terça-feira, 19 de maio de 2020

O QUE UMA FOTO PODE REVELAR

A foto acima, divulgada pelos media internacionais, mostra Hope Solo e Jerramy Stevens com os seus 5 Dobermans. O primeiro a contar da esquerda e que está indicado com uma seta vermelha, é o “Conan”, que lamentavelmente morreu em consequência de ter sido baleado por um desconhecido. Hope Amelia Solo foi guarda-redes da Selecção Americana de Futebol feminino, vindo a ser por três vezes campeã olímpica e uma vez mundial (2015), Jerramy Stevens foi jogador de Futebol Americano e actuou na NFL (ambos já terminaram as suas carreiras como jogadores). Hope, após o assassínio do seu cão, manifestou-se desolada e disse acerca do ocorrido: "Como amantes de animais lutamos para entender o facto de alguém usar o seu direito de possuir armas para atirar em animais de estimação.” De facto a situação é estranha, mas não nos apanhou desprevenidos, porque nos Estados, ciclicamente, aparece um “atirador” que mata umas quantas pessoas inocentes.
Mais interessante que esta trágica notícia é avaliar morfologicamente os cães de Solo através da fotografia adiantada, que é reveladora também quanto ao desempenho biomecânico destes animais e que estará longe do esperado pela raça. No que à frente diz respeito, os Dobermans de Solo oscilam entre o “peito estreito” e o “invertido”, anomalias morfológicas concorrentes entre si e que se caracterizam por uma excessiva abertura de mãos em relação à largura do peito, desaprumo responsável pelo selar do dorso e pelo afastamento dos codilhos, o que poderá levar à adopção do “passo de andadura” como andamento preferencial destes cães. As mãos destes animais apresentam–se em forma de pincel e denotam pouca robustez de metacarpos, o que dificultará o seu arranque rápido e comprometerá os seus impactos ao solo. Os dois cães abaixo, os primeiros a contar da esquerda na fotografia inicial, são ambos descodilhados e o da direita apresenta o peito demasiado estreito, sendo também por isso frágil e pernalta (tem todo o aspecto de ser uma cadela).
O cão do meio, o que se encontra entre o casal, ao centro da fotografia inicial e destacado abaixo, apresenta uma protuberância anómala na área dos joelhos quiçá por apresentar menor largura de ombros que o desejável, evidenciar também o peito estreito e descodilhar principalmente no galope, já que a abertura dos posteriores irá colidir com a dos anteriores, impossibilitando assim o galope longo e para a frente (os pés não conseguirá entre no espaço das mãos). A somar a isto, para a altura que tem, demonstra ter ossatura a menos, como se as suas mãos e os seus braços pertencessem a criaturas diferentes. Há que dizer que quem tirou a foto pouco ou nada sabia sobre cães, porque doutro modo mostraria o melhor que t~em e não o pior (nem todos servem para ser fotógrafos de animais). Em termos de prontidão estaremos perante “um boneco articulado” e não de uma bala, como seria expectável.
Quanto ao último cão da direita, o preto, o afastamento dos codilhos é por demais evidente e enferma pelas menos valias já adiantados nos restantes, o que nos leva a crer serem todos parentes uns dos outros ou provenientes do mesmo criador, já que as similaridades são por demais evidentes. Por outro lado, para além da sua disposição anómala, as mãos dos cães e também a sua ossatura, denotam um acompanhamento insuficiente na fase de crescimento destes animais, coisa que o arqueamento dos braços evidencia. É possível que estes Dobermans não tivessem a ginástica indicada para a sua fase de maior plasticidade, vindo a exercitar-se por conta própria.
Com esta análise morfológica não estamos a pôr em causa a cumplicidade, interacção e valor afectivo destes cães, muito menos o seu carácter, apesar de sabermos que morfologia e carácter são por vezes indissociáveis, somente a descortinar pormenores morfológicos com claras implicações biomecânicas e laborais, tendo como pano de fundo os propósitos que presidiram à formação desta raça, que precisa agora de beneficiamentos específicos para melhorar a sua qualidade e bom-nome.

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