Manda
o bom senso que o objectivo central do adestramento canino seja a salvaguarda
dos animais, porque depois de mortos pouco um nenhum préstimo terão, o que
equivale a dizer que é um crime clamoroso e uma tremenda tolice quando a
procura da utilidade desconsidera a sobrevivência dos cães. Hoje como nunca, no
que diz respeito à disciplina de guarda, a diferença entre o ataque e a defesa
nunca foi tão diferenciada, sendo as acções defensivas muito mais numerosas do
que as ofensivas, o que não se prende unicamente com as características
somatopsíquicas dos indivíduos. Dito isto, o adestramento actual é cada vez
mais defensivo do que deliberadamente ofensivo, preocupação que atravessa
transversalmente todas as disciplinas cinotécnicas face à presença cada vez
maior de cães entre nós, que importa proteger dos riscos inerentes ao nosso
trânsito, actividade, desperdício, produção e riqueza. Compreende-se agora
porque é que a defesa dos animais usurpou o lugar das distintas competições na
ginástica, obra da responsabilidade que destronou a vaidade. No treino de ontem
optámos pela “ginástica defensiva” que passo de imediato a explicar.
Os
dois GIFS acima reportam-se a um pequeno salto de extensão sobre uma depressão
ligeira que os cães passariam sem necessidade de saltar. Para que eles
saltassem e desprezassem a sua percepção, colocámos no meio da cavidade uma das
condutoras. Fizemos isto para mecanizar o “up” (voz de execução de salto),
independentemente dos animais se aperceberem ou não da necessidade de saltar.
Se porventura aquela cavidade estivesse cheia de algum produto químico lesivo
ou corrosivo, os cães não poderiam pisá-la e teriam que saltá-la, pelo que importou
condicionar os cães a saltar sempre que os donos saltam debaixo da
perspectiva defensiva atrás descrita. No exercício seguinte, agora a pensar na
sociabilização dos cães e na hegemonia operativa dos donos, vemos um cruzamento
sobre um castelo de 110 cm de altura.
Os
cães, dependendo do seu tamanho, envergadura, elasticidade, aprumos e
angulações traseiras, apresentam diferentes maneiras de abordar os obstáculos e
de saltá-los, havendo uns que saltam a 45º dos obstáculos e outros a metade
disso. Se um cão pequeno que tende a saltar a 45º encontrar um obstáculo na sua
frente com 1 m de altura, jamais conseguirá ultrapassá-lo nessa curvatura de
salto, pelo que terá que aprender a saltar mais perto do obstáculo. É isto que
podemos observar no GIF seguinte, onde a Débora está a ensinar a marcação de
salto ao SRD Kiko, para que amanhã não fique indevidamente encarcerado.
A
SRD Cookie, inegavelmente aparentada com algum ignoto Malinois, aparece no GIF seguinte
a efectuar um célere salto a 21 graus, com um elegância incrível e uma
facilidade de bradar aos céus. Convém não esquecer que estamos perante uma
cachorra esterilizada.
Terminámos
os nossos trabalhos de ontem a fazer um cruzamento frontal sobre um castelo de
110 cm e todos os binómios participaram no exercício. O Oliver, o Cão de Água Português,
tem tanto de pujante como de malandro e sabe muito bem como chantagear os donos.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Débora/Kiko; Inês/Oliver e Leonor/Cookie. Demos pela falta do Jorge Filipe e da Gaia. A reportagem fotográfica ficou a cargo do Carlos Silva e a montagem coube ao Paulo Jorge que a acabou por volta das 5 da madrugada. A noite esteve de feição e ajudou ao bom andamento dos trabalhos.
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