sábado, 31 de março de 2018

NÓS POR CÁ: O PEIXE DA SEXTA-FEIRA SANTA

Antes de tudo mais gostava de saber, se alguém me souber explicar, porque é que o peixe é mais caro do que a carne em Portugal, quando temos uma “Zona Económica Exclusiva” (ZEE) tão grande e os pescadores ganham tão pouco. Não merecerão eles maior respeito por arriscarem as suas vidas para nos darem de comer? Estaremos de costas voltadas para o mar? Hoje, no mercado mais perto de mim, por sinal um dos melhor abastecidos de peixe em Portugal, tanto em quantidade como em qualidade, o peixe acabou cedo, sucedendo o mesmo nas peixarias ao seu redor, de tal maneira que ao meio-dia, só havia gelo sobre as pedras de venda.
O “fenómeno” repete-se todos os anos por alturas da “Semana Santa” e raros são aqueles que comem carne na Sexta-Feira desta semana, como se todos fossem católicos devotos e não faltassem às igrejas 365 dias por ano e durante anos a fio, só nelas entrando por ocasião de um raro baptizado, casamento ou funeral. Os funerais são ainda os que congregam mais “fiéis”, apesar de já não serem o que eram, porque em muitos deles a figura do padre é hoje dispensada. Quem comerá carne nesta ocasião? Quem não tem dinheiro para comprar peixe, os desenraizados, os estrangeiros, os evangélicos e outros sectários como testemunho da sua fé, para publicitarem a sua desobediência à tradição católica.
Agora, que não parece nem bem nem mal comer carne ou não, porque longe vai o tempo em que quem o fizesse era apontado e objecto de alguma reprimenda ou dissabor, é chique comer peixe e “fatela” comer carne. Os ricos de antigamente, porque podiam pagar a bula, gabavam-se de poder comer carne e os de hoje mostram-se a comer peixe, porque apesar da austeridade, estão acima dela e conseguem manter a tradição. Desconheço se isto é “carneirada” ou não, mas tenho a certeza que nada tem a ver com a verdadeira Fé, quando muito será vaidade e/ou superstição, que estribadas num sincretismo religioso viraram tradição.
Não sei por que carga de água, se influenciado ou não, ontem acabei também por comer peixe, e o mais engraçado é que nem dei por isso! Há que gabar a esperteza dos saloios, mormente os de Sintra e de Mafra, que desde sempre nesta ocasião, perante a antiga proibição de comer carne, partem à cata do polvo e do marisco, nada perdendo com a permuta, o que prova mais uma vez que as tradições em Portugal obedecem mais conveniência do que a outra razão qualquer. Será por causa de isso que sempre ouvi dizer que “taran tan tan não enche barriga”?  

GOODBYE BUD!

O que vamos aqui narrar não é uma estória, mas um relato verídico de manifesta humanidade. Um septuagenário internado num hospital e com morte anunciada, tem como último desejo ver o seu cão, um Border Collie de nome Shep, com quem viveu os últimos 8 anos da sua vida, depois que enviuvou. Consciente do derradeiro desejo do moribundo, a sua Família dirigiu-se à Direcção do Hospital para que esta desse o seu aval e permitisse a concretização daquele pedido excepcional. Perante a anuência da Direcção e a boa vontade dos enfermeiros daquele piso, sem os quais nada seria possível, o septuagenário pode ver e abraçar o seu cão pela última vez, vindo depois a morrer feliz segundo o parecer da família.
O ocorrido aconteceu por estes dias na Enfermaria da Ala 3 do Ninewells Hospital em Dundee/Scotland, cuja direcção afrouxou as regras para satisfazer o último desejo deste moribundo: o de se despedir do seu fiel amigo, o mesmo que lhe suavizou o caminho até ao descanso final.
Escusado será dizer que a família do defunto não encontra palavras para agradecer ao hospital aquele gesto de profunda humanidade e rara sensibilidade.

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O Ranking semanal dos textos mais lidos ficou assim ordenado:
1º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/02/2015
2º _ PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS, editado em 15/06/2011
3º _ A CURVA DE CRESCIMENTO DAS DIVERSAS LINHAS DO PASTOR ALEMÃO, editado em 29/08/2014
4º _ HÍBRIDO DE CHOW-CHOW/PASTOR ALEMÃO: MÁQUINA OU DESASTRE?, editado em 11/05/2016
5º _ CONVERSAS SOBRE PASTORES ALEMÃES À MESA DO CAFÉ, editado em 09/08/2014
6º _ DOBERMANN: O CÃO QUE É MENOS DO QUE SE SUPÕE E MAIS DO QUE SE IMAGINA, editado em 06/03/2016
7º _ O MUNDO À NOSSA VOLTA: A POLÍTICA DAS MORTES, editado em 26/03/2018
8º _ ESTERÓIDES ANABOLIZANTES E ORELHAS CORTADAS, editado em 17/07/2018
9º _ O CÃO LOBEIRO: UM SILVESTRE ENTRE NÓS, editado em 21/06/2011
10º _ NUNCA OUVI LADRAR O MEU PASTOR ALEMÃO NEGRO, editado em 17/10/2013

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O TOP 10 semanal de leitores por país obedeceu à seguinte ordem:
1º Brasil, 2º Portugal, 3º Estados Unidos, 4º Espanha, 5º Reino Unido, 6º Alemanha, 7º Angola, 8º Rússia, 9º França e 10º Moçambique.

sexta-feira, 30 de março de 2018

SECCIÓN CANINA DE LA POLÍCIA MUNICIPAL DE MADRID: PRESENTE!

Há que dar os parabéns à Polícia Municipal de Madrid pelo que noticiou, ao melhorar significativamente as instalações da sua Secção Canina, dando aos seus agentes de 4 patas melhores condições de vida, considerando o desgaste e o stress que o combate ao crime provocam, cuidado diametralmente oposto ao que recebem certos cães noutras partes do território espanhol. As obras de reabilitação nas dependências destinadas a estes cães policiais tiveram uma duração de 3 meses, faltando ainda acabar o pavimento porque a chuva o impediu.
Mas o que tem de extraordinário esta Subunidade Canina da Polícia Municipal de Madrid para oferecer? Um sistema de áudio que permite o uso e benefícios da musicoterapia, segundo uma técnica designada por “Efeito Mozart”, que consiste em colocar música clássica várias vezes ao dia nos habitáculos dos cães, prática que reduz significativamente os seus níveis de stress; 22 canis com camas aquecidas; um sistema de ar condicionado que reduz o consumo de energia em mais de 80%; áreas exteriores dos canis cobertas para proteger os cães do calor e do frio; uma nova e bem apetrechada clínica veterinária; um SPA canino para banhos e cuidados de higiene e, novas e melhores áreas verdes para o lazer e exercício dos cães. Bem que se pode chamar a uma unidade destas de “Unidade Modelo”!
Resta dizer que os 22 cães desta Secção Canina estão qualificados como “detectores”, animais especializados na detecção de explosivos, narcóticos, resgate ou BCL (Legal Course Tickets). Dois destes agentes caninos têm uma dupla especialidade, porque são peritos na detecção de explosivos e exímios no resgate de pessoas, algo muito difícil de alcançar. Com as condições que agora têm, estes agentes caninos têm tudo para desempenhar cabalmente os seus serviços. Espanha fica mesmo aqui ao lado. Quando teremos por cá canis policiais de necessária e idêntica qualidade? Algo me diz que não irá demorar muito tempo.

NESTA PÁSCOA HÁ QUE ESTAR ACTUALIZADO

Depois de ter visto na televisão um cangalheiro identificar-se profissionalmente como “TÉCNICO DE TURISMO FINAL”, percebi que nesta época de tecnocracia convém estar actualizado. A propósito, o adjectivo e substantivo masculino “APOSENTADO” já entrou em desuso, dando lugar a “TÉCNICO SUPERIOR DE LAZER”, termo que para além de actual é mais apropriado.

A HISTÓRIA DO CÃO QUE ERA CEGUINHO

Esta história aconteceu hoje mesmo, quando o Paulo Motrena decidiu sentar-se numa calçada ao lado porta de um talho com o seu cão, animal que teima em acostumar-se ao buliço das pessoas e ao viver urbano. Apostado em suavizar o problema, em resolvê-lo pouco a pouco e com auxílio da recompensa, o dono permaneceu naquele lugar por 20 minutos (não ficou mais tempo porque o assento era muito duro). Num ápice, alguém vindo do talho colocou-lhe aos pés uma caixa de papelão com uma dúzia de cêntimos, vindo depois outro indivíduo com um cartaz que dizia: "UMA ESMOLINHA PARA O DONO QUE O CÃO É CEGUINHO! DEUS NOS ABENÇOE". Apesar do caricato da mensagem e do seu carácter duvidoso, certo é que alguns transeuntes começaram a dar esmola àquele binómio, cujo líder se encontrava bem vestidinho e o cão de cego nada tinha.
Não querendo abusar da boa vontade alheia e arranjar complicações, o Paulo zarpou dali com o cão e deu para os homens do talho o 1.40€ (5.69 BRL) que havia recebido, já que tinham sido eles os mentores de tal ideia. O estranho disto tudo é que eram 16H00, o tempo estava ruim e tudo se passou à porta de um talho, não de uma igreja. Depois desta experiência, o dono do cão que nunca foi cego, já está a pensar em largar o trabalho e em ir estender a mão à caridade, porque em apenas 3 horas, num local pouco movimentado e num dia mau, poderá angariar 21€ (85,39 BRL) livres de impostos, o que já não o deixaria morrer à fome. A mendicidade tardará muito a ser tributada? Terá Centeno algo em vista? Agora acreditamos que há mendigos ricos e porque razão lutam uns com os outros pelos lugares junto das igrejas, das portas do Metro e doutros pontos que acham bons para o negócio. Para que precisarão de uma instituição de solidariedade social? Só se for para se perder dinheiro, tomar banho, andar limpo, comer a horas e cumprir regras sem sentido!

quinta-feira, 29 de março de 2018

O CAPO E A PRADA JÁ CHEGARAM A CASA!

O “CAPO” e a “PRADA” são dois cachorros Pastores Alemães, irmãos de ninhada, com 2 meses de idade. Ele é negro e ela cinzento uniforme, chegaram ontem ao seu novo lar e ali ficarão para tomar conta dele e proteger o agregado familiar que lá vive, não imediatamente, porque ainda são muito pequenos, cabendo por ora essa tarefa à Bull Terrier Maggie, que anda louca com o alvoroço da petizada, que inventa trabalho por não ter nada que fazer. Ainda em fase de adaptação ao novo lar, os cachorros já começam a dar mostras daquilo que virão a ser, revelando pouco a pouco a riqueza dos impulsos herdados que carregam e que serão fundamentais para a sua futura capacitação como guardiões. Curiosos, activos e competitivos, derretem energia de várias maneiras, não se escusando a lutar um com o outro pela posse de uma folha.
Daqui enviamos os parabéns para a Família que os adoptou, certos de que tudo fará para que cresçam felizes, confiantes e saudáveis. Estes indefesos pequenotes, que lembram pequenos ursos de peluche, irão reverter os cuidados que lhes dispensarem em protecção, tornar-se parte indivisível dos donos e até dos alicerces da própria casa, porque nasceram para proteger e disso jamais abdicarão. Felicidades companheiros, um pouco mais e logo iremos trabalhar!

HÁ 27 ANOS NO TOPO DAS PREFERÊNCIAS

De acordo com o último ranking publicado na passada Quarta-feira pelo American Kennel Club (AKC), o Labrador Retriever é a raça preferida dos americanos, ocupando o topo das preferências nos últimos 27 anos. O Bulldog Francês está a subir vertiginosamente na lista dos cães mais desejados, ocupando agora o 4º lugar. O Top 10 das preferências caninas dos norte-americanos deu o seguinte resultado: 1º Labrador Retriever, 2º Pastor Alemão, 3º Golden Retriever, 4º Buldogue Francês, 5º Buldogue Inglês, 6º Beagle, 7º Poodle, 8º Rottweiler, 9º Yorkshire e 10º Braco Alemão. Ignoramos qual o lugar ocupado pelo Cão de Água Português, raça já muito divulgada nos Estados Unidos.
A vitória do Labrador é justa pela extraordinária cumplicidade e mansidão da raça, muito embora o seu lugar possa vir a ser contestado pelo Buldogue Francês, que é o cão da moda por toda a parte. Várias conclusões podem tirar-se desta lista de preferências, destacamos três: os americanos preferem os cães de raça importada com créditos firmados, o maior número dos seus cães vive nas cidades e os americanos são na sua maioria de índole pacífica (com 2 cães de guarda em 10, num total de 12 pontos nos 55 possíveis). Surpreendeu-nos pela positiva que o American Bull Terrier e raças análogas não tenham alcançado o Top 10 das preferências nas Terras do Tio Sam.

quarta-feira, 28 de março de 2018

THE KIDS REVOLUTION

Apesar de pouco noticiada, estamos a assistir nos Estados Unidos a uma verdadeira “Revolução das Crianças”, que saem para a rua aos milhares nas principais cidades norte-americanas, pela defesa das suas vidas e contra a venda livre das armas de fogo, movimento que entretanto já ultrapassou as fronteiras daquele grande país e ecoou noutras partes do Globo.
Não há memória de uma insurgência liderada por gente tão nova, que apesar ou por causa de ser pacífica, tem merecido o apoio de vários sectores políticos e sociais norte-americanos, que consideram justas as reivindicações daqueles miúdos, vítimas preferenciais dos tiroteios e dos assassinos que não poupam as escolas e outros estabelecimentos de ensino.
Pela primeira vez a força das famílias opõe-se ao poder do Estado e o Presidente deixou de ser tantas vezes pai quantas famílias há na América, por valorizar mais as suas contrapartidas pessoais do que a vida do seu próprio povo, despotismo agora denunciado e que levará a um longo e cerrado combate, a avaliar por uma das palavras de ordem dos manifestantes: “enough is enough” (basta, já chega), referindo-se à liberalização da venda de armas de fogo que tantas vitimas tem causado.
Este movimento cívico que os próprios intervenientes apelidaram de revolução, junto com as crianças, com os adolescentes e com alguns adultos, tem carregado para as ruas e avenidas das manifestações um grande número de cães, binómios em protesto que dividem e fazem uso das mesmas palavras de ordem, até porque os cães ali, na dúvida de serem maus ou não, acabam invariavelmente abatidos, quer seja pela polícia ou por cidadãos armados e receosos.
Esta participação dos cães, que pode até ser orquestrada para sensibilizar a opinião pública a favor dos insurgentes, vem mais uma vez comprovar a presença dos nossos amigos de 4 patas nos momentos mais decisivos das comunidades, presença que se vem mantendo ao longo de milénios, lado a lado e de acordo com a evolução do homem e das sociedades. Atendendo ao carinho que um cão suscita, uma mensagem colocada sobre o seu dorso tem um impacto maior do que outra colocada entre mãos.
Não duvidamos que mais cedo ou mais tarde estes jovens serão ouvidos e as suas reivindicações satisfeitas, porque eles são o futuro e, para além dos cães, tem ainda a verdade e a justiça do seu lado.

A SOLUÇÃO É VOAR PARA DUBLIN NESTE FIM-DE-SEMANA!


Se porventura deseja levar o seu cão ao cinema, enquanto não o pode fazer por cá, o melhor que tem a fazer é reservar dois bilhetes ou pedir a alguém que lhos compre e voar este fim-de-semana para Dublin, apesar de estarmos na Páscoa, aproveitando um eventual voo low cost para a capital irlandesa, onde no Light House Cinema, em Smithfield, na próxima Sexta, no Sábado e e no Domingo, pelas 10 horas, poderão assistir a mais um conto do filme “Isle Of Dogs” de Wes Anderson (os ingressos já estão à venda desde a tarde de ontem).
A equipa do Light House Cinema, à imitação do que já acontece no Reino Unido, lembrou-se de realizar mais três sessões de cinema para cães amigáveis depois do sucesso que teve no último Domingo e o cinema-irmão Pálás, em Galway, vai seguir-lhe as pisadas e realizar também uma sessão cinematográfica canina na próxima Sexta-feira pelas 10 horas, tirando ambos partido da Páscoa. Os dois cinemas fornecerão um cobertor a todos os cães, para que possam sentar-se no assento ao lado dos seus donos e muitas tijelas de água.
Os proprietários dos cinemas pedem aos donos que se certifiquem de que os seus cães não ladrem durante o filme, pois a boa etiqueta no cinema aplica-se tanto a homens quanto a cães! Com os cinemas às moscas, muito breve teremos aqui sessões cinematográficas para cães amigáveis, até porque já se faz no estrangeiro e se lá se faz… é tudo uma questão de tempo! Com os poucos miúdos que temos entregues aos jogos de computador e que dificilmente alguém arranca de casa, nada como dar uma páscoa diferente aos “papás” dos cãezinhos que são cada vez mais! E meus amigos, já lá diz o velho ditado que “quem não sabe ser caixeiro, fecha a loja”. Terão os irlandeses um aforismo idêntico?
A propósito, os cães de guarda e aqueles que ainda se encontram por sociabilizar poderão ser englobados na categoria de “cães amigáveis” ou ver-se-ão obrigados a sessões domésticas de cinema? Tudo indica que o futuro será dos cães pacíficos!

PIADA DA SEMANA: O CADEADO

Um bêbado chega ao Palácio Nacional de São Bento e intenta estacionar ali a sua bicicleta, ignorando que naquele casarão funciona o Parlamento Português. O polícia de plantão ao palácio, adivinhando as intenções do ébrio, corre a avisá-lo para não deixar ali a bicicleta, dizendo-lhe que o local é frequentado por presidentes, ministros, outros governantes e deputados. O bêbado, depois de agradecer o conselho do polícia, respondeu-lhe: “Não se preocupe, esteja descansado, eu ponho o cadeado!”

terça-feira, 27 de março de 2018

ESTERÓIDES ANABOLIZANTES E ORELHAS CORTADAS

Há por aí muito cão sem cicatrizes na cabeça, com orelhas e lábios intactos, com um ar intimidador, a coabitar com os donos, sempre limpo, com espaço para andar e à vista de toda a gente que toma esteróides anabolizantes. E toma-os porquê? Obviamente porque lhos dão! E dão-lhos porquê? Para aumentar a massa muscular, para estimular a agressividade ou para as duas coisas. Como acontece no desporto, apesar de não considerar os shows de conformação eventos desportivos, nas exposições de beleza e também em todas as provas de trabalho caninas deveria haver um controlo antidoping como já acontece nas corridas de galgos a sério, coisa só possível quando houver legislação para tal e se disser quais são as substâncias proibidas.
A recorrência aos esteróides anabolizantes nos cães “retornou à base”, porque estas substâncias foram primeiro testadas em animais para depois serem aplicadas nos humanos. Excluindo-se a absoluta necessidade terapêutica, que ocupa pouquíssimo percentual no total do seu consumo, estas substâncias são abusivamente solicitadas por criadores e expositores caninos, que as usam e multiplicam o seu consumo à sombra de falsos rótulos de complexos vitamínicos e de produtos naturais, embuste que até à presente data só tem dado bons lucros. Como estou arredado do mundo equestre há alguns anos, desconheço se o mesmo acontece nos concursos de conformação equestres.
O que espera esta gente dos esteróides anabolizantes? Basicamente que eles dotem os seus cães de melhor apresentação e atitude, um revestimento que consiga dar maior definição muscular aos animais e que em simultâneo tape os seus medos e disfarce as suas fragilidades, vantagens que só alcançariam através de uma melhor selecção dos cães e pelo trabalho que desenvolveriam com eles. Na transacção canina que sucede entre os dois lados do Atlântico Norte, alguns criadores menos escrupulosos já despacham cães provenientes desta indevida “prescrição”.
A maior remessa de esteróides anabolizantes endereçada aos cães é proveniente de duas fontes: dos ginásios de musculação humanos e do convívio proporcionado por algumas provas desportivas caninas, onde são transaccionados “à média luz e como quem não quer a coisa”, de acordo com um pró-forma que mais denuncia do que encobre. Por norma, as substâncias oriundas dos ginásios não se destinam a cães de desporto, mas àqueles que geralmente acompanham os seus donos em serviços de segurança, que mediante a toma comum, em melhores “irmãos de sangue” se transformam (quem rebentará primeiro: o cão ou o dono?).
A procura sistemática dos esteróides anabolizantes destinados aos cães aconteceu primeiro a pedido dos proprietários caninos que se dedicavam à “luta de cães”, animais que se apresentavam cheios de cicatrizes na cabeça, arredados da assistência médico-veterinária, entre os 18 e os 25 kg, escondidos dos olhares alheios, de raça perfeitamente identificável, rodeados de porcaria, presos a pesadas correntes e a poucos centímetros uns dos outros, que desgastados precisavam de uma “ajuda” extra (há que agradecer às forças policiais nacionais terem acabado com as lutas de cães entre nós).
Hoje quem procura estas drogas fá-lo unicamente para aumentar a massa muscular e a agressividade dos seus cães, para que intimidem mais e sejam mais bravos. Há ainda quem vá mais longe e junte a isto o corte da cauda e das orelhas dos animais, para dificultar a leitura das suas expressões mímicas, que ao serem compreendidas aumentariam a sua vulnerabilidade pelas intenções manifestas, não sendo por isso de estranhar que, em algumas raças e certos serviços caninos, o corte das orelhas e da cauda seja quase rente ao focinho e ao tronco.
É evidente que a prática destes cortes é milenar e remonta aos primeiros cães protectores de gado, que invariavelmente eram obrigados a lutar contra os mais diversos predadores. Os cães de arena seguiram-lhes o exemplo e os actuais cães de luta perpetuaram-no. Considerando a salvaguarda de pessoas e cães, no dia em que proibimos os cortes de orelhas e caudas, acabámos por dar um passo decisivo na abolição e extermínio das abomináveis “lutas de cães”.
O consumo dos esteróides anabolizantes, assim como depressa surte efeito, também abrevia o número de dias dos seus consumidores, tanto pela cegueira que transmite como pelo desgaste que provoca e isto para já não se falar na elevada carga das suas contra-indicações, que ao induzirem à morte, atentam decisivamente contra a saúde e bem-estar dos cães. Por todas as razões que até aqui enumerámos, nunca nos agradaram cães de orelhas cortadas e com definições musculares pouco vistas, por suspeitar que por detrás disso possam esconder-se dois assassinos, independentemente de qualquer um deles ser imputável ou inimputável.
Todos os cães a quem cortam as orelhas e a cauda são potenciais assassinos? Claro que não! Contudo, pergunta-se: para que querem ocultar as expressões mímicas de cães domésticos que não são obrigados a enfrentar predadores? Alguém nos responderá que o faz por razões estéticas! Do mesmo modo, vale a pena perguntar: dar anabolizantes aos cães para quê, quando lhes fazem tanto mal? Alguém nos responderá que o faz também por razões estéticas! E como é tudo para o “figurino”, convém que nenhum de nós faça figura de parvo e se constitua em carneiro para o holocausto. A vaidade cega tanto que não consegue soltar-se da morte! Com cães alheios todo o cuidado é pouco e muito mais com aqueles cujas intenções desconhecemos e que parecem ter tudo para nos devorar.

segunda-feira, 26 de março de 2018

A CURA PODERÁ VIR DA “ONCOLOGIA COMPARATIVA”

O combate ao cancro está a unir médicos e veterinários num estudo agora designado por “Oncologia Comparativa”, na procura de tratamentos mais eficazes para os diversos tipos de cancro que afectam as pessoas e que são comuns aos cães, cuja diferença genética é muito pequena, uma vez que são 95% idênticos e as doenças que afectam os humanos são também quase idênticas, incluindo o cancro da mama, da próstata e o melanoma (os médicos estimam hoje que existem de 400 a 500 doenças que são geneticamente idênticas em pessoas e cães).
Nos Estados Unidos, nos últimos 5 anos, o “The National Cancer Institute” libertou verbas significativas para financiar o estudo de cancro em cães, como forma de melhorar a saúde humana, na esperança de que as suas semelhanças genéticas possam fornecer pistas para tratamentos mais efectivos. Foi graças ao que os cientistas aprenderam com os cães, que conseguiram salvar a vida de Emily Brown, que tinha 11 anos (hoje tem 31) quando lhe deram somente 3 meses de vida, por haverem-lhe detectado cancro nos ossos, que se espalhou pela coluna vertebral e pelas costelas, alcançando depois os pulmões.
A droga que foi aplicada a Brown, que mora em Monument, no Colorado, era uma droga experimental, não criada para humanos e somente destinada a combater o cancro em cães, que acabou por ser uma das quatro relativas à imunoterapia que mais tarde transitariam do uso veterinário para o humano por terem sido bem-sucedidas.  
Quem lidera nos Estados Unidos a “Oncologia Comparativa” é a Universidade Estatal do Colorado (CSU), que é um dos 20 principais centros médicos que conduzem testes clínicos de medicamentos que poderão potencialmente curar o cancro em cães. Nesse âmbito, os cientistas da CSU estão neste momento a estudar cerca de 3.000 Golden Retrievers, raça que apresenta maior percentual de cancro no panorama canino.
Estes cães são seguidos desde o seu nascimento e sê-lo-ão até à sua morte, o que contribuirá positivamente para a sua saúde e bem-estar, assim como para vários aspectos da saúde humana pelas práticas clínicas de que são alvo. Graças à “Oncologia Comparativa”, Emily Brown está livre de cancro há 20 anos, tudo graças a um medicamento na altura destinado a cães. Quem nos diz que a cura definitiva para todos os tipos de cancro não será primeiro encontrada nos cães e depois estendida aos homens? Tudo é possível, aguardam-se novos desenvolvimentos.

O MUNDO À NOSSA VOLTA: A POLÍTICA DAS MORTES

Tudo é política e o que ainda não é virá a ser! Eu nasci num tempo em que havia, para além dos “bimbos” (provincianos do interior norte da Metrópole), os “bumbos”, nome com que eram tratados os negros das províncias ultramarinas menos assimilados e mais primitivos, cuja forma no singular poderia ser sinónimo do termo racial “kaffir”, outrora tão em uso na África do Sul do Apartheid. Naquela época contava-se à guisa de piada que se um autocarro de bumbos se despistasse e todos os passageiros morressem tal seria um acidente; mas se os passageiros fossem todos brancos isso seria uma tragédia! Quase meio-século passado e continua-se a dar mais importância a algumas mortes do que outras, como se umas fossem muito importantes e outras não tivessem importância nenhuma, o que sempre facilitou as matanças indiscriminadas e os genocídios.
Quantas dezenas de favelados brasileiros será preciso matar para merecerem o mesmo tempo de antena que dois feridos de um atentado terrorista? Quantas crianças curdas e sírias terão ainda que morrer para merecerem o mesmo destaque das vítimas dos tiroteios escolares nos Estados Unidos? As suas mortes não importam? E não importam porquê? Porque estão longe e não nos dizem respeito? Se todos pensarmos assim, quem quererá saber de nós e donde nos virá o socorro? Dificilmente virá de quem não se identifica connosco, de quem se julga diferente e é indiferente à nossa sorte! Não estaremos obrigados a mudar de política?

domingo, 25 de março de 2018

TOCAR PARA CÃES OU POR UNS COBRES?

Desafortunadamente, nunca foi fácil para um músico viver ou sobreviver do seu trabalho. Foi assim no passado, continua no presente e sabe-se lá como será no futuro. Forçados pelas agruras da vida, muitos acabam entregues a trabalhos menores para se manterem à tona de água. Não sei se foi esse o caso de Iain Jackson, compositor que criou uma partitura de música clássica para cães, “A Dog’s Tale”, que conseguiu diminuir em média os batimentos cardíacos dos seus ouvintes caninos em 22%, comprovando assim que a música clássica acalma os cães como o faz com os humanos, ao fazer-lhes baixar a pulsação, a pressão sanguínea e diminuir-lhes os níveis de stress.
O experimento teve o patrocínio da conhecida marca de nutrição para animais de estimação Eukanuba e Iain adiantou assim quais os propósitos deste seu trabalho: “Havia dois elementos-chave para escrever esta música para cães. Em primeiro lugar, queríamos criar algo que tivesse um efeito calmante e ajudasse a relaxar os cães. E, em segundo lugar, queríamos contar a história da vida de um cachorro desde o filhote até a idade adulta, depois o seu amadurecimento até chegar a velho” e “queríamos que a música representasse a natureza, a personalidade e o bem-estar geral de um cão, ao mesmo tempo que celebramos o companheirismo que dividimos com os cães”.
Resta a dizer que a orquestra de Iain Jackson com os seus 10 executantes esteve no segundo dia do Crufts e que a Eukanuba encontrou mais uma manobra engenhosa para marcar pontos. Caso alguns dos nossos leitores desejem avaliar dos proveitos da partitura de Iain Jackson, basta procurar o link SoundCloud.com/EukanubaUK e escutar.

sábado, 24 de março de 2018

PIADA DA SEMANA: O PINGUIM

Uma moça loira acorda, chega ao quintal e depara-se com um pinguim. Surpresa com aquele encontro, olha para o lado, avista o vizinho e diz-lhe: “Já viu o que me veio aqui parar? Um pinguim! E agora o que é que faço?” O vizinho, também confuso, respondeu-lhe que o melhor era levar o animal ao Jardim Zoológico. No dia seguinte, o bom homem olha para a casa da loira e vê-a a sair com o pinguim atrelado a uma coleira. Perplexo, pergunta-lhe se ela já tinha levado o pinguim ao Jardim Zoológico, obtendo dela a seguinte resposta: “Levei e ele gostou muito! Hoje vai ao Centro Cultural de Belém”.
PS: Não temos nada contra as pessoas loiras, muito pelo contrário.