segunda-feira, 4 de maio de 2020

ESTOU MUITO SATISFEITO COM O MEU CÃO

O cão que tenho hoje veio parar-me às mãos acidentalmente, chama-se “Paco” (não lhe troquei o nome), é um CPA negro, tem agora 2 anos e 4 meses de idade, mede 66 cm e pesa 42 kg. Quando o vi com os seus dois irmãos de ninhada, foi o único que não me encantou e seria o último que escolheria para mim. Por conta de uns desaguisados familiares, acabei por ficar com ele e hoje não me arrependo de o ter feito, porque estou muito satisfeito com ele, por ser de uma lealdade a toda a prova, extraordinariamente observador, sempre pronto a interagir e pouco exigente, para além de ser alegre, o que é óptimo para um eremita como eu.
Quando saímos à rua, devido à sua postura e comportamento, os transeuntes encantam-se ao vê-lo passar, acham-no adorável e muitos não resistem em afagá-lo, apesar de tentar contrariá-los, porque o dorso do animal é também uma superfície e, se várias pessoas tocarem nele, poderão eventualmente ser infectadas pelo Covid-19, isto se uma pessoa infectada já o houver feito antes (mais tarde explicarei quais os cuidados que tenho com ele ao voltar a casa). A meu lado por toda a parte, o bom do Paco tudo vê e observa com extraordinária atenção, olhando ciclicamente para mim como se esperasse novas ordens.
A maioria dos cães que se cruzam connosco não se comporta assim e sempre encontramos alguns mais estouvados que, pela sua desfilada, lembram magro gado ciganal a invadir farta propriedade alheia. Tenho com o meu cão uma relação excelente, consigo interpretar as suas expressões mímicas, identificar as causas dos seus diversos modos de ladrar e até “adivinhar” o que lhe vai pela cabeça. 
Ele, por sua vez, entende-me, sabe identificar os meus estados de espírito e age em conformidade para não se tornar abusivo. E a simbiose é tanta que por vezes não sei bem onde começa um e acaba o outro – se sou metade cão ou se é ele que vive em mim!
Como não podia deixar de ser, nestas horas de agradecimento, sinto-me em dívida com os alemães por terem criado um cão assim, particularmente com Emil Stephanitz, um cavaleiro como eu que experimentou idênticas emoções e desejos, cujos sentimentos se confundem com os meus ao pegar o Paco pela trela. 
Daqui exorto os proprietários de Pastores Alemães negros a reparar na excelência dos cães que têm, únicos no panorama canino, não só por serem recessivos, mas por serem únicos no seu desempenho e ímpares na dedicação aos seus mestres – cães que vivem para os donos e que morrem por eles!
PS: Não se aconselha a aquisição de um cão destes a pessoas sem experiência prévia noutros cães, não porque venham a ter dificuldades acrescidas, mas porque importa reconhecer a excelência desta variedade precoce, usufrui-la e perpetuá-la, o que infelizmente não está ao alcance de todos, sejam eles amadores ou profissionais, porque em todos há gente com maior ou menor tacto e clarividência.

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