sábado, 5 de agosto de 2023

ENSINAR A TRACCIONAR PARA O CASO DE VIR A SER PRECISO

 

Apesar de não ser um adepto confesso do Mushing, sei bem o que é, aquilo a que se propõe e as regras a que obedece, que são válidas para a generalidade dos cães salvo alguns pequenos detalhes ligados às diferentes morfologias caninas. Ensino os cães saudáveis a traccionar para o caso de vir a ser preciso, como prestação de socorro e a pensar no transporte de algum sinistrado. Na nossa sessão de treino matinal de hoje, depois do período dedicado à obediência, o tempo do trabalho específico foi preenchido pelo ensino da tracção e todos os cães presentes foram para ela convidados, sem acessórios próprios para a sua prática, mas reproduzindo uma situação emergente, pela codificação (assimilação) da ordem dada que tende a ultrapassar várias dificuldades. Considerando em primeiro lugar o bem-estar do artista convidado, um garoto de 6 anos e dos cães concorrentes a esta habilitação, partiu-se do simples para o complicado no reboque de uma trotineta com um pequeno passageiro que em valentia tem o dobro do seu tamanho. Os cães foram convidados um a um pelos seus donos a rebocar individualmente a passo a trotineta num terreno já seu conhecido - no círculo de obediência, primeiro isolados e depois com um cão em cruzamento frontal (foto acima). Com todos os cães aprovados, passou-se ao exercício da tracção com dois cães já conhecidos um do outro e pertencentes ao mesmo dono, ainda que díspares de morfologia e envergadura (foto seguinte).

Para maior segurança da criança participante, os donos e condutores dos cães deslocavam-se ao seu lado. Perante a resposta afirmativa dos animais, foi-lhes solicitada a transição do passo para a marcha, o que obrigou o seu condutor também a correr para lhes servir de incentivo. A disposição dos cães não poderá ser arbitrária, pelo que importa escolher qual o cão que melhor se adapta para circular do lado do dono e aquele irá por fora, para que se constituam numa verdadeira equipa e dividam equitativamente o esforço entre si.

Como não há nada que veterano CPA não aprenda sem grande dificuldade, também o convidámos para a tracção na companhia do seu velho e vigoroso amigo – o Soneca - cão que na verdade “é pau para toda a obra”. Com o lupino ao lado do dono e com a obediência cega do bracóide, tudo correu literalmente sobre rodas, tanto a passo como em marcha, apesar dos dois cães terem os seus estranguladores presos na mesma trela.

De dois passámos para três cães, o que obrigou à troca de condutor, dando lugar a um mais hábil e experiente, capaz de manter a disciplina interna do grupo animal e motivá-lo para o esforço pretendido, o que veio a acontecer conforme o esperado. Depressa aprendeu o garoto a ter o pé o pé direito sobre a mola do travão, porque trabalhar com cães principiantes obriga a muita cautela.

Escolhemos o cão que mais garantias dava para executar o reboque da trotineta a galope num percurso circular com o dono a seu lado, que jamais seria possível sem a destreza e o à vontade do garoto (chama-se Simão), que dia após dia não pára de nos surpreender (tem pinta de atleta e resiliência que sobre para isso).

Finalmente chegou a hora da verdade: um percurso linear a galope sem o acompanhamento do dono, mas iniciado pelo seu chamamento. O Simão nunca tinha andado tão rápido de trotineta e o pai no final do percurso mostrou qualidades para ser um bom guarda-redes! O S.L.Benfica não anda à procura de um para substituir Odisseas Vlachodimos?

O calor não nos atrapalhou os trabalhos porque só começou a sentir-se depois das 13 horas. A Maria e o Dobby não compareceram para grande tristeza nossa, porque a simpática ribatejana teve que valer à sua mãe num momento de especial aflição. Deseja-se que tudo não passe de uma indisposição passageira, que a anciã recupere rapidamente e que a Maria retome o seu lugar entre nós. Quanto ao dia de trabalho, não poderia ter sido melhor aproveitado.

Sem comentários:

Enviar um comentário