Ancestral do agora muito
visto Weimaraner, o Vizsla, também conhecido como “Pointer Húngaro”, é um braco
médio vermelho usado desde há muito como cão de aponte e retriever, o que faz
dele um especialista nesses serviços, apesar de ser cada vez menos usado para
caçar e gradualmente mais requisitado como cão de companhia, pese embora o
facto, comum a todos os cães caçadores, de requerer bastante exercício diário.
O Vizsla foi ao longo dos séculos um companheiro activo de nobres e senhores da
guerra nas suas caçadas, caçando por vezes em parceria com falcões, mostrando-se
extraordinariamente apto na captura de aves e de lebres.
Durante a I Guerra Mundial
foi usado como cão mensageiro e na Segunda quase desapareceu, vítima dos extensivos
estragos ocorridos neste conflito. Apesar de não ser uma raça muito procurada
(nunca ocupou o TOP 10 de nenhum Kennel Club fora da Hungria), este braco
mostra grande versatilidade em matéria laboral, podendo ser usado como cão de
salvamento em áreas urbanas sinistradas.
Do ponto de vista
psicológico estamos perante um “cão velcro”, apelido que ganhou por ser um
animal muito ligado ao dono ou de necessitar sempre da companhia de alguém, o
que tanto pode ser uma vantagem como uma desvantagem. Será uma vantagem se
conseguirmos que os animais se acostumem a ficar sós sem contudo perderem os
fortes laços afectivos que nutrem pelos donos; será uma desvantagem se não
conseguirem ficar sós, o que será terrível para os proprietários dos cães menos
seguros e das cadelas, que terão que suportar a ansiedade da separação e um
conjunto de taras à ela associadas como destruição e autoflagelação.
Como se depreende estamos
perante um cão dócil, afectuoso, muito confiável, leal, também protector,
brincalhão, ágil e atleta, para além de ser bonito, expressivo, saudável e
muito asseado, um dos ideais para a constituição binomial e para acompanhar
crianças. Apesar de ainda carregar parte da carga instintiva herdada dos seus
ancestrais, o Vizsla é um cão fácil de ensinar, apto para interagir e com
grande capacidade de aprendizagem, que acusa em demasia a advertência e que
tudo faz mediante o reforço positivo. Por outro lado, por ser um cão de grande
disponibilidade, sente-se a gosto e pode praticar várias modalidades
desportivas caninas. Como cão de caça que é, o Vizsla pode vir a necessitar de
sociabilização precoce, subsistindo na raça indivíduos teimosos, excitáveis e
tímidos, assim como óptimos guardiões (é preciso saber escolher).
Do ponto de vista
biomecânico, ao Vizsla só lhe falta voar, porque foi feito para trabalhar no
campo, na floresta e dentro de água, sendo um excelente animal anfíbio. Cão
ligeiramente rectangular, de linha dorsal paralela ao solo, focinho
proporcional ao crânio, pescoço moderadamente longo e convexo, bem aprumado, de
garupa arredondada e com média angulação traseira, o Vizla para além de ser
inaudível em passo de andadura, consegue desenvolver a marcha até à sua
suspensão, transita facilmente de andamentos e consegue fazê-lo de cabeça
baixa, inclusive com ela abaixo da linha do dorso. É resistente e ágil, muscula
facilmente e bate com rapidez qualquer território, sendo capaz de acompanhar em
marcha outros cães a galope, o que lhe possibilita trabalhar por mais tempo se
a sua autonomia concionada o permitir.
Atleticamente falando,
quando saudável, o Vizsla não tem contra-indicações, muito embora acuse em
demasia o frio, pormenor que diante do seu bem-estar obrigará ao início do
treino no verão para que se vá adaptando gradualmente às estações mais frias.
No resto, dá-nos todas as garantias exigíveis a cães com a sua e envergadura – dos
53 aos 61 cm e dos 20 aos 30 kg. Devido ao seu nível de energia, à sua
necessidade de exercício e potencial de diversão, os Vizslas precisam de comer
em qualidade e quantidade. Apesar da maioria dos exemplares desta raça gozar de
boa saúde e ter uma esperança média de vida superior aos 12 anos, 5 doenças,
quando não despistadas, podem afectar alguns indivíduos, são elas: epilepsia; displasia
coxo-femoral; hipotireoidismo; linfossarcoma e Atrofia Progressiva da Retina.
Ousar treinar um Vizsla
nas disciplinas clássicas convencionais (Obediência, Pistagem e Guarda,
derivando daí para as diversas especialidades de salvamento), sem o concurso da
actividade cinegética, é uma viagem quase mítica que nos transporta ao
riquíssimo mundo dos bracos e que nos fará entender melhor cada um deles no que
têm de igual e diferente. Parabéns se tem um Vizsla – fez uma excelente
escolha!
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