Os jornalistas, enquanto
membros do chamado 4º Poder nas sociedades democráticas, nem sempre primam pelo
rigor e isenção que devem ao público e aos intervenientes que arrolam nas suas
notícias, optando ou vendo-se obrigados a optar pelo sensacionalismo e por quem
lhes estende o pão, o que invariavelmente resulta na falta de isenção que induz
à desinformação.
Na nossa já tradicional
revista diária sobre os jornais britânicos online, uma notícia chamou-nos
particularmente á atenção, a relativa ao ataque de um pretenso Boerboel sobre
uma menina de 10 anos em Berwick nos subúrbios de Melbourne/Austrália, que
ficando terrivelmente maltratada, acabou internada no Royal Children's Hospital,
encontrando-se em condição estável. O cão agressor foi entretanto abatido.
Vamos aos factos que sendo
poucos, levantam mais dúvidas que conclusões. A menina atacada encontrava-se em
casa com uma irmã mais nova de 7 anos, o cão que a atacou, o possível Boerboel
pertencia à família, pesava 76 kg e tinha também como companheiro um
Bullmastiff que não participou no ataque. Na altura do ataque as crianças
encontravam-se sozinhas, porque a sua mãe havia saído para ir ao ginásio,
voltando uma hora depois do ocorrido na companhia de um amigo do sexo
masculino. Quem deu o alarme para a vizinhança foi a menina de 7 anos e dois
vizinhos correram prontamente a socorrer da sua irmã, conseguindo distrair o
cão, libertá-la e livrando-a da morte. A foto abaixo é de um dos prestáveis
vizinhos, Jimmy Baird.
A natureza dos seus
ferimentos é grave e é até possível que tenha perdido uma orelha. O ataque
aconteceu às 20 horas de Domingo. A mãe das garotas, foi multada em Dezembro do
ano passado por quatro infracções relativas aos seus cães, porque nessa ocasião
não se encontravam legalmente registados, andavam soltos quando não deviam e o
seu Bullmastiff tentou atacar uma jogging feminina.
Para melhor se poderem compreender
as razões daquele ataque, somos obrigados a fazer alguns perguntas, até ao
momento sem resposta, de acordo com o divulgado pelas diversas agências
noticiosas. A primeira pergunta é esta: seriam os cães daquela família
perigosos? Se eram, como poderia aquela mãe ir para o ginásio descansada
perante a vulnerabilidade das crianças? Teria ela deixado ordens estritas para
se manterem afastadas dos cães? Teria a garrota mais velha violado algum
protocolo e ter-lhe desobedecido? Teria ameaçado o cão? Não temos dúvida que o
ataque do pretenso “Boerboel” foi reactivo, porque apenas ele se sentiu
ameaçado, já que doutro modo e atendendo ao histórico do Bullmastiff, este
também teria participado no ataque, o que não veio a acontecer.
Os cães teriam sido alvo
de algum treino para guarda? Teria a menina mais velha medo de cães? Tentaria
ela apossar-se de algum pertence do cão ou indevidamente haver-se chegado à sua
comida? Quanto tivermos resposta para estas questões, saberemos realmente o que
se passou, porque não é comum que os cães duma casa mordam nos membros do
agregado familiar que os adoptou. Independentemente das conclusões a apurar, já
foi encontrado e sentenciado um culpado.
Sem querer estar a acusar
alguém ou a incorrer em juízes temerários, faço-lhe uma pergunta, caro leitor:
na dúvida e obrigado a sair, caso as filhas fossem suas e considerando à sua
idade não encerraria os cães para que não pudessem causar-lhes qualquer dano?
Diante da gravidade destes episódios evitáveis, é que a educação de adultos e
crianças sobre a coabitação canina ganha urgência e significado.
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