terça-feira, 19 de maio de 2020

PARA DESMASCARAR PIRÓMANOS

Através de uma pesquisa financiada pelo Conselho de Pesquisa em Ciências Naturais e Engenharia do Canadá e em colaboração com Jeff Lunder, vice-presidente dos cães de fogo da Associação de Detecção de Aceleração Canina (CADA), químicos da Universidade Canadiana de Alberta, que se valeram de dois binómios, chegaram à conclusão que cães treinados podem detectar vestígios de gasolina até uma bilionésima parte de uma colher de chá, estimativa mais baixa do limite de sensibilidade olfactiva canina e que obviamente será um precioso auxílio nas investigações criminais.
"Durante uma investigação de incêndio criminoso, um cão pode ser usado para identificar detritos que contenham traços de líquidos inflamáveis - o que poderia sustentar a hipótese de que esse incêndio resultasse de uma acção criminosa", explicou Robin Abel, estudante de graduação do Departamento de Química e líder autor do estudo. "Está claro que um cão não pode prestar depoimento em tribunal, pelo que os detritos que detectou deverão ser enviados para o laboratório e analisados. Esta estimativa fornece um alvo para os laboratórios forenses ao processar evidências sinalizadas por cães detectores em locais de potencial incêndio criminoso."
Como já dissemos atrás, o estudo envolveu duas equipas de cães e tratadores. O primeiro foi treinado para detectar uma variedade de líquidos inflamáveis, enquanto o outro foi treinado principalmente para detectar gasolina. Os resultados mostraram que o cão treinado numa variedade de líquidos teve um bom desempenho na detecção de todos os aceleradores, enquanto o cão treinado em gasolina não foi capaz de detectar outros aceleradores em concentrações extremamente baixas. Outro resultado do estudo foi o desenvolvimento de um protocolo que poderá ser usado para gerar substratos ultra limpos adequados e necessários para avaliar o desempenho de cães detectores de aceleradores a níveis muitíssimo baixos.
"Neste campo, é sabido que os cães são mais sensíveis que os testes laboratoriais convencionais", disse James Harynuk, professor associado de química e supervisor de Robin Abel. "Houve muitos casos em que um cão sinaliza detritos que depois testam negativos no laboratório. Para melhorarmos as técnicas de laboratório, para que elas correspondam ao desempenho dos cães, precisamos primeiro avaliar os animais. Este trabalho fornece-nos uma meta muito desafiadora a ser alcançada pelos nossos métodos laboratoriais".
Ainda bem que os cães podem-nos ajudar a desmascarar pirómanos e assassinos, porque fartos de incêndios já andamos nós. Não sei se os nossos leitores portugueses já reparam que este ano não se tem ouvido falar em incêndios, quiçá porque os incendiários foram também forçados ao confinamento. Contudo, daqui para a frente, com a chegada do Verão e com maior liberdade de movimentos por parte das pessoas, é possível que os incêndios voltem a importunar-nos. Na eventualidade deste indesejável cenário, aconselhamos os proprietários caninos por ocasião dos passeios com os seus companheiros de quatro patas em zonas de mata, a circular por áreas com bons acessos ou perto de estradas, para que não venham a ser surpreendidos pelo fogo e impedidos de ser socorridos – nestas circunstâncias a morte espreita!

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