A foto acima, divulgada
pelos media internacionais, mostra Hope Solo e Jerramy Stevens com os seus 5
Dobermans. O primeiro a contar da esquerda e que está indicado com uma seta
vermelha, é o “Conan”, que lamentavelmente morreu em consequência de ter sido
baleado por um desconhecido. Hope Amelia Solo foi guarda-redes da Selecção
Americana de Futebol feminino, vindo a ser por três vezes campeã olímpica e uma
vez mundial (2015), Jerramy Stevens foi jogador de Futebol Americano e actuou
na NFL (ambos já terminaram as suas carreiras como jogadores). Hope, após o
assassínio do seu cão, manifestou-se desolada e disse acerca do ocorrido: "Como
amantes de animais lutamos para entender o facto de alguém usar o seu direito
de possuir armas para atirar em animais de estimação.” De facto a situação é
estranha, mas não nos apanhou desprevenidos, porque nos Estados, ciclicamente,
aparece um “atirador” que mata umas quantas pessoas inocentes.
Mais interessante que esta
trágica notícia é avaliar morfologicamente os cães de Solo através da
fotografia adiantada, que é reveladora também quanto ao desempenho biomecânico
destes animais e que estará longe do esperado pela raça. No que à frente diz
respeito, os Dobermans de Solo oscilam entre o “peito estreito” e o
“invertido”, anomalias morfológicas concorrentes entre si e que se caracterizam
por uma excessiva abertura de mãos em relação à largura do peito, desaprumo
responsável pelo selar do dorso e pelo afastamento dos codilhos, o que poderá
levar à adopção do “passo de andadura” como andamento preferencial destes cães.
As mãos destes animais apresentam–se em forma de pincel e denotam pouca
robustez de metacarpos, o que dificultará o seu arranque rápido e comprometerá
os seus impactos ao solo. Os dois cães abaixo, os primeiros a contar da
esquerda na fotografia inicial, são ambos descodilhados e o da direita
apresenta o peito demasiado estreito, sendo também por isso frágil e pernalta
(tem todo o aspecto de ser uma cadela).
O cão do meio, o que se
encontra entre o casal, ao centro da fotografia inicial e destacado abaixo, apresenta
uma protuberância anómala na área dos joelhos quiçá por apresentar menor
largura de ombros que o desejável, evidenciar também o peito estreito e
descodilhar principalmente no galope, já que a abertura dos posteriores irá
colidir com a dos anteriores, impossibilitando assim o galope longo e para a
frente (os pés não conseguirá entre no espaço das mãos). A somar a isto, para a
altura que tem, demonstra ter ossatura a menos, como se as suas mãos e os seus
braços pertencessem a criaturas diferentes. Há que dizer que quem tirou a foto
pouco ou nada sabia sobre cães, porque doutro modo mostraria o melhor que t~em
e não o pior (nem todos servem para ser fotógrafos de animais). Em termos de
prontidão estaremos perante “um boneco articulado” e não de uma bala, como
seria expectável.
Quanto ao último cão da
direita, o preto, o afastamento dos codilhos é por demais evidente e enferma
pelas menos valias já adiantados nos restantes, o que nos leva a crer serem
todos parentes uns dos outros ou provenientes do mesmo criador, já que as
similaridades são por demais evidentes. Por outro lado, para além da sua
disposição anómala, as mãos dos cães e também a sua ossatura, denotam um
acompanhamento insuficiente na fase de crescimento destes animais, coisa que o
arqueamento dos braços evidencia. É possível que estes Dobermans não tivessem a
ginástica indicada para a sua fase de maior plasticidade, vindo a exercitar-se
por conta própria.
Com esta análise
morfológica não estamos a pôr em causa a cumplicidade, interacção e valor
afectivo destes cães, muito menos o seu carácter, apesar de sabermos que
morfologia e carácter são por vezes indissociáveis, somente a descortinar pormenores
morfológicos com claras implicações biomecânicas e laborais, tendo como pano de
fundo os propósitos que presidiram à formação desta raça, que precisa agora de
beneficiamentos específicos para melhorar a sua qualidade e bom-nome.
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