domingo, 10 de maio de 2020

SPOT: O AGENTE DE AUTORIDADE ELECTRÓNICO DE SINGAPURA

Os orientais, quando não sujeitos a estados ditatoriais, usam de maior subtileza que os ocidentais na resolução dos problemas públicos e sociais. Durante o “estado de emergência”, para relembrar as regras preventivas contra o Covid-19, os locais proibidos e o distanciamento social, as polícias muniram-se aqui de carros com altifalantes, cujas mensagens eram antecedidas por calamitosos roncos e proferidas num tom agressivo do tipo” pare ou disparo”, procedimento desproporcionado, revanchista e desrespeitoso perante um povo ordeiro, generoso e solidário como o nosso. Em oposição a este estilo, na cidade-estado de Singapura, uma metrópole com 5,7 milhões de habitantes, está a ser realizado um projecto piloto com um robô canino alcunhado de “Spot”, desenvolvido pela Boston Dynamics, para ajudar nos esforços de distanciamento social num dos parques nacionais de Singapura durante a nova pandemia de coronavírus.
Este robô amarelo e preto, de pernas desproporcionadas em relação ao corpo (se o entendermos como um cão), é controlado remotamente e transmite várias mensagens pré-gravadas proferidas “em fala mansa e feminina”, isto segundo o parecer da Agência Reuters, mensagens do tipo: “Vamos manter Singapura saudável” e “Para sua própria segurança e para os que estão ao seu redor, afaste-se pelo menos um metro. Obrigado." Para além disto o cão robô também possui câmeras que permitem calcular quantas pessoas estão presente num parque, mas “que não serão capazes de rastrear e/ou reconhecer indivíduos específicos, pelo que nenhum dado pessoal será colectado, segundo afirmou um comunicado governamental.
O Spot, que desde anteontem está a ser testado, para além do altifalante, dos sensores, das câmeras e de pertencer à mais recente inteligência artificial, por ser remotamente controlado, permite ao governo local reduzir o número de patrulhas nos parques (menos gastos) e diminuir o contacto físico entre os agentes da autoridade e os restantes cidadãos. O cão-polícia electrónico já tem como missão, durante duas semanas, patrulhar 3 km no Bishan-Ang Mo Kio Park, na hora de maior afluência para lembrar a todos os singapurenses que é preciso manter o distanciamento social. Se tudo correr conforme o esperado, o robô-dog será usado permanentemente em Singapura para monitorar as medidas de protecção estabelecidas.
Para que este cão electrónico não colida com nada nem ninguém, foram-lhe instalados sensores que detectam obstáculos num raio de 1 metro. O facto de ter pernas e não rodas, permite-lhe circular com segurança em terrenos mais irregulares e sinuosos. Singapura, segundo avança a Reuters, é um dos países asiáticos que regista maior número de pessoas infectadas pelo coronavírus, devido principalmente ao grande número de trabalhadores migrantes que residem em dormitórios superlotados. Nesta cidade-estado, as pessoas são obrigadas a usar máscara logo que saem à rua e só podem sair de casa para fazer compras essenciais, o que se prologará até ao próximo dia 1 de Junho. Não deixa de ser estranho ter que obedecer a uma máquina, mas eu prefiro uma máquina com bons modos do que um bruto ou prepotente a incomodar-me.

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