quarta-feira, 20 de maio de 2020

PORQUE MORREM MAIS CÃES DO QUE GATOS POR PICADAS DE COBRAS VENENOSAS?

Para responder a esta questão foi formada uma equipa de pesquisa na Universidade de Queensland, na Austrália, liderada pela aluna de doutoramento Christina Zdenek e pelo professor assistente Bryan Grieg Fry, que comparou os efeitos dos venenos de cobras nos agentes de coagulação sanguínea de cães e gatos, na esperança de vir a salvar a vida a mais cães. Segundo Fry, “a picada de cobra é uma ocorrência comum em cães e gatos de estimação por todo o mundo e pode ser fatal”, ficando isso principalmente a dever-se “a uma condição chamada 'coagulopatia consumptiva induzida por veneno', que impede o animal de coagular o seu sangue e fá-lo-á sangrar até à morte.
"Na Austrália, a cobra castanha oriental (Pseudonaja textilis) sozinha é responsável por cerca de 76% das picadas de cobra domésticas por ano. "E embora apenas 31% dos cães sobrevivam ao ser mordidos por esta cobra sem antídoto, os gatos têm duas vezes mais chances de sobreviver - com 66%". Os gatos também têm uma taxa de sobrevivência significativamente maior se receberem tratamento antiveneno e, até agora, as razões por trás dessa disparidade eram desconhecidas.
O Dr. Fry e sua equipa usaram um analisador de coagulação para testar os efeitos do veneno da serpente castanha oriental - bem como 10 venenos adicionais encontrados em todo o mundo - no plasma de cães e gatos no laboratório. "Todos os venenos agiram mais rapidamente no plasma dos cães do que gatos ou humanos", disse Zdenek (na foto seguinte). "Isso indica que os cães provavelmente entrariam num estado em que a coagulação do sangue falha mais cedo e, portanto, são mais vulneráveis a esses venenos de cobras."
"O tempo de coagulação espontânea do sangue - mesmo sem veneno - foi dramaticamente mais rápido nos cães do que nos gatos. "Isso sugere que o sangue naturalmente mais rápido na coagulação dos cães torna-os mais vulneráveis a esses tipos de venenos de cobras e isso é consistente com registos clínicos que mostram sintomas mais rápidos e letais em cães do que nos gatos". Várias diferenças comportamentais entre gatos e cães são também altamente propensas a aumentar a mortalidade dos cães por picadas de cobras venenosas. "Os cães normalmente investigam com o nariz e a boca, áreas altamente vascularizadas, enquanto os gatos costumam coçar-se com as patas", disse o Dr. Fry (na foto seguinte).
Os pesquisadores adiantaram ainda que o facto dos cães serem geralmente mais activos do que os gatos depois de mordidos, também nada abona em seu favor, porque a melhor prática é permanecer o mais imóvel possível para retardar a propagação do veneno pelo corpo. Estes cientistas esperam que as suas ideias possam levar a uma maior consciencialização sobre o período criticamente curto de tempo para valer aos cães envenenados por cobras. Este estudo não é inovador nem revelador, valerá essencialmente como matéria académica, muito embora os termos em que foi colocado tenham-no tornado atraente para o cidadão em geral.

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