segunda-feira, 26 de março de 2018

O MUNDO À NOSSA VOLTA: A POLÍTICA DAS MORTES

Tudo é política e o que ainda não é virá a ser! Eu nasci num tempo em que havia, para além dos “bimbos” (provincianos do interior norte da Metrópole), os “bumbos”, nome com que eram tratados os negros das províncias ultramarinas menos assimilados e mais primitivos, cuja forma no singular poderia ser sinónimo do termo racial “kaffir”, outrora tão em uso na África do Sul do Apartheid. Naquela época contava-se à guisa de piada que se um autocarro de bumbos se despistasse e todos os passageiros morressem tal seria um acidente; mas se os passageiros fossem todos brancos isso seria uma tragédia! Quase meio-século passado e continua-se a dar mais importância a algumas mortes do que outras, como se umas fossem muito importantes e outras não tivessem importância nenhuma, o que sempre facilitou as matanças indiscriminadas e os genocídios.
Quantas dezenas de favelados brasileiros será preciso matar para merecerem o mesmo tempo de antena que dois feridos de um atentado terrorista? Quantas crianças curdas e sírias terão ainda que morrer para merecerem o mesmo destaque das vítimas dos tiroteios escolares nos Estados Unidos? As suas mortes não importam? E não importam porquê? Porque estão longe e não nos dizem respeito? Se todos pensarmos assim, quem quererá saber de nós e donde nos virá o socorro? Dificilmente virá de quem não se identifica connosco, de quem se julga diferente e é indiferente à nossa sorte! Não estaremos obrigados a mudar de política?

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