quarta-feira, 31 de agosto de 2022

EXTRACÇÃO DE PASTILHAS ELÁSTICAS

 

Existem muitas maneiras de extrair pastilhas elásticas do manto do nosso cão e mais há ainda na internet, algumas totalmente descabidas. As pastilhas elásticas jogadas no chão pelos sebentos tendem a agarrar-se ao pêlo dos nossos cães em passeio, mormente nas suas pernas e patas, o que sucede nos mais variados espaços públicos. Para extraí-las costumo valer-me de um spray de WD-40,muito embora existam muitas marcas para o mesmo fim, as comummente usadas para soltar porcas, fechaduras e dobradiças. Devido à sua utilidade, um spray destes deverá fazer parte do kit de limpeza do seu cão.

Depois de aplicar aquele produto sobre a área onde se encontra colada a maldita pastilha elástica, espero breves instantes para o produto actuar. A seguir, pacientemente, para não causar dor ou dolo na pelagem do animal, valho-me de um dos pentes mais finos do trem de limpeza e começo a remover a pastilha em várias direcções para que se solte. Depois da extracção da pastilha elástica, lavo a área afectada com água e sabão, para que o produto industrial usado não venha a causar irritação na pele do cão. Como prevenção, quando pensar deitar o seu cão num espaço público, repare previa e demoradamente no chão onde pretende sentá-lo ou deitá-lo. Mesmo assim, é de todo conveniente, ao sair à rua com seu cão, particularmente no tempo quente, que lhe borrife as pernas e patas com óleo alimentar, procedimento que evitará que as pastilhas elásticas se colem nele. Ao chegar a casa proceda à remoção do óleo com água e sabão e de toda a sujidade, secando depois as pernas do animal com um pano seco.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

UM DIA COM O MESTRE HARLEY

 

O HARLEY é um SRD jovem, de cabeça prismática, rectangular, de tamanho médio-pequeno, bem aprumado de frente e pouco angulado de traseira, com o pêlo cerdoso, maioritariamente branco e malhado de vermelho, que invariavelmente desfila coma cauda em foice. Merece agora o título de “mestre” porque sempre consegue ludibriar os planos da sua dona e de tal maneira o faz que acaba por pô-la a fazer aquilo que ele quer, o que também não é difícil, uma vez que a senhora já leva 54 primaveras, tem sensivelmente um metro e meio de altura e pesa quase 45 kg, leveza e fraqueza que estão de acordo com as suas dietas, onde a esmagadora maioria dos produtos de origem animal estão proibidos de entrar. Não obstante, depois de “desencalhado” pelo Adestrador, o Harley tudo faz e tudo vence para esoanto da sua frágil dona, que apesar de não ter a robustez própria para o adestramento que preconizamos, insiste em cerrar fileiras connosco. Na foto acima vemos este binómio a ultrapassar um suporte para bicletas e usado como túnel. Na foto seguinte vemos o mesmo exercício de outro ângulo.

O aquecimento para os saltos em cães deste tamanho deverá acontecer gradualmente sobre verticais até 50cm de altura, uma vez que os saltos mais altos, como por exemplo os de 80 cm; logo promoveriam a sua exaustão pelo esforço despendido. Pela mesmas razões e também a pensar no seu bem-estar, não deverão ser convidados para transpor muros acima de 100 cm, muito embora embalados e em situações emergentes (quando a sua vida estiver em risco) possam transpor excepcionalmente 120 cm. Na foto abaixo vemos o Harley a saltar sobre uma sebe natural no seu 2º tempo – na suspensão – com a Stephanie atrasada em relação ao movimento empreendido pelo pequeno cão.

O binómio Stephanie/Harley teve a companhia do Paulo e do CPA Bohr, sendo o primeiro um ilustre representante da Mourama (particularmente de índole) e o segundo um distinto alemão de uma diáspora posterior à provocada por Napoleão Bonaparte. O treino foi suave e o treino agradável. Contrariamente ao que sempre sucede, o CPA Paco optou por uma brincadeira de mau gosto, acto que muito entristeceu o Adestrador. Hoje retomaremos os nossos trabalhos e espera-se que sem nenhuma novidade desagradável.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

OS CÃES TAMBÉM SOFREM DE DEMÊNCIA QUANDO ENVELHECEM

 

Cães também sofrem de demência à medida que envelhecem. Quando deixam de reconhecer as pessoas que sempre lhes foram familiares, uma doença semelhante ao Alzheimer pode ser a causa, já que os animais de estimação também podem sofrer de deterioração mental e quanto mais velhos forem, maior o risco. Na velhice, os cães não só se deterioram fisicamente, mas também o seu desempenho mental diminui. A partir de uma determinada fase da sua vida, o risco de desenvolverem demência aumenta significativamente de ano para ano, conforme relatam alguns pesquisadores na revista “SCIENTIFC REPORTS”. Os autores deste estudo pronunciaram-se sobre a SÍNDROME DA DISFUNÇÃO COGNITIVA CANINA (CCD) e segundo ele o risco de desenvolver a demência é cerca de seis vezes e meia maior nos cães menos activos do que nos muitos activos. Não obstante, mais análise são necessárias para estabeleceram a causa e o efeito desta conexão. Tal como sucede com os humanos, as funções cognitivas de cães e gatos também diminuem com a idade, já que a CCD é semelhante ao quadro clínico e à evolução de Alzheimer nas pessoas. Assim, os cães afectados pela doença apresentam como sintomas lapsos de memória, perda de orientação espacial, comportamento social alterado e distúrbios do sono.

Como os cães maiores têm uma expectativa de vida média menor do que as raças pequenas e, por conseguinte, envelhecem mais cedo, também são os mais propensos a desenvolver sintomas de CCD mais cedo. Em cães com mais de dez anos de idade, o risco de DCC aumenta em mais de 50% a cada ano adicional de vida, como calcularam os cientistas que trabalham com Sarah Yarborough, da Universidade de Washington, em Seattle, nos Estados Unidos. Eles usaram dados de mais de 15.000 cães de estimação do Dog Aging Project, um estudo americano sobre envelhecimento animal. Os donos preencheram questionários sobre saúde e actividade física, além de um teste para CCD, que pergunta, entre outras coisas, se o cão ainda reconhece pessoas familiares, sendo a expectativa de vida dividida em trimestres. Quase um quinto dos cães registados estava no último trimestre das suas vidas. Um total de 1,4% dos animais foram classificados como já sofrendo de CCD. Cerca de ¼ dos cães à volta dos 17 anos foi-lhes diagnosticada a doença afetados e a cerca de 50% dos animais à volta dos de 19 anos de idade. Porém, os autores do estudam alertam para o facto da classificação ter sido apenas baseada nos questionários e e não no diagnóstico veterinário, sendo por isso propensa a vários factores de confusão. As estimativas anteriores das taxas de CCD eram por vezes muito mais altas: 28% em cães dos 11 aos 12 anos e 68% nos cães dos 15 aos 16 anos de idade.

Segundo a análise actual, os cães menos activos foram muito mais afectados pela CCD do que ao activos. Todavia, os autores do estudo apontam que ainda é preciso verificar a relação causa efeito, uma vez que o declínio cognitivo também pode levar a menor desempenho físico, podendo ser o motivo e não o resultado. Ainda assim, numerosos estudos observados em humanos mostraram consistentemente que mais exercício está associado a menos Alzheimer. O exercício físico leva à redução de substâncias inflamatórias no cérebro que contribuem para a morte das células nervosas e para o aumento da plasticidade neuronal- Estes mecanismos podem também explicar a menor probabilidade de CCD nos cães mais activos. No estudo, foi também examinada a influência de factores como a raça, o sexo e determinadas doenças, para determinar se cães com doenças como a ocular, a auricular ou a neurológica tiveram maior probabilidade de contrair a CCD. Os cientistas envolvidos neste estudo disseram que os dados nele adiantados poderão auxiliar os veterinários a decidir quando operar o rastreamento da CCD nos cães e quais os sintomas que a desnudam. Para mim, para além doutras considerações, enquanto adestrador e defensor da interacção canina e do seu impulso exploratório, todos os cães que não caminham diariamente os quilómetros que devem e a quem lhes é furtada a interacção necessária, os apartamentos onde vivem são celas, os canis são masmorras, os quintais são pátios de prisão e as quintas não passam de efémeras gaiolas de ouro. Desde sempre abracei o combate contra a perca de qualidade de vida dos cães e a luta contra a demência canina sempre se fez presente, porque nos anos que levo ao redor de cães já a observei amiudadas vezes nos meus cães e naqueles que cuido e ensino.

OBSTÁCULOS DE PROJECÇÃO NEGATIVA E ENQUADRAMENTO LOCAL

 

Dediquei o trabalho do passado sábado, dia 27 de agosto, à transposição de obstáculos de projecção negativa e a alguns de endurance ao alcance dos binómios presentes, considerando a experiência dos condutores, a morfologia e a idade dos cães, que apenas foram convidados para obstáculos de índice médio de dificuldade, visando o melhor apetrechamento técnico dos condutores e a maior abrangência laboral dos cães. Aproveitando o enquadramento artístico local, procedeu-se também à execução de algumas figuras de travamento. Na foto acima podemos observar a transposição de um obstáculo de projecção negativa pelo binómio João Moura/Marquês, onde se destaca a excelente entrada do cachorro CPA. Na foto seguinte, sobre o mesmo obstáculo, vemos o desempenho do binómio Cristina/Keila.

Enquadrada numa pintura mural e pouco encantada com o fotógrafo que tinha pela frente, vemos a CPA Luna no desempenho do “quieto” a partir do “senta”. Perante a novidade de obstáculos e acções ao seu alcance, esta preta-afogueada necessita ainda de recorrer ao seu faseamento para ultrapassá-los, o que denuncia o particular do seu carácter, sucedendo assim mais uma vez no seu desempenho dentro de água. Atleticamente é do melhor que se pode ter, psicologicamente mostra ainda um grau de dependência acentuado, que obviamente não se deseja crónico.

Há que fazer justiça à Stephanie, porque está agora a conduzir os seus cães razoavelmente, a absorver a técnica e respeitar o bem-estar dos seus amigos de 4 patas. Ontem compareceu com o SRD bassetóide Reva, cão que consegue ultrapassar a maior parte dos entraves colocados à sua morfologia, sendo nisto “um fora de série”. Apesar da sua apresentação rasteirinha e pouca envergadura, o Reva demonstra ter valor suficiente para defender a sua dona e os seus pertences. No entanto, carece de maior autonomia condicionada e por causa disso foi convidado para o “quieto”.

O CPA lobeiro Bohr, um verdadeiro especialista para os mais árduos trabalhos, carrega o bom-nome dos seus egrégios antepassados e transporta-o para o presente, ultrapassando qualquer tipo de desafio sem qualquer dificuldade, tanto na terra como no mar, sendo por isso um animal de excelente prestação anfíbia. Contudo, o tempo é implacável e importa agora combater no Bohr os efeitos da velhice que se aproxima, mormente a demência que é acelerada pelo excesso de sedentarização e ausência de novidade de vida. Para que ela tarde ou não venha mesmo a acontecer, o Bohr caminha e trabalha diariamente, vencendo novos obstáculos e empreendendo diferentes caminhadas com vários quilómetros de extensão. Por tudo isto foi também convidado para o “quieto”, ainda mais porque detesta ficar sozinho. Nos últimos 30 anos, se há algum cão que tenha passado ao lado de uma brilhante carreira, esse cão será certamente o CPA Bohr. Ao vê-lo trabalhar, calo o coração, mordo a língua e olho para o lado, porque mais vale ficar calado. Obrigado Bohr!

Aos pés da “menina na cadeira de praia” está SRD vulpina Keila (Kayla para os donos) que é simultaneamente a cadela mais esperta e manhosa da escola, capaz de fazer tudo e de “dar baile” a todos, inclusive de ameaçar quem quer que seja e de obsequiar com uma dentada os mais incautos ou atrevidos, ao surpreendê-los com o seu olhar fofinho e indefeso. A Keila é um daqueles cães que praticamente dispensa o treino do “quieto”, porque prefere naturalmente ficar quieta do que aturar alguém! Gulosa como poucos, faz tudo por um pedaço de comida, gula que a torna manhosa e que lhe poderá vir a ser fatal, tanto pela obesidade como por uma isca envenenada. QUEM NÃO A TEME, FAZ DELA O QUE QUER; QUEM A TEME, SÓ FAZ O QUE ELA QUISER! Convém dizer que esta camarada já leva 10 anos a comer frangos e que a velhice, como dizem, é um posto!

A cumplicidade entre o João Moura e o Marquês não merece qualquer tipo de contestação. É evidente – está na cara! Todavia, considerando a qualidade laboral deste cachorro CPA e o seu desenvolvimento físico, psicológico e cognitivo, está mais do que na hora de convidar a Joana para o trabalho a que se propôs, ajudando assim na construção de um cão igual em qualidade aos que sempre teve.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios. Cristina/Keila; João Moura/Marquês; Paulo/Bohr; Pedro/Luna e Stephanie/Reva. A reportagem fotográfica e a sua edição couberam aos suspeitos do costume. O Jorge Filipe, mais conhecido por ZIP, segundo as suas palavras, “lamentavelmente não pôde comparecer”, não sem antes avisar repetidas vezes, o que só enaltece a sua educação e o cuidado que tem com os outros. O Plano de Aula foi cumprido e hoje retomaremos os nossos trabalhos.

domingo, 28 de agosto de 2022

IRREFLEXÃO E TRAGÉDIA

 

Grande número de proprietários caninos e de adestradores de circunstância acaba por condicionar aos seus cães a comandos que tanto podem facilitar o seu roubo como a sua eliminação, irreflexão típica dos inconscientes ou acto consciente dos partidários do pensamento “perdoa-se o mal que faz pelo bem que sabe”, que tendencialmente pensam que a sorte sempre lhes sorri e que o mal só acontece aos outros. Um desses comandos nocivos é o de condicionar o cão a dar pata, o que põe automaticamente o animal à mercê de possíveis ladrões e assassinos, por facilitar a sua abordagem, operar a sua distracção e fazê-lo interromper momentaneamente a sua missão. Quando o cão der conta do logro já será tarde, podendo-se encontrar-se laçado, com um dos membros anteriores pendurado ou simplesmente morto. Ensinar um cão de guarda a dar a pata, para além de uma enorme insanidade, é vulnerabilizar a sua defesa e sujeitá-lo aos desejos dos seus inimigos. Também o mesmo não deve ser ensinado aos cães que estão sós em quintais e jardins a maior parte do dia, como não deve ser ensinado aos que andam vulgarmente soltos pelos jardins e que só os donos deverão conhecer os seus nomes. Que fique bem claro, ensinar cães é dar a primazia à sua protecção enquanto o primeiro dos objectivos do adestramento for a sua salvaguarda – NÃO ESTMOS AQUI PARA MATAR CÃES!

PS: Em abono do seu bem-estar, da sua segurança e da sua integridade, os cães que já assimilaram este condicionamento deverão ser descodificados e dar ao comando verbal uma resposta diferente.

DEPOIS DAS GAIVOTAS, CHEGAM OS ABUTRES NEGROS

 

As alterações climáticas, a destruição consecutiva de diversos ecossistemas, a desertificação e o desaparecimento de algumas espécies têm vindo a transformar os animais domésticos em presas para certos mamíferos e aves que cada se vez mais se aproximam dos núcleos populacionais ou já que vivem dentro das nossas cidades, constituindo-se assim em predadores de cães e gatos. Para além das águias que sempre caçaram pequenos mamíferos, corvos e gaivotas seguiram-lhe o exemplo, chegando agora a vez dos abutres, que na ilha nova-iorquina de Staten Island, nos Estados Unidos já executam perigosos loopings e voos rasantes sobre os donos dos cães quando estes saem à rua, ferindo-os por vezes, ao mesmo tempo que se estão a transformar em exímios caçadores de gatos. Estes agora ameaçadores abutres negros (Coragyps atratus) descrito pelos moradores de Staten Island como tendo 2 metros de envergadura, têm em média 74 cm de comprimento e uma envergadura entre 1,33 e 1,67m. Para além das razões atrás apontadas, o facto das gente citadinas estarem a preferir raças caninas cada vez mais pequenas pode estar associado ao problema e a agravá-lo.

Esta migração recente dos abutres negros das pradarias para as cidades, nomeadamente para Staten Island, coisa rara (há quem não se lembre de uma coisa assim há 47 anos), traz preocupados os moradores da ilha e bairro, que não se agradam de ver os abutres sobre os telhados de olhos postos nos gatos, particularmente nas ruas Poultney e Sanilac, onde espantam os gaios azuis e debicam invariavelmente os telhados (estarão a afiar a ferramenta?). Outros há que perdendo o receio dos humanos, ocupam descaradamente os quintais de alguns, como foi o sucedido com uma senhora em New Drop Beach, onde um grupo de abutres atacou o seu cão de 80 kg sem êxito, sem contudo abandonar o local. Para piorar a situação, os abutres negros são objecto de proteção federal de acordo com a Lei do Tratado das Aves Migratórias de 1918, que proíbe expressamente capturar, matar, vender, comercializar ou transportar aves migratórias sem a autorização do Departamento de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos (United States Department of Fish and Wildlife). A desobediência a estas leis pode resultar em multas ou em prisão efectiva. Contudo, caso esses animais possam representar um perigo para a saúde pública ou para as actividades económicas, os visados ou lesados poderão solicitar uma autorização federal visando o seu abate. Afortunadamente, assustar os abutres é perfeitamente legal, que é o resta fazer aos residentes em Staten Island, que os assustam com mangueiradas. Se porventura for a Nova Iorque, der um pulinho à Staten Island e vir um residente de mangueira em punho a apontar para o céu, certifique-se se ele não tem abutres no telhado!

PS: Caso tenha um pequeno cão, um miniatura ou um toy e não esteja interessado em vê-lo “voar”, não o solte arbitrariamente pelos campos, ainda mais porque as raposas andam esfomeadas por causa dos incêndios e não são as únicas, já que os javalis comem tudo ao passar e algumas espécies da família Mustelidae não rejeitam um bom petisco. Presta especial atenção aos laços armados contra os javalis!

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

PROVAÇÃO

 

Abandonado ao seu destino durante várias semanas, um Malinois de 18 meses, veio a ser encontrado num pavilhão na localidade francesa de Mitry-Mory, na região administrativa de Île-de-France, no departamento de Seine-et-Marne, nesta última terça-feira, dia 23 de agosto de 2022. De acordo com um media local, ele andava ao acaso sobre os seus próprios excrementos quando a polícia e membros da associação ACTION PROTECTION ANIMALE o descobriram.

De acordo com o jornal La Marne, foram os moradores locais que alertaram as autoridades. No domingo dia 21, já no local, a polícia e os membros da citada associação depararam-se com as portas fechadas do pavilhão, obrigando-os a esperar por um mandato do ministério público para que puderem intervir dois dias depois. A associação Action Protection Animale disse em tom de lamento: “Recolhemos 10 kg de excrementos, o que prova que o animal já estava ali há muito tempo!” Graças aos vizinhos, que conseguiram alimentá-lo através de uma vidraça partida, o cão não evidenciava sinais de magreza, somente irritações e infecções no seu manto.

Ao cuidado da associação envolvida no seu resgate, viria a ser acolhido por uma família adoptiva. De acordo com o que foi dito pelos media locais, os seus “donos” irão comparecer brevemente perante a polícia para responder sobre os seus actos, correndo o risco de apanhar até 3 anos de prisão e uma multa até aos 45.000€. O experimentado por este desafortunado cão só pode ser definido com exactidão através da palavra “PROVAÇÂO” (do latim probatio.onis), que é sinónima de martírio, tormento e transe, porque qualquer cão se rende e humilha quando afastado do seu grupo (líder) e expulso do seu território. Oxalá este Malinois consiga superar a experiência negativa que foi obrigado a suportar e que isso não venha a afectar o seu relacionamento e comportamento futuros. Estamos perante um cão jovem e ainda em formação, pelo que a idade deverá vir em seu auxílio. 

SINAIS DA VELHA INIMIZADE ENTRE PAQUISTANESES E CÃES

 

Se no mapa consigo ver claramente onde acaba o Afeganistão e começa o Paquistão, culturalmente não encontro grandes diferenças entre os povos dos dois países vizinhos, havendo afegãos que são paquistaneses quando lhes convém e paquistaneses pró Afeganistão, o que torna aquela zona do globo no barril de pólvora pronto a explodir ou a mandar outros pelos ares, não se sabendo ao certo quem é aliado ou inimigo de quem, seguindo a máxima política que diz “aquilo que hoje é verdade, amanhã é mentira!” Apesar da esmagadora maioria dos muçulmanos considerar os cães impuros e capazes de conspurcar os crentes do Islão, o que tem levado ao abate assaz cruel de milhares de cães, as grandes cidades do Paquistão continuam a ser assoladas por grande número de cães abandonados.

Sempre que ocorre um incidente com algum destes animais, logo os media paquistaneses relevam o acontecido e apelam a uma cruzada contra os cães de rua, movidos mais por fervor religioso do que por outro motivo qualquer, solicitando do governo soluções radicais que não surtiram o efeito esperado no passado-recente. Assim se compreende uma notícia datada de hoje do jornal paquistanês editado em língua inglesa “THE NATION”, sediado em Lahore, onde se destaca o título “Stray Dogs Attack Anti-Polio Team, Injure One”.

A notícia dá conta de uma equipa de combate à poliomielite ter sido atacada por cães de rua nas proximidades de Chowk Azam, na Cidade de Layyah, ferindo uma funcionária que se encontrava de serviço, uma senhora chamada Nasreen Parveen, que foi levada a um hospital para tratamento e que regressou depois a casa. Relatados os factos, logo vem o “apelo”: “Cidadãos de Layyah reclamaram que, apesar das suas repetidas e frequentes reclamações, apenas receberam das autoridades um silêncio ensurdecedor acerca da questão dos cães vadios. Apesar do Paquistão ter registado um aumento dos ataques de cães vadios, as nossas autoridades parecem não estar ainda prontas para acordar do seu sono profundo.” Como resultado disto, dentro em breve serão envenenados ou abatidos milhares de cães que encherão os acessos da cidade com os seus cadáveres.

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

 

O Ranking semanal dos textos mais lidos obedeceu à seguinte preferência:

1º _ VIDA POR VIDAS, editado em 16/08/2022

2º _ RAÇÕES COM PROTEÍNA DE INSECTOS, editado em 22/08/2022

3º _ COMO DUAS CORUJAS PÚDICAS AO ANOITECER, editado em 19/08/2022

4º _ O QUE NOS RESERVA O PITSKY, editado em 03/04/2017

5º _ MORTE ESCUSADA E MUITO LAMENTADA, editado em 16/08/2022

6º _ QUANDO A CABEÇA NÃO TEM JUIZO, O CORPO É QUE PAGA!, editado em 19/08/2022

7º _ TOCA A MEXER!, editado em 17/08/2022

8º _ ZLATAN: TESTADO E APROVADO, editado em 21/08/2022

9º _ RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS, editado em 19/08/2022

10º _ NOYEN-SUR-SARTHE: A REVOLTA  DOS GENTIS E AMOROSOS, editado em 24/08/2022

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

 

O TOP 10 semanal de leitores por país ficou assim ordenado:

1º França, 2º Portugal, 3º Canadá, 4º Brasil, 5º Estados Unidos, 6º Países Baixos, 7º Alemanha, 8º Suécia, 9º Reino Unido e 10º Suíça.

OS COGUMELOS QUE NINGUÉM CONHECE!

 

Estão a aparecer nos nossos jardins e parques públicos cogumelos que ninguém conhece, normalmente alimentados pelo que resta dos dejectos caninos em relvados de rega automática. Como fungos desconhecidos que são, chama-se à atenção dos proprietários caninos no sentido de evitar que os seus cães os comam, pois não se sabe se são venenosos ou não, sendo mais do que certo não serem comestíveis devido à sua toxicidade. Estes cogumelos de diferentes cores e apresentações, que não se encontram na lista dos vulgarmente descritos como venenosos, parecem ser variedades invasoras. Para registo e para chamar à atenção do problema, aqui fica uma foto da sua existência.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

SOLUÇÃO CONSERVADORA

 

Assim que o frio voltar, apesar do tempo não dar mostras disso, as autoridades europeias e britânicas vão ter um problema acrescido, mas já usual: o de albergar os SEM-ABRIGO que têm cães, uma vez que os proprietários das casas alugadas pelas autarquias negam-se, na maioria dos casos, a aceitar cães dentro das suas casas, o que muito bem se compreende. Esta esfarrapada política higienista, ao invés combater a pobreza, acaba por aceitá-la tal qual ela é. Tradicionalmente da Áustria sempre nos chegam soluções mais radicais e conservadoras. Em Salzburgo (que significa literalmente “fortaleza de sal”) uma petição de quase 4.000 assinaturas, que conta com o apoio de várias instituições e individualidades da cidade, inclusive com a associação de bem-estar animal “RESPEKTIERE”, pede o fim da mendicância com cães, por entender que ela fomenta a crueldade contra os animais, o que não deixa de ser uma verdade em muitos casos, quando os animais apenas servem para apelar á caridade de quem passa.

Estranhamente ou talvez não, a solução de Salzburg visa resolver o problema dos cães sem se importar com o das pessoas, que na prática valem menos que os animais aos olhos de muita gente sensível daquela cidade. No meu ver, que sou latino e não tão passional, o que importa é acabar com a pobreza e a miséria que lançam muitos na pedinchice e que os obriga a valer-se dos cães para sobreviver. Estarei 100% de acordo com a petição de Salzburg se o confisco dos cães levar os seus donos à procura de trabalho e ao consequente abandono da mendicância, desde que lhe dêem ocupação ao seu alcance e não se aproveitem da circunstância para explorá-los ainda mais. Apesar da pobreza ser uma vergonha e um problema de e para todos nós, a reinserção social dos ditos indigentes cabe em primeira instância aos estados das distintas nações, que terão que arranjar para eles soluções que não atentem contra a sua dignidade enquanto seres humanos. Infelizmente até hoje, ninguém conseguiu encontrar uma solução totalmente válida, justa e eficaz para acabar com a pobreza, será que taxando a ganância poderemos encontrar-lhe solução? Felizmente que as famílias sucedem-se na miséria e na fortuna, porque grande injustiça seria caber o bem e o mal sempre aos mesmos! Quando alcançaremos riqueza sem precisarmos da miséria? Serão as duas indissociáveis? Eu quero acreditar que não!

LÁGRIMAS NO REENCONTRO COM OS DONOS

 

Segundo um estudo datado da passada segunda-feira, dia 22 de agosto, na revista CURRENT BIOLOGY, os cães produzem lágrimas quando reencontram os seus donos depois de um período de separação, atribuindo o fenómeno à presença da OCITOCINA, apelidada de “HORMONA DO AMOR”. “Nunca ouvimos falar de animais a derramar lágrimas em situações alegres, quando se reúnem com os seus donos ", disse o autor do estudo, TAKEFUMI KIKUSUI (na foto seguinte), da UNIVERSIDADE DE AZABU, num comunicado no Japão.

Os cientistas implicados no estudo mediram a quantidade de lágrimas produzidas através do TESTE DE SCHIRMER (teste para avaliar se o olho produz uma quantidade suficiente de lágrima para mantê-lo lubrificado) que envolveu a colocação de uma tira sob a pálpebra, tomando como ponto de comparação um nível base elevado igual ao que os cães encontram no seu ambiente natural na presença dos donos. Após cinco a sete horas de separação, a quantidade de lágrimas aumentou "significativamente" cinco minutos após o reencontro do cão com o dono. O volume de lágrimas foi também maior quando o cão se reencontrou com seu dono, e não com outra pessoa. Segundo os cientistas, esta produção lacrimal está ligada à presença da ocitocina, apelidada por “hormona do amor”.

Como os pesquisadores queriam entender qual o papel prático que estas lágrimas poderão desempenhar, foi pedido aos donos que classificassem fotos dos seus cães quando interagiam com eles. As fotos em que foram administradas lágrimas artificiais foram classificadas significativamente mais altas, de acordo com o estudo. “É possível que cães que mostram olhos enevoados durante as suas interações com os seus donos os levem a cuidar mais deles ”, disse Takefumi Kikusui. Uma função semelhante ao choro dos bebês que leva os pais a prestar-lhes maior cuidado e atenção. Os cães, domesticados como nenhum outro animal, desenvolveram habilidades específicas de comunicação ao longo do tempo. Ficou demonstrado que o contacto visual desempenha um papel na formação da relação entre um cão e seu treinador. Estes pesquisadores gostariam agora de estudar se os cães também produzem lágrimas quando encontram outros indivíduos da sua espécie. Resta saber se estamos somente perante uma mera reacção química ou diante de uma inequívoca manifestação emocional.

SERVIÇO COMUNITÁRIO

 

Ontem, enquanto o grupo escolar se dedicava a vencer diversos percursos de técnica de condução, o CPA Paco foi direccionado de bom grado para o serviço comunitário, fazendo a vontade às crianças que pretendiam abraçá-lo e constituindo-se numa excelente ocasião de esclarecimento para os pais, porque a sociabilização é urgente e por isso mesmo inevitável, já que é obrigatória à luz da lei. A sociabilização canina com o grosso dos cidadãos é relativamente pacífica, mas não o é com aqueles que pela sua apresentação, comportamento, deficiência e particular biológico se diferenciam dos demais, podendo com isso constituir-se, involuntariamente, num grupo de presas e serem confundidos como intrusos pelos animais, que poderão avançar para eles sem qualquer provocação. Cidadãos munidos de muletas, bengalas e os portadores de próteses nos membros inferiores, quando aparecem de surpresa, podem suscitar dos cães uma rápida atitude defensiva, pelo que importa que se familiarizem com estes indivíduos e nestas circunstâncias. Gente exaltada, de movimentos enérgicos, andrajosa e malcheirosa, bêbados e drogados, assim como alguns indivíduos de minorias raciais, poderão também ser interpretados do mesmo modo, pelo que há que familiarizar os cães com estes comportamentos e apresentações excepcionais, na maioria dos casos já por si vulneráveis e fragilizados. É sabido, não vale a pena pintar o mundo de cor-de-rosa, que os africanos e os cães não gozam de grande empatia entre si, sendo comum os primeiros temerem os segundos e acabarem agredidos por eles, situação embaraçosa que ninguém deseja.

Ontem deparámo-nos com uma mãe e duas filhas de etnia africana, corremos para elas e pusemos o Paco ao dispor da criançada, explicando àquela família o que deve e não deve fazer perante a aproximação de cães desconhecidos em prol da sua salvaguarda e bem-estar. As duas fotos acima reportam-se ao encontro das duas meninas com o CPA negro. Na foto seguinte, também debaixo da preocupação com a sociabilização dos nossos cães, vemos a CPA Luna a saltar por dentro dos braços em círculo de uma viandante que connosco se cruzou, que saiu ilesa do exercício e radiante. Diante do que foi feito e daquilo que exigimos, a Luna tem que melhorar simultaneamente a sua autonomia e sociabilização.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Clarinda/Keila; João/Paco; Jorge/Gaia; Paulo/Bohr; Pedro/Luna e Stephanie/River. Como os polícias no desempenho das suas missões, conforme lhes compete, tendam a mostrar-se dominantes e tudo observar, é possível que alguns cães, nomeadamente os mais valentes, ao detestarem ser observados, resistam à dominância patenteada por entendê-la como uma afronta, desejando depois avançar para a confrontação. A familiarização de um cão com a polícia, alguns cães reconhecem a farda e não os indivíduos que a vestem, é fundamental para o bem-estar dos agentes da autoridade e para a salvaguarda do cão, que deverá fixar o lugar da esquadra da polícia e aqueles que lá estão, quando perdido ou confundido intentar chegar a casa. Por tudo isto, o comando de “amigo” atinge a sua máxima expressão quando dedicado a um polícia. Por outro lado, nas saídas ao exterior, os cães deverão avançar sempre debaixo de um comando para além dos direccionais, comando esse que tanto poderá ser lúdico como de alerta, consoante a densidade de pessoas, a natureza e a perigosidade dos trajectos, assim como a hora do dia em que são realizados (se de dia ou de noite), para que os animais sintam que vão acompanhados e controlados, o que fará que não caiam em cima de ninguém sem ordem expressa nesse sentido. Os cães sabem bem o que lhes é e não é permitido, os donos é que parecem esquecer-se momentaneamente das suas atribuições.

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

JÁ NÃO CHEGOU À REFORMA!

 

Quem trabalha espera um dia chegar à reforma, mas há sempre alguns que não chegam lá, como foi o caso de uma mulher-carteiro do U.S. POSTAL SERVICE, PAMELA JANE ROCK (na foto seguinte), com 61 anos de idade, que foi atacada por uma matilha de 5 cães quando a sua carrinha de distribuição avariou numa estrada ao norte do estado da Flórida, em Interlachen Lake Estates, numa zona rural da Flórida. As autoridades do Condado de Putnam encontraram-na deitada no chão quando chegaram ao local, na tarde do último domingo, estando os cães presos dentro de uma cerca numa casa nas redondezas.

Um morador do lugar disse aos agentes da autoridade que ouviu a mulher a gritar por socorro e que viu os cinco cães a atacá-la, que vários vizinhos tentaram tirar-lhe os cães de cima e que um deles chegou a disparar um tiro para o ar para assustar os animais agressores. Foram os polícias destacados para o local que prestaram os primeiros socorros à carteira, que sangrava abundantemente e que foi alvo de vários garrotes antes da chegada da Unidade de Resgate, que acabou por transportá-la para um centro de trauma em Gainesville, onde acabaria por falecer. A unidade de controlo de animais do Condado de Putnam assumiu a custódia dos cães e o incidente está a ser objecto de uma investigação.

Apesar da morte de Pamela Rock não se ficar a dever ao facto de ser carteira, mas à avaria da viatura que conduzia, de acordo com dados fornecidos pela CNN, mais de 5.400 carteiros foram atacados por cães nos Estados Unidos em 2021, estando a Flórida entre os dez primeiros estados onde isso acontece com maior frequência (só no ano passado foram registados 201 incidentes deste tipo). Como se antevê, o morticínio dos carteiros nas Terras do UNCLE SAM só diminuirá quando os carteiros mereceram maior respeito por parte dos norte-americanos em geral.

NOYEN-SUR-SARTHE: A REVOLTA DOS GENTIS E AMOROSOS

 

Noyen-sur-Sarthe é uma pequena localidade francesa na região administrativa do País do Loire e no departamento de Sarthe, que no censo de 2010 tinha apena 2 657 habitantes, com uma densidade populacional de 61 habitantes por Km2. Ali, no Sábado passado, dia 20 de agosto, três cães atacaram e morderam uma adolescente de 15 anos e o homem que correu em seu socorro. Devido ao estado grave em que ficou, a jovem teve que ser transportada para um hospital, onde foi sujeita a uma intervenção cirúrgica na noite de sábado para domingo. Logo após o incidente, o proprietário dos cães foi preso pela Gendarmerie, vindo a ser solto no dia seguinte, domingo, conforme anunciou anteontem aquele corpo policial, muito embora as investigações continuem em andamento. Jean-Louis Morice, prefeito de Noyen-sur-Sarthe, que tem estado em contacto com o seu homólogo de Sarthe, pede que os cães sejam abatidos, uns American Bully que já haviam mordido antes e de quem os residentes do local têm medo. Como consequência do historial e do acontecido, as vítimas dos cães irão apresentar queixa.

Perguntarão os meus leitores como é possível que uma raça que é descrita pelos seus criadores como feliz, extrovertida, estável e confiante, para além de gentil e amorosa com as pessoas, possa produzir cães assim tão malvados? Reflectirão estes cães o mau-feitio do dono ou obedecerão cegamente aos seus nefastos propósitos, como tantas vezes ouvimos por aí? Que se desencantem os aldrabões, os milagreiros, os profetas da desgraça e os fatalistas, porque em matéria de ataques caninos, quando não são resultantes de pânico, o que manda mais é a genética e muito pouco o peso ambiental, porque se o cão não nascer com os impulsos herdados para isso, por mais fracos que sejam, jamais um homem transformará um cão manso num bravo. Também aqui não é possível fazer omeletes sem ovos, muito embora o recurso a substâncias alucinogénias ou psicotrópicas possa de maneira descontrolada solicitar agressividade aos cães, que devido às suas contra-indicações, espasmos e convulsões, cedo condenarão a saúde e longevidade do animais, como tem vindo a acontecer nos conflitos a partir da II Guerra Mundial, onde a procura do super-cão sucedeu à do super-soldado, isto depois dos cães terem servido de cobaias para os homens.

A agressividade canina, que através da selecção natural não atinge grandes exageros e tende quase a desaparecer, é levada a extremos e neles se estabelece pela cuidada e rigorosa selecção humana, que não dispensa a tão procurada certificação empírica. Mesmo assim, porque estamos a falar de indivíduos pertencentes a raças com apenas duzentos anos de existência (algumas nem isso), surgimento muito anterior à descoberta do ADN, podem aparecer nas ninhadas cachorros com um comportamento diametralmente oposto ao dos seus irmãos de ninhada, de acordo com as diferentes potenciações dos seus impulsos herdados. Assim se compreende também porque há American Bullies que são uns verdadeiros anjinhos e outros que são uns autênticos demónios, como os de Noyen-sur-Sarthe, uma vez que o pai do American Bully é o Pit Bull. Com isto não estou a incriminar ou a inocentar o dono destes cães, que poderiam ou não ser aproveitados e instigados para serem anti-sociais. De qualquer modo, enquanto adestrador, não alinho a minha opinião com a dos autarcas e vítimas de Noyen-sur-Sarthe, preferindo que os animais fossem primeiro castrados e depois reeducados, o que tornaria mais fácil e segura a sua reeducação. No meu entender, todo o processo pedagógico dos Bullies deveria ser pago pelo seu dono por tê-los fora de controlo, o que não o livraria de responder por outros encargos e obrigações legais. Sou contra o abate de cães porque eles não se fizeram a si mesmos e não conseguem auto educar-se – continuam animais – o que não me impede ser solidário com as vitimas de Noyen-sur Sarthe.

PS: Se porventura se apaixonar por uma raça particular de cães (seja ela considerada perigosa ou não), não saiba muito acerca dela e desconheça como escolher o cão que pretende, o melhor que tem a fazer é procurar alguém conhecedor que o possa ajudar na escolha certa.

terça-feira, 23 de agosto de 2022

CRIANÇAS, CÃES E BICICLETAS

 

Apesar do treino de ontem ter assentado sobre a sociabilização e a endurance caninas, ele foi totalmente direccionado para a alegria e para a colaboração das crianças, que acabaram assim por participar num conjunto de brincadeiras do seu agrado. Às nossas crianças (Nicole e Simão), por convite do Adestrador, veio juntar-se um rapazinho estrangeiro de 4 anos de idade, que assistia aos nossos trabalhos com o seu pai, mostrando-se seguro e radiante pelo convite prà brincadeira. Na foto acima, tal qual numa série estival infanto-juvenil, vemos a Nicole a andar de bicicleta e a conduzir à trela o ajuizado CPA negro Paco que se sentiu bem entre os miúdos. Na foto seguinte vemos o Adestrador a ensinar o menino estrangeiro a pegar na trela do Paco para poder ir passear com ele.

Como se estivessem a brincar às escondidas com o CPA Bohr, os 3 miúdos louros foram esconder-se atrás de uma caixa eléctrica e acabaram surpreendidos ao ver o Pastor Alemão lobeiro de pêlo comprido saltar naturalmente sobre eles.

Como o SRD Reva; um dos cães da Stephanie, tem por hábito ser rufia e avançar para os outros cães, mau-feitio que eventualmente terá herdade da sua herança Teckel, foi chamado com a sua dona a fazer parte do corpo de um obstáculo misto com mais dois miúdos montados nas suas bicicletas. Tudo correu conforme o esperado: o Reva comportou-se bem e os Pastores Alemães convidados para o salto não beliscaram ninguém, particularmente a Stephanie por se encontrar dentro da curvatura normal de salto. Pequenos e graúdos agradaram-se da experiência. O cão que está a saltar é o CPA Bohr, o veterano do nosso contentamento.

Também a CPA negra Gaia foi convidada para o mesmo salto e executou-o brilhantemente, debaixo de um princípio agora adoptado, “tudo o que o Bohr fizer, a Gaia também fará”, porque a cadela tem qualidade para isso e há muito que já deveria ter sido aproveitada convenientemente. Em matéria de adestramento, nada é mais parecido com um “crime de lesa-majestade” do que desprezar o que este animal tem para dar.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: João/Paco; Jorge/Gaia; Paulo/Bohr e Stephanie/Reva. O Plano de Aula foi cumprido à risca. A Liliana ajudou na reportagem fotográfica e a colaboração dos seus pequeninos foi louvável. O tempo não atrapalhou e hoje daremos continuidade aos nossos trabalhos.

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

MUDHOL HOUND: UMA APOSTA GANHA?

 

Altas individualidades do estado e do exército indiano apostaram há alguns anos atrás nos seus cães autóctones para aproveitarem o seu potencial e adequação ao clima do subcontinente indiano. Pela primeira vez na Índia e penso que no mundo, um cão lebrel é recrutado para uma força de cães destinada à segurança de pessoas, fronteiras e outros locais estratégicos. Os lebréis em questão são da raça MUDHOL (exemplar na foto acima), que é caracterizada por ser de um dono só, ter uma coragem e lealdade a toda a prova, um campo visual extraordinário, um olfacto bastante apurado, uma agilidade acima da média, ser uma corredora inata e possuir uma resistência extraordinária. A selecção dos actuais exemplares foi feita pela equipa de segurança do PM. Pese embora as dificuldades esperadas, os lebréis não são por norma fáceis de lidar, gostaria de acreditar que os esforços dos militares indianos irão ser bem-sucedidos perante o enorme desafio a que se propuseram.