quarta-feira, 18 de março de 2020

NÃO DESCOBRIRAM A PÓLVORA, MAS PUSERAM OS PONTOS NOS “IS”

Num estudo levado a cabo pela Universidade britânica de Lincoln, que envolveu 2.700 cães de 100 raças diferentes, os pesquisadores chegaram à conclusão que a ansiedade da separação canina deverá ser vista como um sintoma de frustrações subjacentes, e não como um diagnóstico, e entender essas causas pode ser a chave para um tratamento eficaz. Os tratamentos até agora realizados visam ajudar os animais a superar a “dor de separação”, mas este estudo indica que lidar com as várias formas de frustração são um elemento muito mais importante do problema. Os pesquisadores de comportamento animal já identificaram quatro formas principais de ansiedade de separação e sugerem que essas razões subjacentes sejam consideradas como uma questão que precisa ser tratada, e não considerem a "ansiedade de separação" como um diagnóstico.
A equipa de cientistas, liderada por cientistas da Universidade de Lincoln, no Reino Unido, identificou quatro formas principais de angústia para cães quando separados de seus donos. Isso inclui o foco em fugir de algo dentro da casa, querer chegar a algo que se encontra fora dela, reacção a ruídos ou a eventos externos e uma forma particular de tédio. "Rotular o problema do cão que está a ser destrutivo, a urinar ou a defecar em ambientes fechados ou a vocalizar quando deixado sozinho como ansiedade de separação não é muito útil. É o começo do processo de diagnóstico, não o fim. A nossa pesquisa sugere que a frustração nas suas várias formas está no centro do problema e precisamos de entender essa variedade se esperamos oferecer melhores tratamentos para os cães", disse Daniel Mills, professor de Medicina Veterinária Comportamental na Faculdade de Ciências da Vida da Universidade de Lincoln.
O presente estudo, publicado na revista académica “Frontiers in Veterinary Science”, destaca como os diferentes estados emocionais se combinam para produzir comportamentos problemáticos nos cães. Embora seja desencadeado pela saída do proprietário, o comportamento indesejado surge devido a uma combinação de factores de risco que podem incluir elementos do carácter do animal, o tipo de relacionamento que tem com o dono e o modo como interagem. Brevemente, esta equipa de pesquisa irá desenvolver um novo estudo para examinar detalhadamente o peso que a “relação dono-cão” exerce sobre os comportamentos problemáticos desencadeados pela separação. Espera-se que esta pesquisa abra novos programas de tratamento mais específicos para os proprietários.
Há muito que entendemos a “ansiedade da separação” como um sintoma de um conjunto de frustrações caninas e temos sido amplamente procurados para solucionar o fenómeno. Ao reforçarmos o carácter dos cães pela experiência feliz, ao melhorarmos o seu relacionamento com os donos através do treino e ao pô-los a interagir objectivamente, temos conseguido ultrapassar a dita “ansiedade da separação”, que resulta na maioria dos casos da menor preocupação dos donos com o bem-estar dos seus cães, que os tratam muitas vezes como se fossem bonecos inanimados e não tivessem necessidades específicas. Os de Lincoln não descobriram a pólvora, mas puseram os pontos nos “is”!

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