Ethel Geraldine Rockefeller Dodge (3 de Abril de 1882 - 13 de Agosto de
1973), nasceu em Nova Iorque, filha de William Avery Rockefeller Jr. (um dos dois
irmãos magnatas da Standard Oil) e de Almira Geraldine Goodsell Rockefeller. A
18 de Abri de 1907, em Manhattan, trazendo consigo uma fortuna avaliada em 101 milhões
de dólares, casou-se com Marcellus Hartley Dodge Sr., o Presidente da Remington
Arms Company, ainda hoje a maior produtora de armas do país. O casal teve um único
filho, Marcellus Hartley Dodge Jr., que morreu num acidente automobilístico em
Mogesca, França, em 29 de Agosto de 1930. Filantropa, Geraldine dedicou-se
também aos cães, actividade sobre a qual recairá o nosso enfoque.
Estamos a falar de uma
senhora milionária que se dedicou à selecção das raças caninas sem desprezar
aqueles que sem pedigree eram abandonados. Ela foi a primeira mulher a julgar no
Westminster Kennel Club, onde foi juíza convidada para a atribuição do “Best in
Show”, julgando paralelamente nos principais concursos da Alemanha, Canadá,
Irlanda e Inglaterra, escrevendo ainda dois livros, um dedicado ao Cocker
Spaniel e outro ao Cão de Pastor Alemão.
Geraldine manteve mais de
100 cães de várias raças nos seus luxuosos canis de Madison, Nova Jérsia, criou
o afixo “Giralda Farms”, foi membro do American Pointer Club e com o Pointer
Nancolleth Markable, que havia sido Campeão Britânico e que importou, ganhou em
1932 perto de 30 “Best in Show”. Entre 1927 e 1957 realizou as famosas
exposições caninas “Morris & Essex” (imagem abaixo), que se realizaram no
Campo de Pólo da sua propriedade com o nome de “Giralda Farms”. A partir de
1957 dedicou a maior parte das suas energias a ajudar activamente cães e outros
animais indesejados que vagueavam pelas ruas e pelos campos, criando o canil “St.
Hubert’s Giralda”.
Depois da sua morte, o seu
património de 85 milhões de dólares foi destinado à Fundação Geraldine R. Dodge,
que tem dois objectivos: encorajar as artes e prevenir a crueldade contra os
animais. A cada dois anos, nos anos ares, a fundação patrocina o “Festival de
Poesia Geraldine R. Dodge”, que é considerado o maior evento da poesia nos
Estados Unidos.
Esta entusiasta criadora e
juíza de cães ficou também conhecida pelos seus “Dog Wagons”, que usava para
transportar os seus cães para as exposições, genuínas limousines da Cadillac
construídas com chassis especiais, onde fazia transportar os seus Pastores
Alemães e Cockers, quando requisitados para esses eventos, conforme podemos ver
na imagem seguinte, carros bem equipados e com pessoal esmerado.
A canicultura Mundial e a
americana em particular devem muito a Geraldine R. Dodge pelo forte incremento
que lhes deu, tendo o Cão de Pastor Alemão idêntica dívida, porque foi também graças
a ela que a raça se expandiu vertiginosamente pelo Velho e Novo Mundo, tornando
visíveis os seus méritos um pouco por toda a parte. E para quem tiver dúvidas,
basta conferir quantos CPA’s havia na Inglaterra por alturas da I Guerra
Mundial e quantos foram mobilizados para a II pelos ingleses. Na foto abaixo
podemos ver Geraldine a exercitar um Pastor Alemão Lobeiro.
Desde cedo esta americana
se apaixonou pelo Cão de Pastor Alemão, não sendo de estranhar vê-la nos concursos
mais significativos para a raça, primeiro como corrente e depois como juíza. Na
foto seguinte vemo-la concorrer num concurso por si organizado na América, concurso
que teve como juiz nada menos nada mais que o Capitão Max Von Stephanitz e onde
concorreu contra Maria Leary e John Gans (em nenhum dos três cães é visível
algum cão-sapo).
A foto seguinte mostra-a
na companhia dos seus Pastores, sendo que 3 deles brancos, cor que mais tarde o
III Reich arredaria arbitrariamente da raça até aos dias de hoje, Pastores
Alemães a quem indevidamente chamamos de “suíços” ou de “canadianos”
(canadenses), apelido que jamais usarei por respeito ao Criador da raça e por
desprezo a quem primeiro a estragou. Quando acabará este preconceito?
Esperaremos a ressurreição dos mortos para pedir aos nazis que retirem tal
excomunhão?
Foram muitos e vários os
Pastores Alemães que Geraldine teve, numa altura em que a raça gozava de saúde e
tinha a multivariedade necessária para mantê-la e perpetuá-la. Seguidamente deparamo-nos
com esta criadora de Pastores Alemães com um exemplar negro, por sinal nada
pequeno, bem aprumado, forte de espáduas e de peito largo, no que contrasta com
os descodilhados de agora, que são plantígrados, apresentam o peito demasiado estreito
e profundo e o chanfro do externo deveras evidente (servirá para cabide?).
Falar de Geraldine
Rockefeller Dodge e do seu tempo, é sentir necessidade de retornar ao passado e
de devolver ao Cão de Pastor Alemão o que lhe têm vindo a roubar, como a saúde,
o bem-estar, a longevidade, o bom-nome e a utilidade. E se isto não parar, quando
menos se esperar, acabarão também por tirar-lhe a vida. Agora que o último
macho da espécie já morreu, será ele o próximo rinoceronte branco? Sê-lo-á se
todos consentirmos, doutro modo não, e é por isso que não me calo.
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