Antes de nos debruçarmos
sobre o importante papel dos homens e mulheres que aventuram no “Passarinho,
importa explicar o que é e para que serve. Trata-se de uma formação binomial em
duas alas, virada uma para a outra de modo a formar um corredor mas ou menos
estreito, por onde irá passar um pretenso agressor a correr, provocador e
barulhento. A distribuição dos binómios, tirada a partir dos cães que já sabem
defender, atacar e contra-atacar, deverá alternar um cão destes com um iniciado,
para que o primeiro sirva de exemplo ao novato. Assim, o “Passarinho” é uma
manobra colectiva de indução defensiva e o seu objectivo é fazer com que todos
os cães defendam os seus donos e pertences. Para que isso aconteça, o “agressor”
simulará um ataque aos donos, tocando-os ou agarrando-os. Perante a inacção inicial
de certos cães, a provocação a haver recairá primeiro sobre eles. O disparo
conjunto canino desperta, recupera e potencia a territorialidade presente nos
cães, já que a manobra é tirada ao lado dos donos. Quando os cães já reconhecem
os agressores e agem automaticamente, sem qualquer perigo iminente para os
donos, o “Passarinho” deverá dar lugar as manobras que segundo o crescendo
operativo lhe sucedem.
Ao longo da nossa
existência homens e mulheres têm executado a difícil tarefa de cobaias no “Passarinho”,
gente que importa proteger para não sair da manobra depenado ou beliscado.
Ainda que todos os alunos acabem por iniciar-se na manobra, somente alguns
serão chamados amiúde para executá-la voluntariamente, atendendo ao alto grau
de exigências que não dispensa, qualidades na sua maioria de origem genética,
tanto psicológicas como físicas. Os nossos “passarinhos” têm que ser valentes e
decididos, velozes de raciocínio, rápidos e resistentes para não serem
surpreendidos, prole capaz de avançar e resolver as dificuldades que irá
encontrar pela frente, o que aponta para a necessidade de algum sangue-frio.
Actualmente, com o Tomás lesionado (tem-se escapado aos cães, mas levou com uma
viatura pelas costas, o que lhe deixou o coxis em mau-estado), os “passarinhos
de serviço” tem sido o Afonso e o Jorge, que naturalmente dão boa conta de si e
que saem sempre ilesos (se assim não fosse, jamais os poríamos lá). Resta-nos
agradecer o valioso trabalho destes alunos e o daqueles que vieram render,
todos eles gente boa e amigos valentes.
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