sexta-feira, 30 de março de 2018

A HISTÓRIA DO CÃO QUE ERA CEGUINHO

Esta história aconteceu hoje mesmo, quando o Paulo Motrena decidiu sentar-se numa calçada ao lado porta de um talho com o seu cão, animal que teima em acostumar-se ao buliço das pessoas e ao viver urbano. Apostado em suavizar o problema, em resolvê-lo pouco a pouco e com auxílio da recompensa, o dono permaneceu naquele lugar por 20 minutos (não ficou mais tempo porque o assento era muito duro). Num ápice, alguém vindo do talho colocou-lhe aos pés uma caixa de papelão com uma dúzia de cêntimos, vindo depois outro indivíduo com um cartaz que dizia: "UMA ESMOLINHA PARA O DONO QUE O CÃO É CEGUINHO! DEUS NOS ABENÇOE". Apesar do caricato da mensagem e do seu carácter duvidoso, certo é que alguns transeuntes começaram a dar esmola àquele binómio, cujo líder se encontrava bem vestidinho e o cão de cego nada tinha.
Não querendo abusar da boa vontade alheia e arranjar complicações, o Paulo zarpou dali com o cão e deu para os homens do talho o 1.40€ (5.69 BRL) que havia recebido, já que tinham sido eles os mentores de tal ideia. O estranho disto tudo é que eram 16H00, o tempo estava ruim e tudo se passou à porta de um talho, não de uma igreja. Depois desta experiência, o dono do cão que nunca foi cego, já está a pensar em largar o trabalho e em ir estender a mão à caridade, porque em apenas 3 horas, num local pouco movimentado e num dia mau, poderá angariar 21€ (85,39 BRL) livres de impostos, o que já não o deixaria morrer à fome. A mendicidade tardará muito a ser tributada? Terá Centeno algo em vista? Agora acreditamos que há mendigos ricos e porque razão lutam uns com os outros pelos lugares junto das igrejas, das portas do Metro e doutros pontos que acham bons para o negócio. Para que precisarão de uma instituição de solidariedade social? Só se for para se perder dinheiro, tomar banho, andar limpo, comer a horas e cumprir regras sem sentido!

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