ainda andam por lado lá tal qual Cupido com as suas flechas? Eu sou pouco sugestionável, mas há quem jure que sim e ainda por cima temos um castelo por perto. 

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