segunda-feira, 5 de março de 2018

O ATAQUE CANINO OCORRIDO EM BERWICK SOBRE MENINA DE 10 ANOS

Os jornalistas, enquanto membros do chamado 4º Poder nas sociedades democráticas, nem sempre primam pelo rigor e isenção que devem ao público e aos intervenientes que arrolam nas suas notícias, optando ou vendo-se obrigados a optar pelo sensacionalismo e por quem lhes estende o pão, o que invariavelmente resulta na falta de isenção que induz à desinformação.
Na nossa já tradicional revista diária sobre os jornais britânicos online, uma notícia chamou-nos particularmente á atenção, a relativa ao ataque de um pretenso Boerboel sobre uma menina de 10 anos em Berwick nos subúrbios de Melbourne/Austrália, que ficando terrivelmente maltratada, acabou internada no Royal Children's Hospital, encontrando-se em condição estável. O cão agressor foi entretanto abatido.
Vamos aos factos que sendo poucos, levantam mais dúvidas que conclusões. A menina atacada encontrava-se em casa com uma irmã mais nova de 7 anos, o cão que a atacou, o possível Boerboel pertencia à família, pesava 76 kg e tinha também como companheiro um Bullmastiff que não participou no ataque. Na altura do ataque as crianças encontravam-se sozinhas, porque a sua mãe havia saído para ir ao ginásio, voltando uma hora depois do ocorrido na companhia de um amigo do sexo masculino. Quem deu o alarme para a vizinhança foi a menina de 7 anos e dois vizinhos correram prontamente a socorrer da sua irmã, conseguindo distrair o cão, libertá-la e livrando-a da morte. A foto abaixo é de um dos prestáveis vizinhos, Jimmy Baird. 
A natureza dos seus ferimentos é grave e é até possível que tenha perdido uma orelha. O ataque aconteceu às 20 horas de Domingo. A mãe das garotas, foi multada em Dezembro do ano passado por quatro infracções relativas aos seus cães, porque nessa ocasião não se encontravam legalmente registados, andavam soltos quando não deviam e o seu Bullmastiff tentou atacar uma jogging feminina.
Para melhor se poderem compreender as razões daquele ataque, somos obrigados a fazer alguns perguntas, até ao momento sem resposta, de acordo com o divulgado pelas diversas agências noticiosas. A primeira pergunta é esta: seriam os cães daquela família perigosos? Se eram, como poderia aquela mãe ir para o ginásio descansada perante a vulnerabilidade das crianças? Teria ela deixado ordens estritas para se manterem afastadas dos cães? Teria a garrota mais velha violado algum protocolo e ter-lhe desobedecido? Teria ameaçado o cão? Não temos dúvida que o ataque do pretenso “Boerboel” foi reactivo, porque apenas ele se sentiu ameaçado, já que doutro modo e atendendo ao histórico do Bullmastiff, este também teria participado no ataque, o que não veio a acontecer.
Os cães teriam sido alvo de algum treino para guarda? Teria a menina mais velha medo de cães? Tentaria ela apossar-se de algum pertence do cão ou indevidamente haver-se chegado à sua comida? Quanto tivermos resposta para estas questões, saberemos realmente o que se passou, porque não é comum que os cães duma casa mordam nos membros do agregado familiar que os adoptou. Independentemente das conclusões a apurar, já foi encontrado e sentenciado um culpado.
Sem querer estar a acusar alguém ou a incorrer em juízes temerários, faço-lhe uma pergunta, caro leitor: na dúvida e obrigado a sair, caso as filhas fossem suas e considerando à sua idade não encerraria os cães para que não pudessem causar-lhes qualquer dano? Diante da gravidade destes episódios evitáveis, é que a educação de adultos e crianças sobre a coabitação canina ganha urgência e significado.    

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