Falemos
primeiro da alemã, Konstanz, que esta segunda-feira tem honras de manchete nas
notícias online internacionais relativas a animais, porque neste fim-de-semana
um cão que se encontrava solto, mordeu ali um garoto de 12 anos numa perna e
rasgou-lhe também o casaco. De acordo com o que a polícia faz saber, o dono do
animal, ao invés de prestar auxílio ao miúdo, desapareceu sem deixar rasto. Por
tudo isto, anda a polícia de Konstanz à procura deste proprietário canino (aqui
tinha muito que procurar). Não é nada
fácil falar da cidade de Konstanz, porque ela nasceu para ser vista e tornar-se
inesquecível, atendendo à sua beleza natural, riqueza cultural, estatuária
imponente e deslumbrante arquitectura.
Há
quem diga que a sua gastronomia também não é má, mas tenho para mim como
verdade, que alemães e gastronomia são uma má combinação (valeram-me os
iogurtes de quilo nas minhas viagens por terras germânicas, uma vez que nunca
fui grande apreciador de salsichas e chucrute). Falar de Konstanz, que é também
uma cidade universitária, é falar do Lago Bodensee (Constança para nós), ao
longo do qual se espraia e faz fronteira com a Suíça e a Áustria.
O
Rio Reno, que nasce nos Alpes Suíços, passa pelo lago de Konstanz, torna-o
substancialmente maior e escapa sorrateiro por debaixo de uma ponte que liga as
duas partes da cidade. Muita gente importante nasceu ali, mas mesmo muita. A
título de curiosidade destaco uma personalidade – o Conde Ferdinand von
Zeppelin, construtor das famosas aeronaves “Zeppelin”. Ser alemão e não
conhecer Konstanz, é como ser português e não conhecer Amarante ou ser paranaense
e nunca ter ir a Morretes, onde por acaso se come muito bem (vale a pena comer
o “barreado”).
A
nossa Constância é uma humilde vila do Distrito de Santarém, na Província do
Ribatejo, com cerca de 900 habitantes e que está ligada pela sua proximidade ao
Castelo de Almourol, lugar de idílicas e passageiras paixões, que acontecem e
passam tão rápido quanto a confluência do Tejo no Zêzere. Constância só foi
oficialmente designada assim a partir de 1836, obra da Sereníssima Rainha D.
Maria II, devido ao apoio que a sua população lhe deu e ao seu antigo nome, “Punhete”,
do qual não gostava nada devido às más associações que tal topónimo trazia para
os seus naturais, que ainda por cima eram frequentemente confundidos com o
antigo senhor feudal daquelas terras, Guilherme André Ribeiro, o “Caça-Caloiras”,
também denominado “o Mãozinhas Calejadas”.
Precisamente
por esta última razão e ao contrário do que sucedeu ao nome de outras terras
durante as Lutas Liberais, que viram os seus nomes acrescentados (ex: Praia –
Praia da Vitória), Punhete alterou totalmente o seu nome, já que o topónimo
sugeria obscenidade, por ser muito semelhante a uma palavra na gíria sexual, o
que levava ao escárnio dos habitantes das localidades vizinhas. Será que o
fantasma do “Mãozinhas Calejadas” e das suas concubinas ainda andam por lado lá
tal qual Cupido com as suas flechas? Eu sou pouco sugestionável, mas há quem
jure que sim e ainda por cima temos um castelo por perto.
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