Quem segue com alguma
atenção as nossas publicações, já reparou que o número dos nossos leitores dos
Países Bálticos (Lituânia, Letónia e Estónia) tem vindo a aumentar
substancialmente, de tal maneira que só ontem tivemos mais de uma dúzia de
leitores lituanos, factos que enchem-nos de alegria e dão maior sentido ao que
fazemos.
Depois de 50 anos debaixo
do domínio soviético, advindo do pacto secreto “Molotov-Ribbentrop”,
estabelecido entre Hitler e Stalin em 23 de Agosto de 1939, a Lituânia foi a
primeira república soviética a proclamar e a alcançar a sua independência, proclamação
que aconteceu exactamente há 28 anos, no dia 11 de Março de 1990, liderada pelo
movimento independentista Sajudis, anticomunista e
anti-soviético.
Dos tempos da era
soviética e a ela anterior, ficou um monumento comovente, situado a 16
quilómetros da cidade de Šiauliai que lembra bem a tirania
comunista e a resistência lituana, a “Colina das Cruzes” (Kryžių kalnas), monumento
e evocação constituído por cruzes, crucifixos gigantes, esculturas sacras,
imagens da virgem e milhares de pequenos rosários trazidos pelos crentes católicos.
O número exacto das cruzes é desconhecido mas calcula-se que no ano de 2006 já
ultrapassava as 100.000.
Conta-se por lá que a origem
desta colina deve-se a uma manifestação de luto e pesar dos familiares dos
lituanos, que foram enviados para a Sibéria pelos Russos, por ocasião da tentativa
de libertação da Lituânia do domínio russo. Aqueles que eram enviados para a
Sibéria eram logo dados como mortos pelos seus familiares e estes colocavam naquele
lugar uma cruz em sua memória.
A primeira cruz que deu
origem aquela prática, teria sido colocada pelo filho do dono daquela colina,
que fora enviado para a Sibéria, entendendo o filho ser aquele o local ideal
para perpetuar a memória do pai. Daí para a frente muitas cruzes se juntaram,
colocadas por pessoas na mesma situação. De dia os russos retiravam as cruzes e
à noite a população colocava-as no mesmo local. Hoje a Colina das Cruzes atrai
também recém-casados que procuram sorte no amor.
A Lituânia juntou-se à
Comunidade Europeia no primeiro dia de Maio de 2004, seguindo livre e independente
na senda progresso, apesar de sustentar duas realidades díspares: o surgimento
de uma elite urbana e uma pobreza rural que pouco ou nada mudou, o que a
obrigará a profundas reformas. Quanto aos lituanos, são gente boa, simples, esforçada
e trabalhadora, daquela que nos apraz ser nossa leitora. A canicultura ali não
está muito desenvolvida, mas não falta gente qualificada para a melhorar e
desenvolver. Escusado será dizer que todos os lituanos são bem-vindos, eles e
todos os que comungam da nossa paixão, independentemente da sua raça, sexo,
cor, língua, credo, nacionalidade, opinião política ou situação socioeconómica.
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