Na
cidade norte-americana de Greenfield, no condado de Hancock, no Estado de
Indiana, reina um estado de alerta num bairro central após uma série de ataques
caninos. Stevens Court, assim se chama o bairro, já havia sido objecto de
notícia no mês de junho deste ano, quando dois cães atacaram violentamente um
carteiro. Desde então, já aconteceram ali pelo menos três ataques envolvendo
cães, todos numa pequena rua que termina num beco sem saída, num bairro a
nordeste da Greenfield-Central High School: dois carteiros e um menino de 12
anos. Os
dois cães suspeitos dos ataques foram levados para o Departamento de Gestão de
Animais do Condado de Greenfield/Hancock. Mais tarde, alguém invadiu aquela
instalação e levou os cães! Como os cães estão desaparecidos, o Serviço Postal
dos EUA decidiu suspender a entrega de correspondência naquela rua. O menino de
12 anos, que é autista, foi atacado enquanto caminhava e sofreu algumas
dentadas num joelho, não sendo mais ferido graças à rápida intervenção de
alguém.
Esta
lamentável notícia releva o cuidado a haver no contacto entre crianças autistas
e cães, que tende a não ser pacífico devido à natureza dos cães e ao
comportamento de algumas destas crianças. A esmagadora maioria dos cães que se
cruzam connosco nas ruas não está preparada para lidar com autistas, reagindo
negativamente contra algumas das suas manifestações bruscas, espontâneas e intempestivas,
que poderão ser entendidas pelos cães como uma provocação, uma ameaça ou um
convite para a captura, razões suficientes só por si para despoletarem um
ataque inusitado. É evidente que os cães poderão ajudar e muito as crianças
autistas, mas muito poucos se prestam para isso e carecem de treino aturado,
com exigências superiores às exigidas aos comuns cães de terapia e de serviço.
Ajudar a sintonizar uma criança altista com o mundo ao seu redor exige um cão
muito especial, com um equilíbrio de impulsos herdados particular, seguro e portador
de uma docilidade extrema.
Ainda que o contacto com diferentes animais possa fazer parte da evolução social ou da inclusão de uma criança autista, há que iniciar preferencialmente esse contacto com animais não-predadores, naturalmente mais dóceis e pouco dados a atitude extremadas e agressivas. Penso que neste sentido as quintas pedagógicas são de grande interesse para as crianças em geral e em particular para as autistas, porque ali podem tomar contacto com os diferentes animais debaixo de maior segurança e sem o perigo de verem aumentados os seus medos.
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