quinta-feira, 31 de agosto de 2023

ONDE HÁ GATO PODE HAVER PISTOLA!

 

No município alemão de Wilsdruff, situado no distrito de Sächsische Schweiz-Osterzgebirge, no estado de Sachsen, ontem, quarta-feira, por volta das 15h25, durante um passeio, o dono de um Buldogue Francês, senhor de 42 anos de idade, deparou-se com um gato, segundo anunciou hoje o Departamento de Polícia de Dresden. No exacto momento daquele fortuito encontro, um homem de 60 anos gritou de uma janela ali perto e insultou o proprietário canino. O dono do cão, homem de 42 anos de idade, decidiu ir até à janela conversar com o homem revoltado. Só que ao invés de conversar, o sexagenário sacou de uma pistola e apontou-a ao dono e ao cão, desenterrando depois um pedaço de pau com qual agrediu o dono do animal, sem contudo o aleijar. Após a comparência da polícia, a arma, que era uma falsa pistola, foi finalmente recuperada, acabando o seu portador a ser investigado por ameaças.

As discussões entre donos de animais de estimação costumam ser estupidamente acaloradas, levadas a peito e de consequências imprevisíveis, tornando-se nos casos mais extremos em verdadeiras lutas de vida ou de morte, valendo-se cada oponente daquilo que tiver à sua disposição. Por causa de um cão, de um gato ou de outro animal de estimação já houve gente que saiu ferida, morreu ou foi parar ao hospital de urgência, porque a violência parece pairar no ar e o respeito mútuo ter ido de férias. E depois, nem todas as pistolas apontadas em casos destes são de brincadeira e muitas vezes são puxadas por tudo e por nada. Grande número das discussões em torno dos animais de estimação deve-se ao confronto entre cães e gatos, como se fossem incompatíveis uns com os outros, quando na verdade não são, bastando para isso sociabilizar os cães com estes pequenos felinos, sociabilização que uma vez alcançada, acabará por evitar indesejáveis conflitos, restabelecer a harmonia entre os animais e surpreender muita gente.

A sociabilização dos cães com os outros animais está longe de ser uma casmurrice minha, ela é obrigatória à face da lei – todos os cães carecem de estar sociabilizados. Diante desta obrigação nenhuma escola canina se pode escusar, devendo ser inclusive uma das suas prioridades, porque para além das irrefutáveis exigências legais, nenhuma disciplina cinotécnica se mantém de pé sem o contributo da sociabilização, a menos que abandonemos as disciplinas clássicas e nos dediquemos todos ao ofício cinegético, opção que gradualmente parece ter os dias contados. Se a pistola do sexagenário de Wilsdruff fosse verdadeira, poderia ter acontecido ali uma tragédia. Livre-se de tragédias e de trágico-comédias – sociabilize o seu cão!

INVASÃO DE CASAS PARA APREENSÃO DE CÃES PERIGOSOS

Ontem em Inglaterra, quarta-feira dia 30 de agosto, três cães foram apreendidos pela polícia por representarem um “risco potencial para o público”. Os agentes policiais deram cumprimento a dois mandados em propriedades de Kidderminster e Worcestershire. A Polícia de West Mercia disse que agiu com base em informações fornecidas acerca de cães perigosos, suposta criação ilegal de cães e possível vida selvagem proibida mantida em dois endereços na mesma rua.

Duas casas foram revistadas nesta operação que envolveu várias agências, juntando-se a polícia aos Serviços Reguladores de Worcestershire, à RSPCA, a um especialista veterinário e a consultores especializados em animais exóticos. Nenhuma prisão foi efectuada. Os agentes policiais apreenderam três cães identificados como perigosos de acordo com a Secção 1 da Lei relativa aos cães perigosos, a mesma que proíbe a posse, a venda, a criação, a doação ou o abandono de certo tipo de cães. No decorrer da operação, a polícia deu o seu parecer sobre o estado das propriedades para o alojamento de animais.

Alguns representantes da RSPCA também estiveram presentes como consultores e estão agora a investigar o assunto. A inspectora do bairro mais seguro de Kidderminster, Lisa Hornberger, disse estar satisfeita pelos mandados terem sido executados com sucesso após um bom trabalho de investigação. “Os mandados mostraram que levamos muito a sério as preocupações da comunidade acerca dos cães perigosos e da criação ilegal, e não deixaremos de agir com base nas informações que nos forem dadas (…) Estamos satisfeitos por termos apreendido três cães que representavam um risco potencial para o público e isso também deve servir para avisar que as raças ilegais são proibidas por algum motivo e que não serão toleradas na nossa área” – disse ela.

Resta saber se os cães eram realmente perigosos ou se foram apenas apreendidos por causa da sua raça. Os agentes policiais envolvidos nesta missão, entre eles algumas senhoras, usaram de todas as cautelas e mostraram estar preparados para qualquer eventualidade. Deseja-se que os cães sejam poupados, porque não escolheram ser quem são e podem até não ser agressivos, porque em todas as raças subsistem indivíduos dóceis, mesmo naquelas onde à partida isso não seria esperado. 

OZZY: PEQUENOS MOMENTOS, GRANDES LIÇÕES

 

Ontem, a lição do Ozzy constou do aprimoramento do “junto” em locais bastante concorridos por adultos, crianças e outros cães, para além de dois encontros já programados. O primeiro encontro, a que se reporta a foto acima, foi com um garoto que se encontrava descontraidamente a jogar à bola num largo. Ao ver a bola, o Ozzy ficou totalmente “possesso”, não respeitou qualquer comando e nem ouviu qualquer reparo, obsessão que ao não ser controlada, poderá colocar-lhe a vida em risco e a integridade dos futebolistas de ocasião, particularmente se forem crianças, com quem o pequeno Yorkshire ainda nutre alguma inimizade. Como a experiência não alcançou o resultado esperado, teremos que a repetir amiúde até que o cão fique condicionado a desprezar as bolas que não lhe pertencem. O segundo encontro foi com duas cadelinhas sensivelmente do seu tamanho, que apesar de não serem esterilizadas, se mostraram estranhamente receosas (foto abaixo).

O Ozzy já não liga para os cães grandes, o que é uma óptima notícia para o seu bem-estar e sobrevivência (também já não persegue pombos), mas se lhe permitirem, não hesitará em mostrar os dentes aos cães do seu tamanho, pelo que importa vencer este disparate. Nas mãos do Adestrador, depois de ser chamado à atenção, o Yorkshire suspende automaticamente as suas manifestações agressivas; nas mãos da dona ainda as potencia, transformando-se num diabinho barbudo de 4 patas. Perante a dificuldade há que dotar a dona da liderança necessária à cessação destes ataques inusitados. Nas aulas colectivas, onde conta com a presença dos Pastores Alemães, ao respeitá-los, o Ozzy não toma a iniciativa de atacar cão algum, reagindo apenas em cadeia. Mas ontem esteve apenas com a sua dona e quando assim é, não se importa de ser ele contra o mundo! Breve esta situação será ultrapassada.

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

CAIRÁ MANÁ DOS CÉUS DE CANNING TOWN?

 

Canning Town é um distrito no bairro londrino de Newham, no leste de Londres, lugar onde vive Emma Slade (na foto acima), que deixou a sua carreira bancária no Goldman Sachs de 16 anos depois de ter adquirido o seu Cockapoo, um híbrido de Cocker Spaniel com Poodle, que lhe deu “uma nova perspectiva de vida”. Sobre a sua inesperada mudança de vida, a senhora de 43 anos disse a propósito: “Percebi que não estava tão feliz como dantes… havia mais na vida do que dinheiro”. Ela já arrecadou mais de 1.600 libras para uma instituição de caridade canina do norte de Londres, ao fotografar cães que ela mesmo ajudou. Planeia publicar um livro em novembro com os 36 cães que fotografou e que foram resgatados pala All Dogs Matter, com sede em Haringey. “Alguns deles tiveram um início de vida horrível”, disse ela. Slade explicou que o seu interesse pela fotografia se limitava até ali a tirar fotos nas férias, mas que depois de adquirir o seu cachorrinho “Schlappohr”, nome alemão para “orelhas caídas”, tudo mudou, porque a chegada do cachorrinho deu-lhe uma “nova perspectiva” de trabalho. Ira Moss, fundadora do All Dogs Matter, disse que o dinheiro arrecadado será usado para pagar as contas do veterinário de um ou dois cães do centro, já que “muitos cães que chegam têm problemas médicos”, disse ela. “As pessoas gastam 2.000 libras para comprá-los, mas quando ficam doentes, não querem gastar dinheiro no veterinário”, acrescentando que o abandono canino atingiu a taxa mais alta após o aumento do número de proprietários causado pela pandemia.

Disso não restam dúvidas, mas de que viverá a nossa fotógrafa de vocação tardia? Como se sustentará Emma Slade? Cairá porventura maná dos céus em Canning Town ou estaremos na presença de outro milagre? Estou certo que não passará fome para dar de comer aos cães, a menos que seja louca ou “não jogue com o baralho todo, o que me custa a acreditar sendo ela uma inglesa, cuja cultura impele os indivíduos para actividades auto-sustentáveis. A sua mudança de vida é maravilhosa, surpreendente e fá-la sentir bem, própria de um sonho que ela está a realizar, mas que de alguma forma terá que ser suportada por ela ou por alguém que lhe seja próximo! Terá nascido rica, recebido alguma herança, consegue viver dos rendimentos? É bem possível, porque meter-se numa aventura destas quanto se é novo demais para se aposentar e velho demais para encontrar um novo emprego, é uma senhora aventura!  

DOIS LEITORES DO ESQUECIDO RIO DO OURO

 

O nome RIO DO OURO pouco ou nada há-de dizer à maioria dos portugueses, sejam eles velhos ou novos, mas foi o nome dado pelos navegadores portugueses ao território que hoje conhecemos como SAARA OCIDENTAL, depois de terem passado o CABO BOJADOR, estabelecendo ali relações amigáveis e fazendo múltiplas trocas comerciais. Com o desenrolar dos descobrimentos portugueses em África, essas trocas e intercâmbio foram diminuindo até que os espanhóis ocuparam o território e de lá só saíram em 1975, ocasião em que a Espanha cedeu o controlo administrativo do território conjuntamente a Marrocos e à Mauritânia, mantendo-se o primeiro ainda como potência ocupante. Não obstante, as Nações Unidas consideram a Frente Polisário a legítima representante do povo sarauí e afirmam que os sarauís têm direito à autodeterminação.

O Saara Ocidental é um território na África Setentrional, limitado a norte por Marrocos, a leste pela Argélia, a leste e sul pela Mauritânia e a oeste pelo oceano Atlântico, por onde faz fronteira marítima com a região autónoma espanhola das Canárias. A sua área de superfície é de 266 000 km² e é um dos territórios mais escassamente povoados do mundo, formado principalmente por planícies desérticas. A população é estimada em pouco mais de 500.000 habitantes, dos quais quase 40% vivem em El Aiune, a capital e maior cidade do Saara Ocidental. O controle do território é disputado pelo Reino de Marrocos e pelo movimento independentista Frente Polisário, que apesar de praticamente esquecido pela comunidade internacional, continua a não virar a cara à luta. Em 2020, os Estados Unidos reconheceram a soberania marroquina sobre o Saara Ocidental em troca da normalização marroquina das relações com Israel. Os sarauís são maioritariamente uma mistura de árabes e berberes, quase todos muçulmanos, muito embora haja entre eles quem pratique a geomancia (1). Falam árabe, berbere, castelhano e também francês.

Hoje tivemos dois leitores do Saara Ocidental, o que foi para mim motivo de redobrada alegria, porque pretendemos com as nossas publicações alcançar todos os povos do mundo e estabelecer com eles intercâmbio cultural. Desejo que estes dois habitantes das terras quentes e áridas do Rio do Ouro continuem a visitar-nos, a fazer-se presentes na lista dos nossos leitores, que nós procuraremos por todos os meios ao nosso alcance conservar o seu interesse. Estendemos-lhes imediatamente o nosso caloroso bem-vindo e sentimo-nos gratos pelo seu contacto.

(1)Geomancia é um método de adivinhação que interpreta as marcas no chão deixadas por terra, rocha e areia depois de lançadas. A forma mais prevalente de geomancia divinatória envolve a interpretação de uma série de 16 figuras formadas por um processo aleatório que envolve a recursão seguida de uma análise, frequentemente complementada com interpretações astrológicas.

3 CAMARADAS A LABUTAR PRÀ LONGEVIDADE MÚTUA

 

Como todos sabemos ou deveríamos saber, quanto mais rica for a vida social dos cães mais chances têm de vir a ter um vida longa, o que torna a sociabilização com pessoas e cães no melhor dos antídotos contra a sua menor esperança de vida, não esquecendo como é óbvio o precioso acompanhamento médico-veterinário. Ao trabalharem em conjunto com o Yorkshire Ozzy, os CPA’s Bohr e Dobby, para além de aprenderem as necessárias regras de convivência, o que os coloca em igualdade a despeito das suas diferenças, estão a estender reciprocamente a longevidade uns aos outros pela camaradagem que a divisão das tarefas oferece e que acaba por recriar o seu natural viver social. E o mais curioso disto tudo, é que estão a escrever páginas das suas vidas sem darem por isso. Iniciámos a aula de ontem pela obediência linear sobre um magnífico relvado muito bem tratado, onde os binómios foram convidados a executar os subsídios direccionais e as figuras de obediência mais recorrentes, muito embora a relva esteja para a tosse do canil e para outras infecções (bacterianas, microbiais e virais) como um fósforo para as ignições.

Depois de condenado a uma semana de ausência das aulas, o CPA Dobby retornou ao trabalho e apresentou-se coma mesma disponibilidade de sempre, encantado por ter a sua dona ao lado e sempre ávido de novos desafios. Na foto seguinte, em porte majestoso e no desempenho do “junto”, vemo-lo a olhar atentamente para a sua líder como que a dizer “conta comigo!”

Lupino ligado a compromissos, o Dobby prontificou-se a saltar um comum bebedouro de jardim, apesar da sua dona não lhe ter facilitado a tarefa, uma vez que mais uma vez não se adiantou na saída do salto, obrigando o animal a saltar ancorado.

Do jardim saímos para um Slalom urbano e os cães foram convidados a fazê-lo conjuntamente para se tirar partido da sua competitividade natural. Pese embora o seu pequeno tamanho, o Yorkshire Ozzy é de uma celeridade estonteante, o que obriga a sua dona a esforços a que já não estava acostumada. Porém, ninguém espera pela Margarida!

Seguidamente pusemos os cães a saltar em simultâneo duas floreiras cobertas de serralhas, erva comestível rica em proteínas e vitaminas que ninguém aproveita. A sincronia entre os cães resultou em pleno, indício claro da sociabilização que se procura.

Apesar de ser menos útil aqui do que na Ucrânia, ainda bem que o Ozzy nasceu português, porque doutro modo acabaria como cão detector de explosivos, considerando o seu tamanho, máquina sensorial, intrepidez, curiosidade, desejo de interagir e capacidade de aprendizagem. Como os soldados podem morrer na guerra, quer sejam homens ou cães, é melhor que o Ozzy usufrua da paz à sua volta e se divirta a evoluir por passagens estreitas e a explorar os túneis mais exíguos.

Ainda não se sinta cem por cento à vontade ao lado do CPA Bohr, porque o velho lupino, agora numa crise de meia-idade, não pára de lhe cheirar o rabo, o incómodo não o impede de se sentar ao seu lado e por vezes até com mais garbo. Ultimamente não têm trabalhado muitas vezes juntos devido aos múltiplos afazeres do Paulo Jorge, uma verdadeira vítima nas mãos da sua entidade empregadora.

Com a ventania que ontem ao entardecer se fez sentir, corremos literalmente ao sabor do vento, sem contudo nenhum cão ter ido pelos ares. Os Pastores Alemães gostaram da ventania e o Ozzy, apesar de despenteado, não se sentiu incomodado. As metas e os objectivos do Plano de Aula foram cumpridos.

terça-feira, 29 de agosto de 2023

PRECISA-SE DE 70 CÃES IDOSOS PARA UM ESTUDO SOBRE O ENVELHECIMENTO CANINO

 

A ÉCOLE NATIONALE VÉTÉRINAIRE DE TOULOUSE (ENVT) decidiu lançar um estudo sobre o envelhecimento canino, mas está com dificuldade em “recrutar” candidatos, 70 cães com um mínimo de 8 anos de idade, com um peso mínimo de 20 kg e que se encontrem em bom estado de saúde, com o objectivo de alimentá-los com ração fornecida por aquela escola e realizar-lhes check-ups semestrais. “Os nossos cães de companhia vivem cada vez mais, mas a sua expectativa de vida saudável não aumentou”. Esta observação proveio da Escola Nacional de Veterinária de Toulouse (Haute-Garonne), que decidiu lançar um estudo denominado “CANISENIOR” para tentar melhorar as condições de envelhecimento nos cães. Contudo, segundo relata o jornal Actu Toulouse na sua edição de sábado, dia 26 de agosto, os autores do estudo estão a lutar para encontrar candidatos. “O objetivo do projecto é monitorar 70 cães idosos ao longo de um ano e meio ”, explicou a médica veterinária Tiphaine Blanchard.

Depois de conferidos a idade, o peso e o estado de saúde dos cães, estes serão sujeitos a uma consulta médica gratuita na ENVT, onde serão sujeitos a uma avaliação completa, integrando o presente estudo depois de aprovados. Durante um ano e meio, os donos terão que seguir um programa bem definido e terão que alimentar os seus cães com a ração fornecida pelos veterinários do estudo. A ração a respeitar será adiantada posteriormente. De seis em seis meses, cada cão passará por uma consulta, um exame de sangue e uma análise da microbiota intestinal. Os donos dos cães comprometem-se ainda em alertar os veterinários no caso de observarem algum problema de saúde nos seus cães durante a experiência. As consultas realizadas no âmbito do estudo “CANISENIOR” são gratuitas mas obrigatórias. A ração será entregue aos proprietários caninos a cada três meses, directamente na Escola Nacional de Veterinária de Toulouse, que no seu site especifica que não irá substituir os veterinários que tratam dos cães, pelo que não os monitorará a eles nem às suas vacinas.

Penso que a resistência à participação neste estudo por parte dos donos dos animais se deve ao facto de não querem fazer dos seus fiéis amigos cobaias, não antevendo para eles algum benefício imediato. Por outro lado, atendendo à idade mínima que é requerida, poucos estarão na disponibilidade de sujeitar os seus velhos companheiros a experiências, mesmo que venham a ser para o bem dos cães em geral. Penso que o tempo correrá a favor dos veterinários da ENVT, caso consigam garantir aos donos que os seus cães não correm qualquer risco!

AS VESPAS VOLTAM A ATACAR EM BAD KREUZNACH

 

Na cidade alemã de Bad Kreuznach, no estado de Rheinland-Pfalz, centenas de vespas construíram mais uma vez um ninho à beira de um caminho bastante popular, trajecto que agora se encontra encerrado por razões de segurança, uma vez que alguns cães já foram ali atacados. Michael Vesper, Director-Geral da Gesundheit und Tourismus für Bad Kreuznach GmbH (GuT), disse que o ninho das vespas fica bem no limite do Rheingrafenstein Classic Tour. O encerramento daquela área pretende evitar que os caminhantes que por lá passassem viessem a ser mordidos pelas vespas ao sentir-se ameaçadas por eles. À excepção dos cães, ninguém mais foi atacado este ano. Este não é o primeiro ninho de vespas em Bad Kreuznach, mas a situação tem-se agravado nos últimos anos e já aconteceram ataques a caminhantes perto de Rotenfels, o que levou também o GuT ao isolamento da área, apesar de algumas pessoas não terem respeitado as barreiras de segurança que lá tinham sido colocadas.

Quem tem cães ao ar livre ou num quintal, logo a partir do mês de abril, deverá passar em revista as instalações mais próximas dos locais de abrigo e dos bebedouros e comedouros dos cães, locais que as vespas procuram amiúde e onde nas suas cercanias procuram construir ninhos, por lhes ser facilitado o acesso à comida e à água. Este trabalho de prevenção pode evitar maiores e futuros problemas, porque sempre será mais fácil tolerar uma ou duas vespas do que enfrentar uma colónia delas. As vespas só atacam os humanos se sentirem ameaçadas e picam-nos até morrerem porque, ao contrário das abelhas, não perdem o ferrão. Com facilidade são os cães picados por elas, quando estas rodeiam as suas tigelas, ocasião em que os cães as caçam como fazem com as moscas, acabando normalmente de focinho inchado durante algumas horas, necessitando alguns de socorro médico-veterinário, particularmente os braquicéfalos cujo focinho sofre horrores.

Apesar da extracção de um ninho de vespas estar ao alcance de qualquer um, isso não significa que todos o possam fazer, porque exige saber, experiência e gente que não seja alérgica à picada das vespas. A eliminação de um ninho de vespas (vespeiro) assenta normalmente sobre a aplicação directa de pesticidas e na total remoção mecânica do ninho, operação que deverá ser levada a cabo ao amanhecer ou ao entardecer, o que tornará os métodos mais eficazes perante a menor actividade das vespas nesses períodos do dia. Contudo, aconselha-se a requisição de um profissional para este trabalho, apesar de alguns insecticidas para o efeito se encontrarem em regime de venda livre.

Como os menos conhecedores poderão confundir a vespa asiática (Vespa mandarina) com a vespa comum (Vespa crabro), apesar das diferenças entre elas (a vespa asiática é um insecto mais escuro e um pouco maior do que a congénere autóctone, o seu corpo é aveludado e escuro, assim como os dois pares de asas, sendo as patas castanhas com extremidades amarelas, o que as distingue e sua a cabeça é preta com faces amarelo-alaranjadas). Se já não é fácil enfrentar um vespeiro de vespas autóctones, enfrentar um de vespas asiáticas pode ser o cabo dos trabalhos! Se porventura estiver na presença de uma vespa asiática ou de um ninho deverá reportar a sua existência a qualquer entidade de segurança ou à autarquia, poderá também fazê-lo em STOPvespa (stopvespa.icnf.pt), A destruição destes ninhos não deverá ser feita de modo autónomo por quem os avista, porque a sua perturbação ineficaz poderá gerar um ataque por parte das vespas asiáticas e proceder à sua posterior disseminação. Assim, estas acções, em princípio nocturnas já que esta Vespa é diurna e recolhe ao ninho à noite, deverão ser sempre executadas por profissionais (Bombeiros, GNR-SEPNA, Protecção Civil).

Não se incompatibilize nem proceda ao extermínio das vespas comuns, porque elas desempenham um papel essencial nos ecossistemas, em áreas como a protecção de culturas agrícolas e no desenvolvimento de medicamentos, podendo ser usadas como um meio sustentável no controlo de pragas em países em desenvolvimento, especialmente nos tropicais, onde os agricultores podem recorrer a uma espécie local com um risco mínimo para o ambiente. Ao procederem ao controle biológico dos insectos nocivos à agricultura, as vespas acabam por ser de suma importância para os humanos e para o combate à fome. Por alguma razão o pessoal de Bad Kreuznach isolou o caminho e não procedeu simplesmente à eliminação das vespas! Por outro lado, atendendo aos eventuais perigos para a sua saúde, não deverá ser consentido aos cães que cacem e comam insectos, porque quem come moscas, sem grande dificuldade comerá também uma abelha, uma vespa ou uma vespa assassina. É evidente que o aparecimento de moscas está ligado a locais pouco higienizados, a fezes abandonadas ou a restos de comida expostos ao sol – há que evitar os chiqueiros! A somar a isto, imagine-se o disparate que seria se todos os cães existentes no mundo matassem uma vespa por dia! Ficaríamos mais ricos?

AGRADAR A GREGOS E A TROIANOS EM WELLINGTON

 

Com o aproximar do verão no Hemisfério Sul, que acontece na Nova Zelândia de dezembro a janeiro, o município da cidade de Wellington, capital neozelandesa, pondera deixar correr os cães soltos durante todo o ano. Se esta proposta for aprovada, os cães serão permitidos na praia de Oriental Bay no próximo verão até às 10 horas da manhã e depois das 19 horas. Não obstante, o conselho citadino adianta uma advertência –os proprietários caninos são obrigados a recolher os cocós dos seus cães, caso contrário enfrentarão uma multa de 300 dólares. A vereadora da cidade Terri O’Neill disse que os novos horários propostos para cães soltos irão ajudar a enfrentar o “enorme boom” da posse de cães devido ao Covid-19. “Para cada 16 pessoas, há um cão. À medida que a cidade cresce, precisamos de mais aglomeração e isso significa mais apartamentos e menos 100 metros de verde na parte de trás da sua casa”, disse O’Neill.

Debaixo das restrições ainda em vigor, os cães estão proibidos de estar na praia entre o 1º dia de novembro e o dia 30 de Abril, período em que começa e acaba ali a época balnear. Com esta proposta, o município de Wellington tenta, de uma forma consensual, agradar a gregos e a troianos, ao não beliscar os interesses dos banhistas e ao ir ao encontro das pretensões dos donos dos cães, porque antes das 10h00 da manhã dificilmente alguém vai para a praia e depois das 19 muito menos, porque na Nova Zelândia, mesmo no verão, corre sempre uma brisa gelada ao anoitecer. Esta solução engenhosa também poderia ser aplicada nas nossas zonas balneares sem praias específicas para cães, desde que a fiscalização fosse efectiva, o que infelizmente não tem acontecido. A multa para quem não apanhar os dejectos do seu cão nos concelhos ao redor de Lisboa pode chegar aos 1.000€ (3 vezes mais do que a estipulada em Wellington), mas raramente alguém é multado por causa disso. Deseja-se melhor sorte a Wellington, muito embora os abusos na Nova Zelândia não costumem passar em claro.

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

FRAUDE DESMASCARADA

 

A organização austríaca de bem-estar animal PFOTENHILFE está a enfrentar cada vez mais casos de fraude. Com frequência alguém adquire um cão para depois o desprezar ou abandonar. Recentemente, um homem veio entregar um poodle jovem no abrigo de animais Pfotenhilfe, afirmando ter encontrado o animal abandonado em Braunau, local de nascimento de Adolf Hitler. Imediatamente o abrigo de animais empreendeu uma busca nas redes sociais para dar com o dono do animal sem microchip. Surpresa das surpresa: a busca foi inútil, porque o homem que dizia ter encontrado o cão era afinal o seu dono ou o marido da sua dona. A fraude foi desmascarada por uma mulher nas redes sociais que sabia a quem pertencia o animal. A Pfotenhilfe agiu rapidamente e denunciou o caso ao Ministério Público de Ried im Innkreis, podendo o autor do crime apanhar uma pena de até 6 meses de prisão. “Infelizmente, estamos habituados a desculpas esfarrapadas quando as pessoas vêm entregar os seus animais, mas nos últimos anos os casos de fraude aumentaram”, explica a chefe do Pfotenhilfe, Johanna Stadler. É provável que o número de casos não comunicados deste tipo de fraude seja mais elevado.

Devido aos elevados custos com o veterinário, com a alimentação e com o pessoal, a Pfotenhilfe cobra uma taxa de admissão para os animais que são doados. No caso dos animais encontrados, parte dos custos é reembolsada pelo erário público: “Neste caso específico, não só nós, mas também o estado da Alta Áustria, assim como o contribuinte, somos todos prejudicados”, disse Stadler. Muitas vezes as fraudes são difíceis de provar porque nem o estado de vacinação nem o histórico do animal são conhecidos. Nem sempre é possível provar tais crimes, pois muitas vezes nenhuma testemunha se apresenta, mesmo depois de chamada.  O desprezado "Carlito" procura agora uma nova família, nome que lhe foi atribuído por se desconhecer o seu verdadeiro nome. “Ele precisa agora de uma família paciente e amorosa”, disse Stadler. Carlito terá que passar por uma quarentena de 30 dias, podendo depois desse tempo ser adoptado. 

DOENÇAS CARDÍACAS RELACIONADAS COM DIETAS CANINAS

 

Desde que a Food and Drug Administration (FDA) (1) alertou pela primeira vez sobre uma possível ligação entre uma doença cardíaca canina potencialmente fatal e alimentos para animais de estimação “sem grãos” em 2018, proprietários e veterinários continuaram a relatar casos de cães a desenvolverem cardiomiopatia dilatada relacionada à dieta ou CMD. A CMD é uma doença que aumenta o volume do coração, deixando-o mais fraco e menos capaz de bombear o sangue. Algumas raças maiores de cães, como Golden Retrievers e Dogues Alemães, são susceptíveis à doença. A contagem mais recente da FDA relativa a cães e a um número muito menor de gatos com CMD relacionada com a dieta foi de 1.382 casos, 255 dos quais foram determinados entre 1 de agosto de 2020 e 1 de novembro de 2022. Em 2019, a FDA denunciou 16 marcas de ração para cães associadas à forma rara desta doença cardíaca, muito embora não tenha sugerido aos proprietários que parassem de dar aquelas marcas aos seus animais de estimação, que geralmente contêm altos níveis de ervilhas, lentilhas e batatas. Pesquisadores e veterinários ainda não sabem exactamente como é que essa comida para cães e gatos pode causar danos no coração de alguns animais de estimação, mas um estudo publicado em 2021 sugeriu que o responsável poderia ser o alto nível de ervilhas em certos alimentos destinados aos pets.

Esta descoberta foi apoiada em maio, quando cientistas canadianos publicaram um estudo sobre os efeitos de uma dieta de 28 dias em oito cães beagle adultos, uma raça escolhida porque não é conhecida por ser susceptível a problemas cardíacos. Os pesquisadores veterinários da Universidade de Saskatchewan alimentaram os cães com uma desta três dietas: uma dieta tradicional; uma dieta sem grãos rica em lentilhas e uma dieta sem grãos rica em ervilhas, repetindo o experimento com as outras duas dietas para que todos os beagles experimentassem as três. Os pesquisadores observaram “alterações semelhantes às da CMD” em cães que consumiram a dieta de ervilhas durante 28 dias. Ainda não está claro aquilo que as ervilhas podem estar a prejudicar os corações dos animais de estimação, disse a autora sénior do estudo, Lynn Weber, professora de ciências biomédicas veterinárias da Faculdade Ocidental de Medicina Veterinária da Universidade de Saskatchewan. Uma possibilidade é a quantidade de fibra nas ervilhas. “Suspeito que se removermos todas as ervilhas de todos os alimentos para cães e gatos, ainda teremos um problema”, disse Weber, observando que são necessárias mais pesquisas para descobrir o que há nas ervilhas e possivelmente noutros ingredientes que levem a danos cardíacos.

A melhor evidência que relaciona a CMD a certas dietas é que o coração dos cães melhora quando eles mudam para uma dieta tradicional, disse a Dra. Aly Cohen, veterinária associada do Riney Canine Health Center e instrutora clínica do Maddie's Shelter Medicine Program da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Cornell. O pico no número de relatórios – 608 entre o dia 1 de maio de 2019 e 31 de julho de 2020 – ocorreu logo depois que a FDA divulgou as marcas dos alimentos para animais de estimação que pareciam estar ligados ao desenvolvimento da CMD. A porta-voz da FDA, Veronika Pfaeffle, observou que a investigação da agência sobre o assunto continua, mas alertou contra a leitura excessiva das novas estatísticas. “Embora os números de eventos adversos possam ser um sinal potencial de um problema com um produto regulamentado pela FDA, por si só, eles não fornecem dados suficientes para estabelecer uma relação causal com o(s) produto(s) relatado(s)”, disse Pfaeffle por e-mail. A FDA não fez recall de nenhum produto alimentar para animais de estimação e a agência não planeia divulgar mais actualizações públicas até que “haja novas informações científicas significativas para divulgar”. Embora a taxa de novos casos pareça ter diminuído, os especialistas dizem que o problema pode ser mais generalizado do que o número de relatórios sugere.

O Dr. William Rausch diz que o seu consultório de cardiologia ainda vê cerca de um caso novo por semana. E como os estudos descobriram que os cães podem desenvolver CMD durante anos sem sintomas, “isso sugere que, para cada caso que vejo, há muito mais [cães] a andar por aí que parecem normais, mas que estão a desenvolver a doença”, disse Rausch, cardiologista veterinário em consultório particular e professor adjunto da Universidade de Washington em Seattle. O Pet Food Institute, um grupo industrial que representa a maioria das empresas de alimentos para animais de estimação nos EUA, agradece a atenção da FDA ao assunto, disse Sherri Kirk, porta-voz da organização, por e-mail. “Os nossos membros continuam a desenvolver pesquisas para determinar os ingredientes mais seguros e da mais alta qualidade para fornecer ração completa e balanceada para ajudar os cães a terem uma vida longa e saudável.” Em contrapartida, na maioria dos casos, os cães não apresentam quaisquer sinais até apresentarem insuficiência cardíaca, disse a Dra. Terri DeFrancesco, professora de cardiologia e cuidados intensivos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Estadual da Carolina do Norte. Os principais sintomas da cardiomiopatia dilatada relacionada com a dieta ou CMD, são: actividade diminuída; cansaço; letargia; tosse; falta de ar e diminuição do apetite.

Para os donos de cães e gatos, a descoberta de que alimentos cuidadosamente escolhidos podem ter danificado o coração do seu animal de estimação pode ser doloroso. Julie Carter ficou chocada quando seu golden retriever Oliver, de 3 anos e meio, foi diagnosticado primeiro com sopro no coração e depois, após um ecocardiograma, com CMD completo em fevereiro de 2018. Pouco tempo depois, o outro golden retriever de Carter foi também diagnosticado com CMD, mas num estágio anterior ao de Oliver. Depois de explicar a condição, o veterinário de Carter perguntou que tipo de comida Oliver estava a comer. “Foi realmente horrível pensar que eu poderia ter sido responsável de alguma forma por causa da escolha de sua dieta”, disse a residente de Florham Park, Nova Jersey, à NBC News. Carter foi obrigada a trocar de ração para os dois cães, fazendo uso de uma com uma fórmula mais tradicional e iniciou-lhes a medicação para o coração. Mas o dano no coração do Oliver foi muito grande e seis meses depois morreu. O outro cão de Carter, Riley, foi finalmente recuperado. Antes do primeiro comunicado anunciado pela FDA, alguns veterinários já observavam casos de CMD que pareciam estar relacionados com certos alimentos para cães. “O primeiro caso que vi foi em 2017”, disse DeFrancesco. A cardiologista veterinária disse que costumava relatar todos os casos, mas com a cobertura jornalística do assunto e a perca do funcionário que cuidava dos relatórios da FDA, ela foi obrigada a parar.

É provável que os relatórios enviados à FDA sejam apenas a ponta do iceberg, porque muitos proprietários e veterinários não têm tempo para preencher os formulários, disse DeFrancesco. DeFrancesco acredita que o CMD relacionado com a dieta é provavelmente multifactorial, com alguns animais de estimação a herdar uma susceptibilidade genética que é desencadeada por certos tipos de dietas. “Milhões de cães comem estas dietas, mas milhões não contraem CMD”, disse ela, acrescentando que aconselha os donos de animais de estimação a evitarem fórmulas não tradicionais porque não se pode saber antecipadamente se um animal de estimação pode ser susceptível. Existe uma maneira simples para os donos de animais de estimação determinarem se uma marca de ração não tradicional é boa para os seus cães: verificar o seu coração, disse o Dr. Joe Bartges, professor de medicina interna, radiologia intervencionista e nutrição no Centro Médico Veterinário do Universidade da Geórgia. “Existem biomarcadores que podem verificar se o músculo cardíaco foi danificado”, disse Bartges, acrescentando que os veterinários podem realizar um exame de sangue que mede os níveis de uma proteína chamada BNP.

Cohen, da Cornell, aconselha os proprietários a evitar quaisquer alimentos para animais de estimação que tenham entre os 10 principais ingredientes ervilhas; lentilhas; grão-de-bico, batata ou batata-doce. Mesmo com a cobertura noticiosa da CMD relacionada com a dieta, ainda há proprietários que não estão familiarizados com o assunto. Carter, que participa de um grupo CMD no Facebook, ouviu recentemente falar doutro proprietário de um golden retriever cujo cachorro morreu devido à doença. “O seu golden retriever de 5 anos morreu há dois meses depois de ser alimentado com uma das dietas ligadas a esta doença”, disse Carter. “A perca dele atingiu-me muito, especialmente considerando a idade e a raça de seu cachorro. Abaixei a cabeça na mesa e chorei.” Está tudo dito, não há mais nada a acrescentar!

(1)FDA - FOOD AND DRUG ADMINISTRATION, é uma agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, um dos departamentos executivos federais dos Estados Unidos que regula e fiscaliza os alimentos para pessoas e animais entre outras tantas coisas. 

CUIDADOS PALIATIVOS PARA CÃES EM BAVENT

 

Os cuidados hoje dedicados aos cães acabam por ser razão de escândalo para muitos, porque no seu ver acabam por ultrapassar os necessários aos humanos, entendendo isso como uma loucura resultante de uma insana sobreposição de valores. Estarão os amantes de cães errados ou faltará iniciativa aos homens para se valerem mutuamente? Penso que estamos a atravessar o segundo caso, porque ser solidário não é amar o outro e a solidariedade só costuma despontar em casos extremos, muitas vezes de acordo com as conveniências de cada um. Em Portugal, espera-se dos sucessivos governos, devido à carga tributária que sobre todos se abate, quase tudo, quando na verdade não conseguem suportar aquilo que é sua obrigação, como são os casos da saúde, educação e segurança, que uma vez postos em causa, comprometem a nossa própria soberania. Soberania que outros nos garantiram através da nossa participação na I Guerra Mundial e que espero não necessitar agora do sangue dos nossos marinheiros na desminagem dos portos ucranianos.

Como é do conhecimento geral, há falta em Portugal e no mundo de unidades de cuidados paliativos e tenta-se colmatar essa vergonhosa brecha com o apelo aos cuidadores informais, que a troco de migalhas são incentivados a fazê-lo. Na aldeia francesa de Bénéauville, em Bavent, na região administrativa da Normandia e Departamento de Calvados, há 20 anos que existe uma associação – “LA BUISSONNIÈRE” – que ali mantém uma casa de repouso para cães e onde são objecto dos cuidados paliativos necessários, obra de Françoise Saura, uma secretária comercial aposentada que já leva 40 anos ao serviço da protecção animal, incluindo 15 de voluntariado na Sociedade Protectora de Animais de Cabourg antes de formar a sua própria associação que conta hoje com 70 membros. Os 18 cães ali alojados encontram-se divididos em dois recintos e todos têm uma box individual para descansar e pernoitar, todos os cuidados são-lhes dispensados, inclusive a administração de medicamentos tanto de manhã como à noite, o que obriga Françoise Saura a 15 horas de trabalho diário (das 07h00 às 22h00).

Como a associação ainda precisa de ajuda financeira, a FUNDAÇÂO BARDOT, que fica perto dela, trata dos custos veterinários inerentes aos cães enviados, ajudando também nas despesas com a alimentação. No próximo dia 8 de setembro, altura em que LA BUISSONNIÈRE comemorará o seu 20º aniversário, no salão da associação Bavent, todos poderão tornar-se sócios desta associação por 25€ anuais ou apadrinhar um cão idoso por 20€ mensais, muito embora outros e mais generosos donativos sejam muito bem-vindos. Nesta ocasião, Françoise Saura terá ainda oportunidade de explicar a natureza do seu trabalho e os seus objectivos

Ficaria igualmente contente se bem perto de mim surgisse uma associação de filhos e netos que levasse a cabo uma unidade de cuidados paliativos para os seus pais e avós e que outros mais seguissem o seu exemplo, pois o governo não tem como e as Misericórdias fazem o que podem. Sem querer ferir as susceptibilidades de ninguém, pergunto: o que gastamos com os animais de estimação não seria melhor aplicado nos idosos dependentes, nos nossos e nos outros? A preocupação como nosso bem-estar não deverá levar-nos a ignorar o mal-estar dos outros!

LEITOR DA ILHA DE MAN

 

Ontem este blogue recebeu uma visita da ILHA DE MAN, ilha situada no Mar da Irlanda que é uma dependência da Coroa do Reino Unido, mas que goza de autogoverno e de um parlamento autónomo. A sua cultura é fortemente influenciada pelas suas origens célticas e nórdicas. Tem uma língua própria, o manx ou manês, que é língua oficial junto com o inglês. A ilha é uma das nações célticas modernas e está integrada na Liga Céltica. A raça de gatos MANX, que não tem cauda, é originária desta Ilha.

Não é a primeira vez que este blogue recebe visitantes da Ilha de Man, normalmente em pequeno número e com grandes intervalos de tempo. Endereçamos as maiores felicidades a este leitor, agradecemos-lhe o contacto e esperamos continuar a merecer o seu interesse, esperando em simultâneo que mais maneses nos visitem.

sábado, 26 de agosto de 2023

HIGH DRIVE OZZY: PLAYING "STAY" IN DIFFERENT PLACES

 

HIGH DRIVE DOG” é uma designação em língua inglesa para os cães que executam as suas tarefas debaixo de uma velocidade vertiginosa, demonstrando uma vontade inquebrantável e uma prontidão assaz louvável, decididamente uns campeões que fazem as delícias de quem os procura. Contudo, não se dá um pontapé numa pedra e logo aparecem quatro ou cinco, porque são excepção e não regra, muito embora o tempo e o treino possam promover a essa categoria um ou mais cães, que não podem, de jeito nenhum, ser separados da excelência presente nos seus condutores, ainda que por vezes despontem cães excepcionais para além da qualidade dos seus donos ou mestres. Qualquer ignorante que se quer afirmar no meio canino e causar boa impressão, mesmo que não saiba sequer conjugar o verbo To Bee no Past Simple, larga palavrões e conceitos destes muitas vezes sem saber bem qual o seu verdadeiro significado (“em terra de cegos quem tem um olho é rei!”). Pois o Yorkshire Terrier ao meu encargo é um verdadeiro “High Drive”, porque executa “na ponta da unha” tudo o que lhe é solicitado, nunca se mostrando cansado nem nunca ultrapassando o que lhe é permitido. Ontem, tirando partido do comando de “quieto” que começa a assimilar e a transformar em código de vida, executamos esta figura de obediência em diversos locais. Na foto acima vemo-lo a fazer o “quieto” ao lado da dona e em cima de uma pequena esfera de cantaria. Na foto seguinte, encontramo-lo sentado no alto de uma escadaria.

Pelo seu tamanho (cabe dentro de uma mala que não precisa de ser muito grande), um Yorkshire entra em locais onde o comum dos cães não pode entrar, tornando-se uma figura mais presente junto do dono sem contudo lhe dificultar os afazeres diários. Por esta razão deixámo-lo quieto junto ao telefone de uma cabine pública, sendo o Terrier pouco maior que o auscultador. Rápido a aprender e a executar, estamos perante um verdadeiro High Drive, um cão que obriga o dono a pensar rápido e a mexer-se.

Ontem esteve sozinho no treino e aproveitou-o com a mesma disponibilidades de sempre, apesar do calor persistir em ser carrasco. Trabalhar um cãozinho destes nestas condições obedece a mil cuidados para que não se estoire ou desidrate, atendendo a que as suas reservas são mínimas diante das actuais vagas de calor. Felizmente já anoitece mais cedo e a noite traz consigo o inerente arrefecimento.