terça-feira, 1 de agosto de 2023

SELECCIONAR CÃES: O EXEMPLO NEOZELANDÊS

 

A Nova Zelândia irá gastar mais do que 1,7 milhões de dólares neozelandeses (quase um milho de euros) num novo projecto liderado pela indústria para melhorar a criação de cães de fazenda (pastores de gado). A iniciativa terá uma duração de três anos, será apoiada pelo governo do país e aplicará a metodologia actualmente em uso na criação de ovelhas e de gado de elite (não brincam em serviço!). Estima-se que existam actualmente cerca de 200.000 cães de trabalho nas fazendas da Nova Zelândia. O projecto de NZ$ 1,77 milhões é apoiado pelo governo através do seu Fundo de Alimentos e Fibras Sustentáveis, com o Ministério das Indústrias Primárias a investir NZ$ 770.000. A Massey University, a Focus Genetics e a VHL Genetics contribuirão com 1 milhão de dólares americanos e serviços. O Ministro da Agricultura da Nova Zelândia, Damien O’Connor, disse que o objectivo do projecto é minimizar os riscos para os agricultores na selecção de um novo cão. “Sabemos que os cães de trabalho desempenham um importante papel em milhares de fazendas da Nova Zelândia, ajudando a movimentar e a reunir o gado em toda a região de ovinos e bovinos. Um bom cão também faz maravilhas pelo bem-estar do fazendeiro (…) Montar uma equipa de cães é um investimento significativo para os pastores e este projecto dar-lhes-á maior segurança na escolha dos cachorros”, disse ele.

O projecto será liderado pelo AL Era Center for Genetics and Breeding, um campus satélite da Massey University em Ruakura. A equipa de selecção trabalhará também com parceiros da indústria, com a Pamu, com a Beef and Lamb New Zealand (B+LNZ) e com a New Zealand Sheep Dog Trial Association para envolver os agricultores e os seus cães em todo o país. “Os nossos trabalhadores que quatro patas são uma contribuição valiosa para a produtividade nas fazendas, bem como para a saúde mental e bem-estar dos agricultores”, disse O’Connor. “Este projecto será a investigação genómica mais detalhada das raças de cães de fazenda da Nova Zelândia até o momento, com potencial para melhorar a saúde, o bem-estar e o desempenho no trabalho dos cães. “Uma parte do projecto identificará as características desejadas dos cães de fazenda e desenvolverá novos critérios de previsão genómica para ajudar na seleção de cães melhorados”, acrescentou. “Outra envolverá o sequenciamento do genoma e a genotipagem (1) para estabelecer uma compreensão básica das mutações causadoras de doenças recessivas que podem ser transmitidas por essas raças. “Através deste projecto, podemos esperar ver cães com melhor saúde e demonstrando superior desempenho no trabalho (…) Assim, com o tempo, o 'melhor amigo' do agricultor tornar-se-á um amigo 'ainda mais valioso”, acrescentou o mesmo ministro.

Sem qualquer sombra de dúvida, este projecto científico é um excelente exemplo de uma parceria público-privada bem conseguida em prole da pecuária e dos superiores interesses da Nova Zelândia, que assentam economicamente em parte sobre o trabalho dos cães pastores. Ao levar a cabo um projecto destes, os neozelandeses estão a contribuir definitivamente para o avanço da canicultura no seu país e no mundo, a estripar dela o amadorismo que até hoje tem obstado ao seu avanço científico.

(1)Processo laboratorial para determinar variantes genéticas no ADN de um organismo biológico (ex.: exames de genotipagem; genotipagem do VIH).

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