terça-feira, 19 de maio de 2020

É MELHOR OUVIR A PREFEITURA DOS ALPES MARÍTIMOS

Depois de dois meses de confinamento, tanto os animais selvagens como os domésticos podem ter perdido o hábito de coabitar no mesmo território com os humanos. E foi neste sentido que a Prefeitura dos Alpes Marítimos franceses alertou ontem sobre o risco de potenciais caminhadas, cujo número “corre o risco de aumentar acentuadamente nos próximos fins-de-semana” perto dos rebanhos. Esta autoridade pediu maior atenção aos viandantes naquelas paragens, porque os cães de protecção dos rebanhos já se desacostumaram da possível presença de caminhantes e ciclistas.
Estes famosos Cães de Montanha dos Pirinéus, ali conhecidos como “Patous”, designação advinda do termo "pastou", pronunciado “patou” e derivado da palavra "pastre" (“pastor” em francês arcaico), criados para defender ovelhas e cabras de possíveis predadores como o lobo, podem ser agressivos e o confinamento pode tê-los perturbado ainda mais. Os Patous que quase desapareceram dos Pirinéus com o desaparecimento de ursos, lobos e linces, estão agora a despertar um interesse renovado pelo retorno natural do lobo no Mercantour e a reintrodução do urso nos Pirinéus.
A transumância em altitude começará ali nas próximas semanas. “Que eu saiba, não houve relatos de problemas nos últimos dias, observa Laurent Scheyer, Director Interino do Mercantour National Park. Mas é verdade que o período de confinamento poderá ter perturbado os cães." No seu site, a Direcção do Parque insiste na necessidade de um “comportamento adaptado” no caso de encontros com algum rebanho, adiantando que “a mensagem essencial é manter distância e contornar o rebanho quando possível", procedimento particularmente recomendado.
Não sendo possível, e agora adiantamos nós (Acendura), ao ver um cão destes correr na sua direcção, mantenha a calma, não grite, não lhe atire uma pedra e não o ameace com um pau, porque o cão poderá entender essas manifestações como um ataque. É melhor parar ou circular ao redor do rebanho, para que o cão sinta o seu cheiro e reconheça-o como um humano. Depois de escoltá-lo duas ou três vezes para se certificar das suas intenções, o cão retornará pacificamente ao rebanho. Se há que haver este cuidado nos Pirinéus, ele também será necessário em Portugal, porque temos por cá cães idênticos, com as mesmas funções, igualmente fortes e que não lidam com estranhos também há dois meses.

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