Uma pesquisa internacional
levada a cabo por investigadores da Universidade britânica de Lincoln, pelo
Instituo Italiano de Protecção e Pesquisa Ambiental e pela Universidade
norte-americana da Califórnia, através de uma nova pesquisa genética, descobriu
que o acasalamento entre os cães domésticos e os lobos selvagens vem
acontecendo há centenas de anos, deixando inequívoca marca no ADN do lobo.
Para além desta descoberta
inesperada, os cientistas descobriram ainda que 60% dos genomas do lobo cinzento
da Eurásia apresentam pequenos blocos do ADN de cães domésticos, sugerindo que em
vários momentos no passado essa hibridação aconteceu, hibridação cão-lobo que
aconteceu com mais frequência na Europa e na Ásia do que na América do Norte.
Mesmo assim, segundo os investigadores atrás mencionados, apesar da hibridação acontecida
nos lobos cinzentos eurasianos, estes permanecem geneticamente diferentes dos
cães, o que sugere não ter essa hibridação diminuído o seu fundo genético (pool
genético) por ocorrer em níveis baixos, muito embora comprometa aquilo que entendemos
por “lobos puros”.
Os investigadores analisaram
ainda dois lobos italianos com uma incomum cor negra, não encontrando neles
quaisquer assinaturas genéticas de hibridação, excepto por transportar uma
variante derivada de um gene relacionado com a cor escura, mais uma achega para
denunciar a patranha transalpina do “Lobo Italiano”, de quem se dizia descender
de Lobo Italiano e de Pastor Alemão e que um estudo genético realizado em 2018
denunciou, não encontrando nenhuma conexão entre este cão e o Lobo Italiano, porque
este, ao contrário do comum Lobo Cinzento é mais resistente à hibridação.
Para aqueles que ainda não
desistiram do despropósito da hibridação e ainda procuram criar novas raças a
partir dela ou perpetuá-la, seria conveniente que se certificassem primeiro da
presença de alguma marca genética canina no lobo a utilizar, o que aumentaria
de sobremaneira a sua margem de sucesso. Sobre essa subespécie do Lobo Cinzento
que designamos por “Signatus”, que é nossa e que tantos apreciamos, sobre esta
matéria e outras, pouco ou nada sabemos, talvez os espanhóis se lembrem. Até
lá, esperamos dias melhores!
Para os cientistas
envolvidos no presente estudo, há que evitar a todo o custo a hibridação, para
que os lobos continuem entre nós por mais tempo e permaneçam geneticamente
distintos dos cães, tarefa que não vai ser fácil pelo avanço demográfico, pela
superlotação de cães, pela invasão do seu território, pela escassez de comida e
pela caça que ainda lhe é movida.
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