Há
por aí quem diga sem medo de se enganar que a farinha de insectos será o futuro
das rações para animais, nomeadamente para cães, por ter um prazo de duração
maior e ser mais rica em proteínas. As marcas de ração com base em proteínas de
insectos têm-se vindo a multiplicar, primeiro vendidas exclusivamente online e
agora a invadir os centros de jardinagem e os supermercados de vários países
europeus, norte-americanos e modernos. O principal argumento dos fabricantes
destas rações é ecológico, uma vez que as proteínas de insectos são as mais
ecológicas em termos de emissão de gases estufa, consumo de água e uso da
terra, sendo o impacto ambiental da criação de insectos drasticamente menor do
que o gerado pela criação de gado bovino ou de aves. Para se ter uma ideia
concreta acerca destes números, basta dizer que produzir 1 kg de proteína de
insecto requer vinte vezes menos água do que o necessário para produzir 1 kg de
carne bovina, para além de que a proteína de insecto emite entre 5 e 20 vezes
menos CO 2 e requer 12 vezes menos alimentos vegetais. Estes números variam de
acordo com os estudos, o tipo de insectos e os modelos de cultivo, mas
continuam convincentes em termos de benefício ambiental.
O valor nutricional destas rações também varia do tipo de insecto utilizado, das escolhas em termos de alimentação e do modo de transformação escolhido. Porém, se tivermos em conta os relatórios da FAO (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION) das Nações Unidas, ficamos a saber que o valor nutricional dos insectos não difere muito de outras fontes de proteína animal (frango, peixe, porco e vaca), atingindo por vezes até valores superiores. Independentemente do tipo de proteína utilizada numa ração, quer a sua proteína seja de insectos ou de outro animal, no final o que conta é a sua composição geral, saber se ela contém proteína suficiente para o animal-alvo, assim como todos os nutrientes necessários para cobrir outras necessidades nutricionais (lípidos, ácidos gordos essenciais, aminoácidos, minerais, vitaminas e oligoelementos) em quantidade suficiente, pelo que poderão haver boas e más rações com proteína de insectos, rações que permanecem condicionadas ao tamanho e peso dos animais, à sua idade e nível de actividade, assim como ao facto de serem ou não esterilizados e de se encontrarem ou não em época de reprodução. Faltam ainda alguns estudos e tempo para sustentarem o actual entusiasmo, a crescente procura e a avidez de novos investidores, que só virão confirmar a mais-valia dos insectos enquanto fonte de proteína para humanos e animais.
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