Antes de adiantar os
conteúdos de ensino dos trabalhos realizados ontem e de comentar a prestação
individual dos binómios em classe, queria adiantar duas notas: uma sobre a
história da Técnica de Condução na Acendura e outra sobre o particular estético
da execução da execução do Afonso. Sobre a história da Técnica de Condução da
Acendura, sobre a qual haveria muito a dizer acerca da excelente qualidade de
muitos dos seus executantes, relembro com saudade um grupo de enfermeiras do
Hospital de Cascais que se tornaram exímias nesta disciplina, nomeadamente da
mais baixa de todas, senhora de altura desusada (1.5m), que conseguiu ultrapassar
os seus entraves físicos e valer a muitos como mestra. A todas mando daqui o
meu muito obrigado, valeu a pena trabalhar convosco! Quanto ao Afonso, o miúdo
provoca inveja por causa da idade e empresta a tudo o que faz uma radiosa
expressão corporal, no que lembra uma nossa ex-aluna, a Mónica, uma sueca na
altura esposa de um futebolista, portadora de uma graciosidade de movimentos
pouco vista.
A Técnica de Condução visa
a minimização do esforço humano e o máximo aproveitamento do esforço canino
sobre obstáculos, sendo por isso uma “condução nuclear”, uma vez que é o cão
que sempre circula por fora mediante a autonomia condicionada. Esta técnica envolve
um conjunto de protocolos que os condutores são obrigados a assimilar para que
consigam conduzir os seus cães com maior rapidez. Na foto seguinte, porque o
percurso assim o exigia, vemos o Afonso a mandar saltar a Nasha e a
passar-lhe pela retaguarda, para indicar-lhe atempadamente qual o obstáculo
seguinte a transpor.
Na foto abaixo vemos um
erro muito comum em quem se inicia nestas lides – o dar as costas aos cães,
lançando-os na confusão e sem saber qual das mãos do condutor seguir. Nesta circunstância
o Afonso encontra-se adiantado e a Nasha atrasada, porque o menino, ao invés de
se virar para a cadela, deu-lhe as costas, obrigando-o a rodar apertada e
lentamente por falta de incentivo ou motivação. Nestas circunstâncias, onde
estiver a cabeça do animal, aí estarão aos mãos do seu condutor.
Conduzir o Soneca é um
prazer pela alegria que transpira e irradia, pela velocidade estonteante com
que arranca e pelo que faz para agradar. Na foto seguinte vemos o Jorge a
aprender a passar-lhe por detrás depois de ter mandado saltar. Pela direcção tomada
pelo condutor percebe-se que o percurso segue para o lado direito da imagem e
que o cão já está a curvar para o lado contrário, o que o obrigará a uma
mudança de direcção e a uma inevitável perca de tempo, pelo que o seu condutor
já deveria ter-se adiantado mais para o lado direito (esta cá para aprender!)
Seguidamente vemos o
binómio Jorge/Soneca na execução do “Moinho Direccional”, percurso circular que
visa preparar os cães para as duas mãos de condução, modo de equilíbrio
locomotor que possibilita a transposição de obstáculos colocados tanto à sua
esquerda quanto à sua direita. Pelo que a foto ilustra é perceptível que a
condução circular está a ser feita pela esquerda (mão natural). Pena é que o
Jorge tenha “a mão no bolso”, quando já deveria ter a mão levantada em direcção
ao obstáculo seguinte.
A Keila está a despertar
gradualmente do sono consentido que lhe outorgaram ao longo dos anos, melhoria que
não a impede de gozar deliberadamente com a sua condutora, a quem por vezes
mostra os dentes como manobra de intimidação ou como manifestação de indisponibilidade.
As dificuldades que este binómio encontra são passageiras e brevemente deixarão
de existir. Na foto é notória a ambiguidade de gestos entre a condutora e a
cadela, a Patrícia “a dar tudo” e a Keila na maior das calmas.
Pela cara do Adestrador
percebe-se perfeitamente o que está a dizer para o condutor da Nala: “Pedrinho,
porque é que continuas a puxar a cadela para cima, quando ela já vai a descer,
quererás porventura que ela se esborrache no chão?” Depois da cadela ter
transposto o obstáculo, o Pedro deveria imediatamente dar-lhe trela para que o
animal mais rapidamente distribuísse o seu peso corporal pelos dois pares de
membros, possibilitando-lhe assim uma segura recepção ao solo (está difícil!).
Os trabalhos de ontem
resumiram-se a duas tarefas: Técnica de Condução para os binómios mais
adiantados e transposições de maior suspensão para os binómios iniciados.
Participaram nos trabalhos os binómios: Afonso/Nasha; Jorge/Soneca;
Patrícia/Keila; Paulo/Bohr e Pedro Nala. O Zé não veio e as fotos ficaram a
cargo do Paulo Jorge. Hoje retomaremos os trabalhos e logo daremos novidades.
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