segunda-feira, 12 de março de 2018

CÃO DE GADO TRANSMONTANO AVALIADO NOS STATES

Segundo a Associated Press, cientistas federais dos Estados Unidos decidiram avaliar 120 cães protectores de gado pertencentes a 3 raças aperfeiçoadas para esse efeito durante séculos na Europa e na Ásia: o Karakachan (Bulgária), o Kangal (Turquia) e o Cão de Gado Transmontano (Portugal), para saberem como reagiriam frente aos lobos do continente americano e se é ou não chegada a hora de os pôr ao serviço sem qualquer restrição, uma vez que terão como opositores coiotes, lobos e ursos pardos.
Estes cães chegaram aos Estados Unidos ainda cachorros, custaram 500 dólares cada um (incluído o transporte), são propriedade do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e foram enviados para o Oeste, onde 65 rebanhos aguardavam pela sua protecção, nos Estados de Idaho, Montana, Wyoming, Washington e Oregon, trabalhando ali durante 4 anos.
Apesar dos cientistas ainda estarem a analisar alguns relatórios, câmeras remotas e alguns dados de GPS, que provavelmente darão ainda origem a 4 ou 5 artigos científicos no próximo ano, estes cães no geral conseguiram manter os lobos afastados e melhor do que fizeram os ali tradicionais cães de guarda na dissuasão dos coiotes (durante o estudo um cão morreu atropelado enquanto as ovelhas atravessavam uma estrada).
Durante décadas, os produtores de ovinos norte-americanos usaram para a guarda dos rebanhos grandes cães brancos dos Pirinéus, Akbash e Maremma, também Pastores da Anatólia castanhos. Mas a reintrodução do lobo no Oeste, ocorrida na década de 90, colocou em causa a validade destes cães para a tarefa, já que em Idaho, desde 1995 até agora, os lobos já mataram 50 cães guardiões e feriram cerca de 40, despropósito que obrigou ao abate de 56 lobos por parte de funcionários federais.
Apesar de alguns cães não cumprirem o seu papel, a chegada dos rebanhos, dos novos cães e dos pastores levou ao abandono daquelas áreas pelos lobos, desaparecimento que teve como consequência o encorajamento de predadores menores, como foi o caso dos coiotes.
Para Jill Swannack, Presidente dos Produtores de Ovelhas do Estado de Washington, uma veterinária que também possui uma fazenda com de 800 ovelhas em terras privadas no leste deste Estado, os cães que funcionam melhor no seu rancho são os Pastores da Anatólia (Kangal), muito embora os lobos tenham matado um em 2014.
Como os funcionários federais têm ordem para abater todos os lobos que atacam o gado, os ambientalistas tem reduzir a zero essas mortes e vêem os cães protectores de rebanhos como a melhor das soluções. Opinião idêntica tem Suzanne Stone dos Defenders of Wildlife (na foto seguinte), muito embora reconheça que na Primavera a situação seja mais complicada, quando os lobos espreitam covardemente os rebanhos na companhia dos seus filhotes.
Comparativamente e de acordo com o parecer dos cientistas de presente estudo, os Karakachans tendem a ser mais vigilantes, os Kangals são mais curiosos e o Cão de Gado trasmontano é melhor na avaliação das ameaças, pormenores que justificam a produção de híbridos de cães de pastoreio com outros territoriais, conclusão há muito conhecida pelos guardas antigas fábricas, que sem qualquer prurido cruzavam Pastores Alemães com Cães da Serra da Estrela, sem dúvida umas ricas prendas!
Quanto ao nosso Cão de Gado Transmontano, deseja-se que os seus criadores não embalem nos mesmos erros em que caíram os criadores dos Serra da Estrela, que tão preocupados com minúcias estruturais acabaram por alcançar exemplares pastoris de méritos ainda por reconhecer. O mercado dos molossos em Portugal, atendendo à nossa realidade socioeconómica e ao seu número, terá que ser o externo e viver da exportação, o que à partida é mais exigente do que parece, considerando a desalmada concorrência com cães do mesmo grupo somático e com idênticas características.
Ora, se a raça se apelidou de “Cão de Gado Transmontano” e começou por ser uma landrace, então deverá ser escolhida e aprovada nesse trabalho, ter uma prova de aptidão cuja aprovação seja soberana e indispensável para a atribuição do seu registo, pois estamos a falar de um cão de trabalho com uma tarefa específica. E isto deverá ser feito quanto antes, porque depois pode ser tarde de mais, quando os méritos dos cães percursores já não se estenderem à “sua” descendência pelo antagonismo das selecções operadas.
Quantos Cães de Gado Transmontanos venderíamos para os Estados Unidos e para outros países caso fossem verdadeiros guardiões de rebanhos? Quantos iremos vender? A resposta a estas perguntas só poderá ser encontrada junto dos seus criadores!   

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