As conclusões presentes
neste artigo não têm como propósito alimentar a já longa guerra entre taxistas
e condutores uber, que é por demais desgastante, não beneficia nenhuma das
partes e que só prejudica o público e a paz social, porque em todo o lado há
gente capaz e incapaz, indivíduos competentes e incompetentes de acordo com o
que somos enquanto povo. A desventura de Florie e de Elba, a primeira invisual
e o segundo um cão-guia, levantou uma onda de contestação sem precedentes nas
redes sociais, porque 3 condutores da Uber recusaram transportá-los juntos em
Toulouse, onde a cega se encontrava de visita ao irmão. Como importava que a
senhora chegasse à estação ferroviária a tempo, o irmão chamou um carro da uber
e prontificou-se a pagar a corrida.
Quando o primeiro motorista
chegou, disse para a invisual que não lhe levava o cão, apesar desta lhe ter
dito que o animal era um cão de serviço e que recusar transportá-lo incorria em
multa. O motorista disse que não havia tal lei, virou-lhe as costas e deixou-a
apeada e a falar sozinha. Quando a hora de partida do comboio se aproximava,
veio um segundo motorista e recusou-se também a transportá-los. Veio também um
terceiro que se desculpou por não ter um pano para limpar o carro. A invisual
ainda insistiu com ele e disse-lhe que o cão podia ir no porta-bagagens, mas
nada feito. Cada vez mais desesperada, pois nunca tal lhe tinha acontecido, a
invisual viu-se obrigada a esperar pelo 4º motorista, que finalmente a levou
até Matabiau, o que não evitou que perdesse o comboio.
Contactada a Uber, um seu
porta-voz disse: “Lamentamos que o passageiro não tenha conseguido completar a corrida
que havia encomendado. A Uber não tolera nenhuma forma de discriminação, seja
por origem, religião, deficiência, orientação ou identidade sexual, situação
familiar, idade ou qualquer outro factor de discriminação. Comunicamos
regularmente aos motoristas da VTC as suas obrigações nessa área e continuamos
a trabalhar para impedir que esse tipo de situação aconteça no futuro.” Quando
será esse futuro é que ninguém sabe. Situações destas envergonham-nos a todos,
mas nem por isso deixam de repetir-se. Não deveria esta invisual ser compensada
pelo transtorno e os motoristas condenados a uma pesada multa e inibidos de
conduzir carros de aluguer? C'est la France que nous avons aujourd'hui! Quando
os culpados não são condenados, são as vítimas a arcar com as penas!
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