Normalmente
só damos pela falta das coisas quando não as temos e quando assim acontece, é
que lhes atribuímos o real valor e reconhecemos a sua importância para nós.
Talvez seja preciso ser-se miserável e andrajoso para reconhecer e dar valor ao
amor de um cão, à reciprocidade de uma relação sustentada por um pouco de nada,
porque os cães não devolvem somente o que recebem, como alguns julgam, mas
dão-se inteiramente, devotadamente, desproporcionalmente, dão-se simplesmente e
eu não sei se de modo instintivo ou não, mas sei que sempre posso contar com o
meu cão, que não sendo carne da minha carne, é mais do que um irmão! E para
isso não preciso de ser cão como ele intenta ser gente. Depois desta
introdução, vou falar-vos do acontecido com Karen Ethier, uma inglesa residente
em Cirencester, no Condado de Gloucestershire, e do cão que resgatou para si,
Louie, um cruzado de Mastiff com Staffordshire Bull Terrier castanho a quem foi
amputada uma perna por negligência.
Inexplicavelmente
ou não, Louie, o rafeiro de três pernas, começou a procurar e a tocar no peito
da sua dona repetidamente, como se a estivesse a alertar para algo
importante. Mais tarde veio-se a descobrir que Karen, de 55 anos, tinha
desenvolvido um caroço no peito e que o cão já o havia diagnosticado, era isso
que ele queria “dizer-lhe”. Confirmou-se ser um caso de cancro da mama e o
diagnóstico precoce do Louie acabou por salvar a vida a quem sem hesitar o
resgatou e lhe deu um lar. Nós temos um aforismo que descreve bem esta
situação: “amor com amor se paga”, muito embora o cão agisse sem esperar algo
em troca.
O
comportamento incomum do rafeiro levou Karen a procurar um médico que confirmou
definitivamente a existência de cancro da mama e a luta começou: cirurgia,
quimioterapia e radioterapia, contudo sempre acompanhada e assistida pelo
Louie. “Foi um tratamento difícil, mas ele (o cão) esteve sempre ao meu lado.
Nós salvámo-nos um ao outro”, disse Karen, que está hoje em recuperação.
Este episódio real, que penso ser para todos uma lição de vida, foi divulgado em primeira mão pelo jornal britânico “Daily Star”. Não faltam “Louies” neste mundo, faltam lares que os queiram acolher. Karen Ethier escolheu abrir a porta da sua casa a um, hoje sente-se agradecida e tem todas as razões para isso.
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