sexta-feira, 27 de março de 2020

EXCESSO DE ZELO E IGNORÂNCIA

Com os homens recolhidos nas suas casas, a natureza retoma a sua milenar actividade, vitalidade e efervescência, o que é óptimo para os animais silvestres e selvagens que nos rodeiam, que de um momento para o outro vêem os seus territórios desprovidos de invasores e devolvidos, sendo mais do que natural avistar animais silvestres junto de cidades onde raramente eram vistos. Assim aconteceu também ontem em Ansbach, uma cidade da Francónia, no Estado da Baviera (a 45 km de Nuremberg), na Alemanha, onde no meio de uns arbustos apareceram quatro raposinhas, que indevidamente foram confundidas com cachorrinhos abandonados. Por causa desse engano, a Polícia foi chamada. Quando a Polícia chegou ao local, os “cachorrinhos” já não se encontravam lá, alguém ligou para o abrigo dos animais e as raposinhas foram lá parar. Entretanto, estabeleceu-se uma tremenda confusão e os animais acabaram por ser entregues ao inquilino da área onde foram encontradas, na esperança que a sua mãe os encontrasse, apesar de não haver essa certeza.
Ainda que fisicamente subsistam algumas diferenças morfológicas entre raposinhas e cachorrinhos, e não são assim tão poucas, elas nem sempre são detectadas pelos menos conhecedores. Porém, é no comportamento dos animais que reside a maior diferença, porque as raposinhas são muitos mais esquivas que os cachorros, pondo-se em fuga ao invés de se aproximarem, resistindo desalmadamente à sua captura. Por outro lado, as raposinhas têm um cheiro forte que lhes é característico e inconfundível. Salta também à vista o pormenor das suas cabeças, proporcionalmente iguais às que virão a ter na idade adulta, contrariamente aos cachorros de orelhas erectas, que nos primeiros meses de vida apresentam cabeças menos definidas, lembrando pequenos ursinhos. O ocorrido em Ansbach é um caso típico de excesso de zelo e ignorância, próprio de gente urbana que pouco ou nada sabe do Reino Animal.

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