quarta-feira, 21 de março de 2018

HÁ LOBOS E LOBOS

Uma pesquisa internacional levada a cabo por investigadores da Universidade britânica de Lincoln, pelo Instituo Italiano de Protecção e Pesquisa Ambiental e pela Universidade norte-americana da Califórnia, através de uma nova pesquisa genética, descobriu que o acasalamento entre os cães domésticos e os lobos selvagens vem acontecendo há centenas de anos, deixando inequívoca marca no ADN do lobo.
Para além desta descoberta inesperada, os cientistas descobriram ainda que 60% dos genomas do lobo cinzento da Eurásia apresentam pequenos blocos do ADN de cães domésticos, sugerindo que em vários momentos no passado essa hibridação aconteceu, hibridação cão-lobo que aconteceu com mais frequência na Europa e na Ásia do que na América do Norte. Mesmo assim, segundo os investigadores atrás mencionados, apesar da hibridação acontecida nos lobos cinzentos eurasianos, estes permanecem geneticamente diferentes dos cães, o que sugere não ter essa hibridação diminuído o seu fundo genético (pool genético) por ocorrer em níveis baixos, muito embora comprometa aquilo que entendemos por “lobos puros”.
Os investigadores analisaram ainda dois lobos italianos com uma incomum cor negra, não encontrando neles quaisquer assinaturas genéticas de hibridação, excepto por transportar uma variante derivada de um gene relacionado com a cor escura, mais uma achega para denunciar a patranha transalpina do “Lobo Italiano”, de quem se dizia descender de Lobo Italiano e de Pastor Alemão e que um estudo genético realizado em 2018 denunciou, não encontrando nenhuma conexão entre este cão e o Lobo Italiano, porque este, ao contrário do comum Lobo Cinzento é mais resistente à hibridação.
Para aqueles que ainda não desistiram do despropósito da hibridação e ainda procuram criar novas raças a partir dela ou perpetuá-la, seria conveniente que se certificassem primeiro da presença de alguma marca genética canina no lobo a utilizar, o que aumentaria de sobremaneira a sua margem de sucesso. Sobre essa subespécie do Lobo Cinzento que designamos por “Signatus”, que é nossa e que tantos apreciamos, sobre esta matéria e outras, pouco ou nada sabemos, talvez os espanhóis se lembrem. Até lá, esperamos dias melhores!
Para os cientistas envolvidos no presente estudo, há que evitar a todo o custo a hibridação, para que os lobos continuem entre nós por mais tempo e permaneçam geneticamente distintos dos cães, tarefa que não vai ser fácil pelo avanço demográfico, pela superlotação de cães, pela invasão do seu território, pela escassez de comida e pela caça que ainda lhe é movida.

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