Casualmente, ao ler hoje o
“Heute” online, tive conhecimento da vienense Anja Miletic de 34 anos (o
apelido parece ser de origem kosovar ou de outro país balcânico), da sua luta
contra o cancro e do seu projecto. Esta senhora, que luta contra o cancro há 7
anos e a quem já foram removidos 8 tumores, atribui o seu apego à vida à
companhia que lhe foi prestada pelos seus dois cães, “Mini” e “Miki”. Grata aos
animais, está agora empenhada em retribuir-lhes, abraçando decididamente um
novo projecto: a “Happy Hunde House”, um centro de atendimento para cães na rua
Anton-Sattler-Gasse, no município de Donaustadt, 22º bairro de Viena, onde
pretende para além do usual, oferecer workshops e festas.
Com a abertura deste
centro, Miletic pretende valer às pessoas que vão às compras, a consultas
médicas e a outros afazeres e que não têm onde deixar os seus cães, que ela
receberá de boa vontade e cuidará como se fossem seus. Uma hora de permanência
ali irá custar 8€, meio-dia 15€ e 30€ o dia inteiro (está dentro dos preços de
mercado). Miletic também oferece o serviço de transporte dos cães, podendo ir buscá-los
ou entregá-los pelo preço de 10€.
Além do atendimento
clássico, Anja Miletic também aluga uma sala inteira para várias celebrações e
planeia eventos caninos para o Dia das Bruxas, para o Natal e para a procura de
ovos na Páscoa. Encontros às cegas, dias de cabeleireiro, testes, bingo e noites
de cinema completam o seu leque de iniciativas.
Esta vienense, para implementar
o seu projecto, precisa de 8.250 euros como capital inicial até ao dia 31 de
Março para pagar a primeira parcela e o sinal das instalações. Não tendo outro
modo de angariar este valor decidiu valer-se do crowdfunding em "startnext.com".
Para mim não ficou claro a
quem mais interessa este projecto, se à Anja ou aos cães. Pode ser que
interesse a ambos, que é afinal aquilo que se deseja. Não tenho razões que me
levem a duvidar da sinceridade desta austríaca, apesar de saber que graças a
apelos sentimentais, grandes quantias têm sido extorquidas e muita gente tem
sido ludibriada através da Internet, que também se presta como excelente ninho de
burlões e de toda a casta de salafrários.
Um projecto destes “tem
pernas para andar” em Portugal, quando abraçado por um jovem credenciado e
amigo de animais, desde que convenientemente elaborado. Debaixo destas
condições o financiamento bancário torna-se mais fácil, já que o dinheiro dos
bancos foi feito para se usar. Nunca compreendi uma coisa entre nós e nunca
encontrei quem me esclarecesse: por que razão se endividam os portugueses na
compra de uma casa por dezenas de anos, ao invés de pedirem dinheiro emprestado
aos bancos para alcançarem riqueza, comprando depois a casa e outros bens.
Duvidarão porventura de si próprios ou faltar-lhes-á conhecimento, talento e
arrojo? O que falta ao povo parece sobejar à nossa classe política, para quem todos
somos um verdadeiro “crowdfunding”. Não estaremos já fartos de dar para a mesma
quermesse?
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