Atendendo à temática deste
blogue e à língua nele utilizada, não é fácil arranjar leitores assíduos de
países longínquos e de raízes linguísticas ainda mais distantes, era isso que julgávamos até que começarmos a ter leitores assíduos do Tonga e do Ruanda. Bem
sabemos que há portugueses espalhados por todo o mundo, mas não será fácil
encontrar um no Reino do Tonga, um país da Oceania, integrante da Polinésia e
formado pela união de 177 ilhas, também conhecidas como "Ilhas
Amigáveis", lá para os lados das ilhas de Samoa, Fidji e Cook. Os seus
habitantes designam-se por tonganeses e aos tonganeses que nos visitam chamamo-los
de bem-vindos e desejamos que voltem sempre. Portugal só estabeleceu relações diplomáticas
com estre reino na Oceania a 1 de Novembro de 1983 e cabe ao embaixador
residente em Camberra representar os interesses do Reino Tonganês.
Também chamamos de
bem-vindos os nossos leitores do Ruanda, cidadãos de um país africano sem costa
marítima, situado na região dos Grandes Lagos, na África centro-oriental, que tem
fronteiras com o Uganda, Burundi, República Democrática do Congo e Tanzânia. Ao
falarmos do Ruanda somos obrigados a falar outra vez da celebérrima e malfadada
(para os interesses portugueses) “Conferência de Berlim” de 1885, que atribuiu
este território à Alemanha e que depois da derrota desta na I Guerra Mundial
foi entregue à Bélgica. Os colonialismos alemão e belga sobre os povos do
Ruanda assentaram sobre domínios duros e directos, que não dispensaram a
cobrança de impostos e o trabalho forçado, no que contaram com a preciosa ajuda
da Igreja Católica.
O Ruanda tem sido um país
mártir e em 1994, entre os meses de Abril e Julho, houve ali uma matança de
origem étnica que ficou conhecida como “Genocídio do Ruanda”, que pretendia
eliminar daquele espaço geográfico a etnia Tutsi e também os Hútus que a tolerassem.
Os hútus assassinos foram obrigados a cessar os seus fratricidas assassinados
graças às acções da Frente Patriótica Ruandesa (RPF) dirigidas por Paul Kagame,
que ocupou várias zonas do país, e também às tropas francesas de manutenção da
paz que ocuparam o sudoeste daquele território, dando assim cumprimento à “Opération
Turquoise”. Actualmente ainda se trabalha para julgar os culpados do Genocídio
do Ruanda. Até 2001, três mil indivíduos foram julgados e quinhentos deles
receberam penas máximas. Por respeito às vítimas do Massacre do Ruanda publicamos
a foto seguinte, que ilustra uma dança do folclore tutsi.
Com o Massacre de 1994,
que gerou uma enorme perca de vidas e de força de trabalho (800 000 vidas
em 100 dias), associado à quebra de infra-estruturas, ao abandono dos campos e
aos saques, o produto interno bruto do Ruanda (PIB) sofreu tamanha queda que impossibilitou-o de atrair investimentos externos. Pouco a pouco, o Ruanda vai-se
levantando, oxalá atinja a prosperidade necessária para o seu povo como um todo
e que jamais ali haja qualquer conflito étnico, porque todos eles são estúpidos
e do Ruanda não escapou à regra, já que foram os colonizadores belgas que
estabeleceram a diferença e a raiva entre os Tutsi e os Hútus na procura de
negros “mais apresentáveis”, de maior porte, nariz mais fino, menos escuros e com características mais próximas às
dos europeus.
Foram muitos e de vários
continentes os países que venderam o armamento que viria a ser usado no “Genocídio do Ruanda”,
cite-se como exemplo a China, que vendeu a preço de liquidação várias centenas
de milhar de catanas (machetes) para se poupar munição, provavelmente iguais às
que nos vendiam a 3€ nas lojas chinesas há alguns anos atrás (hoje a sua venda encontra-se proibida entre nós). Assim como quem apanha em criança
tende a maltratá-las quando adulto, por entender aceitável este modo de lidar com o conflito, assim os ruandeses estenderam entre si o mesmo
tratamento que haviam recebido de alemães e belgas. Desejamos paz para o Mundo,
desejamos paz para o Ruanda, que venham mais ruandeses, pois todos são
bem-vindos a este blogue.
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