quinta-feira, 17 de agosto de 2023

OBSÉQUIO ENTENDIDO COMO ATREVIMENTO

 

Não restam dúvidas: a ignorância dos donos e das vítimas é o que mais contribui para os ataques caninos, pois não faltam por aí donos que têm ilustres desconhecidos de quatro patas dento de casa e vítimas que se põem a jeito sem saber! Segundo foi comunicado pela polícia hoje, uma jovem de 26 anos, empregada de um restaurante na cidade alemã de Karlsruhe, ao querer colocar uma tigela de água no chão para o cão de um cliente, foi ferida gravemente numa mão e na cabeça pelo animal, um Leão da Rodésia com 3 anos de idade que se encontrava preso debaixo da mesa. A incauta e bem-intencionada jovem teve que ser levada para o hospital para ser tratada dos seus graves ferimentos. De acordo com um porta-voz policial, o dono do cão, homem de 63 anos, poderá ter que responder por danos corporais negligentes. O Esquadrão de Adestramento da polícia assumiu a investigação do caso anteontem, terça-feira.

Os cães que têm por missão olhar por si e pelos seus donos, se não lhes for dada ordem em contrário, resistem à aproximação de estranhos. Por outro lado, todo e qualquer cão, mesmo o mais frágil e inseguro deles, ao lado do seu dono, sente-se seguro e pode reagir negativamente quando surpreso ou forçado a interagir, principalmente perante desconhecidos. Os cães cujos donos dividem as suas vidas com eles, devido à proximidade da relação alcançada, tendem a devolver em protecção os cuidados que recebem. E como se isto não bastasse, a maioria dos cães, tenham eles pedigree ou não, possui um forte sentimento territorial que os leva a defender o seu espaço, o património que nele há e o seu grupo, que pode ser constituído apenas por pessoas. A bem-intencionada empregada do restaurante foi colocar-se no lugar do morto e o seu obséquio foi entendido como o atrevimento próprio de um intruso. Para segurança dela, como deveria ter procedido naquela situação? Deveria ter dado a tigela ao dono ao invés de distribuí-la ao cão, cabendo-lhe a ele a sua distribuição! Convém relembrar que a aceitação de desconhecidos pelos cães não é gratuita nem automática, carece de afincado empenho na sua sociabilização, que por sua vez precisa de tempo e não dispensa o treino aturado. Com o Leão da Rodésia anichado entre as pernas do dono e uma mão estranha a aproximar-se, o que era esperado acontecer?

PS: Os dentes do Leão da Rodésia são muito aguçados e picam como alfinetes, cortam como navalhas afiadas e uma dentadita de brincadeira é suficiente para nos pôr a sangrar. Afortunadamente a sua força de mordedura não é muito elevada, mas o seus cortes não deixam de ser profundos (calculo em que estado ficaram a mão e a cabeça da empregada do restaurante, que indevidamente deveria ter mostrado a cabeça ao cão quando lhe foi dar água).

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