A SALSA,
a Cão de Gado Transmontano que ensinamos ao amanhecer, começou hoje a dar os
seus primeiros passos na condução em liberdade, autonomia condicionada que abre-lhe
as portas para formas mais elaboradas de interacção. A condução em liberdade,
que é um dos objectivos para quem ensina obediência, é um prémio para os
condutores que transformaram a constância nas acções em cumplicidade e esta em
profundos vínculos afectivos.
Os cães não são todos
iguais e o que os diferencia é a maior ou menor capacidade de interacção, muito
embora haja para cada cão um condutor e um método do ensino mais apropriado. No
caso da Salsa não nos podemos queixar, porque apesar de não ter sido gerada
para um fim útil, nem considerados os seus impulsos herdados, transporta a
ternura e a dedicação que caracteriza a maioria das fêmeas, o que facilita de
sobremaneira o seu condicionamento.
Neste momento tende a
seguir a dona ligeiramente atrasada e nas mudanças de direcção acaba por
distrair-se um pouco. Contudo, raramente se põe em fuga e quando o faz é de
fácil travamento. O atraso relativo à condutora não é culpa sua, mas da sua
líder, que ainda não sabe quando travar ou incentivar e o que fazer com as
mãos, que deverá usá-las para marcar a cadência de marcha pelo batimento da mão
esquerda na coxa. O treino, a boa vontade da dona e a generosidade da cadela
acabarão por ultrapassar estas dificuldades.
Depois de ter sido criador
de quase todas as raças caninas portuguesas e de todas me terem passado pela
mão em grande número, surpreendo-me agora com a aptidão da Salsa, cujo indíce
de progresso tem sido igual ao de um Pastor Alemão com igual tempo de treino.
Resta saber se os seus irmãos de raça são assim ou se ela é um caso isolado, o
que provavelmente será o mais certo. Todavia, os seus progenitores não deveriam
ser desprezados enquanto reprodutores, já que o trabalho é o melhor
seleccionador dos cães de trabalho.
Sem comentários:
Enviar um comentário