Através de uma pesquisa
financiada pelo Conselho de Pesquisa em Ciências Naturais e Engenharia do
Canadá e em colaboração com Jeff Lunder, vice-presidente dos cães de fogo da
Associação de Detecção de Aceleração Canina (CADA), químicos da Universidade
Canadiana de Alberta, que se valeram de dois binómios, chegaram à conclusão que
cães treinados podem detectar vestígios de gasolina até uma bilionésima parte de uma
colher de chá, estimativa mais baixa do limite de sensibilidade olfactiva canina
e que obviamente será um precioso auxílio nas investigações criminais.
"Durante
uma investigação de incêndio criminoso, um cão pode ser usado para identificar
detritos que contenham traços de líquidos inflamáveis - o que poderia sustentar
a hipótese de que esse incêndio resultasse de uma acção criminosa",
explicou Robin Abel, estudante de graduação do Departamento de Química e líder
autor do estudo. "Está claro que um cão não pode prestar depoimento em
tribunal, pelo que os detritos que detectou deverão ser enviados para o
laboratório e analisados. Esta estimativa fornece um alvo para os laboratórios
forenses ao processar evidências sinalizadas por cães detectores em locais de
potencial incêndio criminoso."
Como
já dissemos atrás, o estudo envolveu duas equipas de cães e tratadores. O primeiro
foi treinado para detectar uma variedade de líquidos inflamáveis, enquanto o
outro foi treinado principalmente para detectar gasolina. Os resultados mostraram
que o cão treinado numa variedade de líquidos teve um bom desempenho na
detecção de todos os aceleradores, enquanto o cão treinado em gasolina não foi
capaz de detectar outros aceleradores em concentrações extremamente baixas.
Outro resultado do estudo foi o desenvolvimento de um protocolo que poderá ser
usado para gerar substratos ultra limpos adequados e necessários para avaliar o
desempenho de cães detectores de aceleradores a níveis muitíssimo baixos.
"Neste
campo, é sabido que os cães são mais sensíveis que os testes laboratoriais
convencionais", disse James Harynuk, professor associado de química e
supervisor de Robin Abel. "Houve muitos casos em que um cão sinaliza
detritos que depois testam negativos no laboratório. Para melhorarmos as
técnicas de laboratório, para que elas correspondam ao desempenho dos cães,
precisamos primeiro avaliar os animais. Este trabalho fornece-nos uma meta
muito desafiadora a ser alcançada pelos nossos métodos laboratoriais".
Ainda
bem que os cães podem-nos ajudar a desmascarar pirómanos e assassinos, porque
fartos de incêndios já andamos nós. Não sei se os nossos leitores portugueses
já reparam que este ano não se tem ouvido falar em incêndios, quiçá porque os
incendiários foram também forçados ao confinamento. Contudo, daqui para a
frente, com a chegada do Verão e com maior liberdade de movimentos por parte
das pessoas, é possível que os incêndios voltem a importunar-nos. Na eventualidade
deste indesejável cenário, aconselhamos os proprietários caninos por ocasião
dos passeios com os seus companheiros de quatro patas em zonas de mata, a
circular por áreas com bons acessos ou perto de estradas, para que não venham a
ser surpreendidos pelo fogo e impedidos de ser socorridos – nestas circunstâncias
a morte espreita!
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