sexta-feira, 22 de maio de 2020

PELO SIM PELO NÃO, ABRA A BOCA AO SEU CÃO!

São muitos os donos que gostam de levar beijos dos seus cães e muito poucos os que inspeccionam regularmente a boca dos animais, apesar da Deutsche Gesellschaft für Tierzahnmedizin – DGT – (Sociedade Alemã de Odontologia Animal), aconselhar a lavagem dos dentes aos cães regularmente, como prevenção contra o tártaro, gengivite e periodontite. Eu bem sei que os cães resistem à lavagem ao princípio, por ser-lhes invasivo e incómodo, vendo-a inclusive como uma intrusão na sua privacidade, mas com persistência, paciência e recompensa, a higiene bocal dos cães acabará por ser-lhes tão natural quando a sua escovagem diária (fala a experiência).
Mesmo que não se atreva a abrir-lhe a boca para lhe escovar os dentes (há quem por medo fuja disso “como o diabo da cruz”), convém encher-se de coragem e abrir a boca do seu cão logo após a escovagem diária, particularmente no Verão e perante cães que adoram caçar (comer) moscas e outros insectos, mau-hábito que convém eliminar diante do bem-estar e saúde dos animais. Para que melhor se entenda o que acabo por dizer, cito aqui o exemplo do meu cão, que de tão teimoso que é, apesar de advertido e de passar 3 dias por semana com o focinho inchado, não desiste de caçar moscas, abelhas, vespas e besouros, apesar de desconfiar e de não comer qualquer “petisco” inesperado ou algum que lhe queiram dar. Estou a ver que, por causa das vespas, ainda vou ter que meter-lhe uma rede a cobrir-lhe a cabeça e prendê-la à coleira!
Introduzidas primeiro nos Estados Unidos e depois na Europa no final do Séc.XX, para controlo biológico de pragas, as Joaninhas Asiáticas (Harmonia Axyridis), que existem numa grande variedade de cores (foto seguinte), têm-se multiplicado abundantemente em muitos lugares e teme-se agora que venham a substituir as espécies nativas de joaninhas americanas e europeias. Particularmente no Outono, a sua presença é amplamente notada, porque se erguem massivamente no ar e povoam as paredes das casas e de outros lugares aquecidos pelos últimos raios de sol. Quando se sentem ameaçadas segregam um líquido amarelo-alaranjado (hemolinfa) que cheira mal e que raramente causa uma reacção alérgica.
Estes pequenos besouros quando se agarram ao palato dos cães causam muita dor (ver foto seguinte), muito embora até à presente data só tenha acontecido um caso devidamente documentado em 10 anos, raridade que possivelmente se deve ao líquido fedorento e amargo que segregam, que não é nada atraente para predadores e muito menos será para os nossos cães, não correndo estes o risco de uma infestação fácil. Caso os nossos leitores se interessem pelo único relato até agora existente de uma infestação por Harmonia Axyridis num cão, carreguem por favor em https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0041010108003395.
Nós, as nossas famílias e os nossos cães, devido à globalização e à grande movimentação de pessoas, animais e de mercadorias que origina, estamos cada vez mais à mercê de animais, pragas e vírus de toda a espécie, para os quais não temos defesa imediata e que inesperadamente se propagam à escala planetária. E não preciso de me referir ao Covid-19, bastam-me as vespas asiáticas que matam as nossas abelhas e outras tantas pragas que têm vindo a assolar a nossa agricultura e a causar graves prejuízos. Perante os inimigos que já tinham, os que agora chegam e os que hão-de vir, os nossos cães precisam de ser protegidos e uma das medidas preventivas para evitar o pior, é abrir-lhes a boca para ver se está tudo bem. Caberá aos veterinários ensinar os donos dos seus pacientes a abrir-lhes a boca, cabendo a mesma tarefa aos adestradores como parte da pedagogia e profilaxia a ministrar.

Sem comentários:

Enviar um comentário