Não vou falar agora das “Maias”,
coroa de flores de giesta que se colocava antigamente nas portas das habitações
no mês de Maio, tradição que no Norte do País (Minho, Trás-os-Montes e Beiras)
ainda se conserva, associada em primeira instância aos cultos pagãos relativos à
fertilidade e à celebração de um novo ciclo da natureza, que com o decorrer do
tempo e com o sincretismo que nos caracteriza criou um conjunto de tradições
várias, todas elas bastante curiosas. E não vou falar porque o assunto “tem
pano para mangas” e a nossa etnografia não deverá ser tratada levianamente.
Hoje, depois da hora do
calor e com o CPA Paco já passeado, foi convidado para uma viagem de carro
pelas redondezas. Ao reparar nos campos com atenção, vi que as giestas (Genista
monspessulana) voltaram em força este ano, o que imediatamente trouxe-me à
memória os tempos da minha meninice, quando bravamente enjoava ao andar de
automóvel. Quando chegava o mês de Maio e para tentar distrair-me do vómito,
ainda que sem sucesso, uma adorável tia que já partiu dizia-me: “Olha João, que
lindas estão as giestas este ano!” Ao ouvir isto era fatal, o carro era
obrigado a parar numa berma e eu saltava dele prontíssimo a vomitar! Quando
alcancei a puberdade o enjoo passou-me e hoje ao ver as giestas, não as
associei à agonia, mas sim à alegria, por ter tido alguém que me amou como uma
verdadeira mãe.
As nossas ervas e flores silvestres
milenares ressurgiram este ano em maior número e com maior vigor (choveu mais),
dando aos campos por cultivar canteiros multicolores de malmequeres, papoilas e
campainhas, deslumbre que a natureza oferece aos homens diante da aproximação do Verão. E para apreciar de perto tamanha beleza, não há nada melhor que passear com o seu cão pelo campo, mas nunca ao amanhecer e ao anoitecer, ocasiões em que o mosquito phlebotomus infectado com o parasita Leishmania Infantum aproveita para transmitir a Leishmaniose aos cães.
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