quarta-feira, 27 de maio de 2020

OS HOMENS E AS MULHERES DO “PASSARINHO”

Antes de nos debruçarmos sobre o importante papel dos homens e mulheres que aventuram no “Passarinho, importa explicar o que é e para que serve. Trata-se de uma formação binomial em duas alas, virada uma para a outra de modo a formar um corredor mas ou menos estreito, por onde irá passar um pretenso agressor a correr, provocador e barulhento. A distribuição dos binómios, tirada a partir dos cães que já sabem defender, atacar e contra-atacar, deverá alternar um cão destes com um iniciado, para que o primeiro sirva de exemplo ao novato. Assim, o “Passarinho” é uma manobra colectiva de indução defensiva e o seu objectivo é fazer com que todos os cães defendam os seus donos e pertences. Para que isso aconteça, o “agressor” simulará um ataque aos donos, tocando-os ou agarrando-os. Perante a inacção inicial de certos cães, a provocação a haver recairá primeiro sobre eles. O disparo conjunto canino desperta, recupera e potencia a territorialidade presente nos cães, já que a manobra é tirada ao lado dos donos. Quando os cães já reconhecem os agressores e agem automaticamente, sem qualquer perigo iminente para os donos, o “Passarinho” deverá dar lugar as manobras que segundo o crescendo operativo lhe sucedem.
Ao longo da nossa existência homens e mulheres têm executado a difícil tarefa de cobaias no “Passarinho”, gente que importa proteger para não sair da manobra depenado ou beliscado. Ainda que todos os alunos acabem por iniciar-se na manobra, somente alguns serão chamados amiúde para executá-la voluntariamente, atendendo ao alto grau de exigências que não dispensa, qualidades na sua maioria de origem genética, tanto psicológicas como físicas. Os nossos “passarinhos” têm que ser valentes e decididos, velozes de raciocínio, rápidos e resistentes para não serem surpreendidos, prole capaz de avançar e resolver as dificuldades que irá encontrar pela frente, o que aponta para a necessidade de algum sangue-frio. Actualmente, com o Tomás lesionado (tem-se escapado aos cães, mas levou com uma viatura pelas costas, o que lhe deixou o coxis em mau-estado), os “passarinhos de serviço” tem sido o Afonso e o Jorge, que naturalmente dão boa conta de si e que saem sempre ilesos (se assim não fosse, jamais os poríamos lá). Resta-nos agradecer o valioso trabalho destes alunos e o daqueles que vieram render, todos eles gente boa e amigos valentes.  

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