quinta-feira, 18 de novembro de 2021

“UP” E SALTAM OS DOIS!

 

Manda o bom senso que o objectivo central do adestramento canino seja a salvaguarda dos animais, porque depois de mortos pouco um nenhum préstimo terão, o que equivale a dizer que é um crime clamoroso e uma tremenda tolice quando a procura da utilidade desconsidera a sobrevivência dos cães. Hoje como nunca, no que diz respeito à disciplina de guarda, a diferença entre o ataque e a defesa nunca foi tão diferenciada, sendo as acções defensivas muito mais numerosas do que as ofensivas, o que não se prende unicamente com as características somatopsíquicas dos indivíduos. Dito isto, o adestramento actual é cada vez mais defensivo do que deliberadamente ofensivo, preocupação que atravessa transversalmente todas as disciplinas cinotécnicas face à presença cada vez maior de cães entre nós, que importa proteger dos riscos inerentes ao nosso trânsito, actividade, desperdício, produção e riqueza. Compreende-se agora porque é que a defesa dos animais usurpou o lugar das distintas competições na ginástica, obra da responsabilidade que destronou a vaidade. No treino de ontem optámos pela “ginástica defensiva” que passo de imediato a explicar.

Os dois GIFS acima reportam-se a um pequeno salto de extensão sobre uma depressão ligeira que os cães passariam sem necessidade de saltar. Para que eles saltassem e desprezassem a sua percepção, colocámos no meio da cavidade uma das condutoras. Fizemos isto para mecanizar o “up” (voz de execução de salto), independentemente dos animais se aperceberem ou não da necessidade de saltar. Se porventura aquela cavidade estivesse cheia de algum produto químico lesivo ou corrosivo, os cães não poderiam pisá-la e teriam que saltá-la, pelo que importou condicionar os cães a saltar sempre que os donos saltam debaixo da perspectiva defensiva atrás descrita. No exercício seguinte, agora a pensar na sociabilização dos cães e na hegemonia operativa dos donos, vemos um cruzamento sobre um castelo de 110 cm de altura.

Os cães, dependendo do seu tamanho, envergadura, elasticidade, aprumos e angulações traseiras, apresentam diferentes maneiras de abordar os obstáculos e de saltá-los, havendo uns que saltam a 45º dos obstáculos e outros a metade disso. Se um cão pequeno que tende a saltar a 45º encontrar um obstáculo na sua frente com 1 m de altura, jamais conseguirá ultrapassá-lo nessa curvatura de salto, pelo que terá que aprender a saltar mais perto do obstáculo. É isto que podemos observar no GIF seguinte, onde a Débora está a ensinar a marcação de salto ao SRD Kiko, para que amanhã não fique indevidamente encarcerado.

A SRD Cookie, inegavelmente aparentada com algum ignoto Malinois, aparece no GIF seguinte a efectuar um célere salto a 21 graus, com um elegância incrível e uma facilidade de bradar aos céus. Convém não esquecer que estamos perante uma cachorra esterilizada.

Terminámos os nossos trabalhos de ontem a fazer um cruzamento frontal sobre um castelo de 110 cm e todos os binómios participaram no exercício. O Oliver, o Cão de Água Português, tem tanto de pujante como de malandro e sabe muito bem como chantagear os donos.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Débora/Kiko; Inês/Oliver e Leonor/Cookie. Demos pela falta do Jorge Filipe e da Gaia. A reportagem fotográfica ficou a cargo do Carlos Silva e a montagem coube ao Paulo Jorge que a acabou por volta das 5 da madrugada. A noite esteve de feição e ajudou ao bom andamento dos trabalhos.

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