LÁ VÊM MAIS DOIS AUTÓMATOS!

 

Uma tarde destas, ao passar com o Paulo e os nossos cães num pequeno e sujo largo quadrangular, perto de uma velha igreja convertida num imóvel de solidariedade social, um jovem que se encontrava à espera da paparoca junto a um contentor de roupa usada, ao reparar no alinho dos nossos cães, exclamou para os seus companheiros de infortúnio: “Lá vêm mais dois autómatos!”, porque para ele os cães não nasceram para andar em “junto”, mas sim para serem felizes, para andarem por onde quiserem e urinarem por onde lhes apetecer, exactamente como ele que há uns dias atrás surpreendi num jardim movimentado a urinar alegre e descontraidamente contra o vento! O que este indivíduo desconhece é que o “junto”, para além de proporcionar uma condução cómoda do animal, pode salvar-lhe a vida e a do seu condutor. Para melhor compreensão do que acabo de dizer, vou adiantar o relato de um incidente, ocorrido anteontem, terça-feira, dia 09 do corrente mês, em Bad Gastein, nos altos vales dos Alpes Tauern, no distrito de St. Johann im Pongau, no estado austríaco de Salzburg, onde um alpinista checo caiu cerca de 100 metros agarrado ao seu cão.

O sinistrado, homem de 59 anos de idade, fazia parte de um grupo de caminhada de 6 pessoas oriundas da República Checa, que iniciou a sua caminhada pelos já citados vales de Tauern. A determinada altura do trajecto, no alto de Bockhartseescharte, o cão que transportava pela trela, numa passagem em declive, fez um movimento brusco que o fez desequilibrar, caindo ambos amarrados um ao outro de uma altura de 100 m num terreno íngreme intercalado com escombros. Como resultado disso, o checo ficou gravemente ferido, teve que ser resgatado à corda e foi levado para a clínica Zell am See. O cão teve melhor sorte, conseguiu descer ao vale por si próprio e juntar-se ao resto do grupo. Pergunta-se: se o cão fosse portador de um “junto” irrepreensível este incidente teria acontecido da mesma forma? Agora compreendemos a importância do “junto” e como ele pode salvar vidas!