O cão que tenho hoje veio
parar-me às mãos acidentalmente, chama-se “Paco” (não lhe troquei o nome), é um
CPA negro, tem agora 2 anos e 4 meses de idade, mede 66 cm e pesa 42 kg. Quando
o vi com os seus dois irmãos de ninhada, foi o único que não me encantou e
seria o último que escolheria para mim. Por conta de uns desaguisados
familiares, acabei por ficar com ele e hoje não me arrependo de o ter feito,
porque estou muito satisfeito com ele, por ser de uma lealdade a toda a prova, extraordinariamente
observador, sempre pronto a interagir e pouco exigente, para além de ser alegre,
o que é óptimo para um eremita como eu.
Quando saímos à rua,
devido à sua postura e comportamento, os transeuntes encantam-se ao vê-lo
passar, acham-no adorável e muitos não resistem em afagá-lo, apesar de tentar
contrariá-los, porque o dorso do animal é também uma superfície e, se várias
pessoas tocarem nele, poderão eventualmente ser infectadas pelo Covid-19, isto
se uma pessoa infectada já o houver feito antes (mais tarde explicarei quais os
cuidados que tenho com ele ao voltar a casa). A meu lado por toda a parte, o
bom do Paco tudo vê e observa com extraordinária atenção, olhando ciclicamente
para mim como se esperasse novas ordens.
A maioria dos cães que se cruzam
connosco não se comporta assim e sempre encontramos alguns mais estouvados que,
pela sua desfilada, lembram magro gado ciganal a invadir farta propriedade
alheia. Tenho com o meu cão uma relação excelente, consigo interpretar as suas
expressões mímicas, identificar as causas dos seus diversos modos de ladrar e
até “adivinhar” o que lhe vai pela cabeça.
Ele, por sua vez, entende-me, sabe
identificar os meus estados de espírito e age em conformidade para não se
tornar abusivo. E a simbiose é tanta que por vezes não sei bem onde começa um e
acaba o outro – se sou metade cão ou se é ele que vive em mim!
Como
não podia deixar de ser, nestas horas de agradecimento, sinto-me em dívida com
os alemães por terem criado um cão assim, particularmente com Emil Stephanitz,
um cavaleiro como eu que experimentou idênticas emoções e desejos, cujos
sentimentos se confundem com os meus ao pegar o Paco pela trela.
Daqui
exorto os proprietários de Pastores Alemães negros a reparar na excelência dos
cães que têm, únicos no panorama canino, não só por serem recessivos, mas por
serem únicos no seu desempenho e ímpares na dedicação aos seus mestres – cães que
vivem para os donos e que morrem por eles!
PS: Não se
aconselha a aquisição de um cão destes a pessoas sem experiência prévia noutros
cães, não porque venham a ter dificuldades acrescidas, mas porque importa
reconhecer a excelência desta variedade precoce, usufrui-la e perpetuá-la, o
que infelizmente não está ao alcance de todos, sejam eles amadores ou
profissionais, porque em todos há gente com maior ou menor tacto e
clarividência.
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