quarta-feira, 23 de outubro de 2019

PRIMEIROS PASSOS NA CONDUÇÃO EM LIBERDADE

A SALSA, a Cão de Gado Transmontano que ensinamos ao amanhecer, começou hoje a dar os seus primeiros passos na condução em liberdade, autonomia condicionada que abre-lhe as portas para formas mais elaboradas de interacção. A condução em liberdade, que é um dos objectivos para quem ensina obediência, é um prémio para os condutores que transformaram a constância nas acções em cumplicidade e esta em profundos vínculos afectivos.
Os cães não são todos iguais e o que os diferencia é a maior ou menor capacidade de interacção, muito embora haja para cada cão um condutor e um método do ensino mais apropriado. No caso da Salsa não nos podemos queixar, porque apesar de não ter sido gerada para um fim útil, nem considerados os seus impulsos herdados, transporta a ternura e a dedicação que caracteriza a maioria das fêmeas, o que facilita de sobremaneira o seu condicionamento.
Neste momento tende a seguir a dona ligeiramente atrasada e nas mudanças de direcção acaba por distrair-se um pouco. Contudo, raramente se põe em fuga e quando o faz é de fácil travamento. O atraso relativo à condutora não é culpa sua, mas da sua líder, que ainda não sabe quando travar ou incentivar e o que fazer com as mãos, que deverá usá-las para marcar a cadência de marcha pelo batimento da mão esquerda na coxa. O treino, a boa vontade da dona e a generosidade da cadela acabarão por ultrapassar estas dificuldades.
Depois de ter sido criador de quase todas as raças caninas portuguesas e de todas me terem passado pela mão em grande número, surpreendo-me agora com a aptidão da Salsa, cujo indíce de progresso tem sido igual ao de um Pastor Alemão com igual tempo de treino. Resta saber se os seus irmãos de raça são assim ou se ela é um caso isolado, o que provavelmente será o mais certo. Todavia, os seus progenitores não deveriam ser desprezados enquanto reprodutores, já que o trabalho é o melhor seleccionador dos cães de trabalho.

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