Ontem,
enquanto o grupo escolar se dedicava a vencer diversos percursos de técnica de
condução, o CPA Paco foi direccionado de bom grado para o serviço comunitário,
fazendo a vontade às crianças que pretendiam abraçá-lo e constituindo-se numa
excelente ocasião de esclarecimento para os pais, porque a sociabilização é
urgente e por isso mesmo inevitável, já que é obrigatória à luz da lei. A
sociabilização canina com o grosso dos cidadãos é relativamente pacífica, mas
não o é com aqueles que pela sua apresentação, comportamento, deficiência e
particular biológico se diferenciam dos demais, podendo com isso constituir-se,
involuntariamente, num grupo de presas e serem confundidos como intrusos pelos
animais, que poderão avançar para eles sem qualquer provocação. Cidadãos
munidos de muletas, bengalas e os portadores de próteses nos membros
inferiores, quando aparecem de surpresa, podem suscitar dos cães uma rápida
atitude defensiva, pelo que importa que se familiarizem com estes indivíduos e
nestas circunstâncias. Gente exaltada, de movimentos enérgicos, andrajosa e malcheirosa,
bêbados e drogados, assim como alguns indivíduos de minorias raciais, poderão
também ser interpretados do mesmo modo, pelo que há que familiarizar os cães
com estes comportamentos e apresentações excepcionais, na maioria dos casos já
por si vulneráveis e fragilizados. É sabido, não vale a pena pintar o mundo de
cor-de-rosa, que os africanos e os cães não gozam de grande empatia entre si,
sendo comum os primeiros temerem os segundos e acabarem agredidos por eles,
situação embaraçosa que ninguém deseja.
Ontem
deparámo-nos com uma mãe e duas filhas de etnia africana, corremos para elas e
pusemos o Paco ao dispor da criançada, explicando àquela família o que deve e
não deve fazer perante a aproximação de cães desconhecidos em prol da sua
salvaguarda e bem-estar. As duas fotos acima reportam-se ao encontro das duas
meninas com o CPA negro. Na foto seguinte, também debaixo da preocupação com a
sociabilização dos nossos cães, vemos a CPA Luna a saltar por dentro dos braços
em círculo de uma viandante que connosco se cruzou, que saiu ilesa do exercício
e radiante. Diante do que foi feito e daquilo que exigimos, a Luna tem que
melhorar simultaneamente a sua autonomia e sociabilização.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Clarinda/Keila; João/Paco; Jorge/Gaia; Paulo/Bohr; Pedro/Luna e Stephanie/River. Como os polícias no desempenho das suas missões, conforme lhes compete, tendam a mostrar-se dominantes e tudo observar, é possível que alguns cães, nomeadamente os mais valentes, ao detestarem ser observados, resistam à dominância patenteada por entendê-la como uma afronta, desejando depois avançar para a confrontação. A familiarização de um cão com a polícia, alguns cães reconhecem a farda e não os indivíduos que a vestem, é fundamental para o bem-estar dos agentes da autoridade e para a salvaguarda do cão, que deverá fixar o lugar da esquadra da polícia e aqueles que lá estão, quando perdido ou confundido intentar chegar a casa. Por tudo isto, o comando de “amigo” atinge a sua máxima expressão quando dedicado a um polícia. Por outro lado, nas saídas ao exterior, os cães deverão avançar sempre debaixo de um comando para além dos direccionais, comando esse que tanto poderá ser lúdico como de alerta, consoante a densidade de pessoas, a natureza e a perigosidade dos trajectos, assim como a hora do dia em que são realizados (se de dia ou de noite), para que os animais sintam que vão acompanhados e controlados, o que fará que não caiam em cima de ninguém sem ordem expressa nesse sentido. Os cães sabem bem o que lhes é e não é permitido, os donos é que parecem esquecer-se momentaneamente das suas atribuições.
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